UMA PEQUENA EXEGESE DE JÓ 16.19

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SOLICITADA POR ALUNOS DA EBD
Saibam que agora mesmo a minha testemunha está nos céus; nas alturas está o meu advogado. O meu intercessor é meu amigo, quando diante de Deus correm lágrimas dos meus olhos; ele defende a causa do homem perante Deus, como quem defende a causa do amigo.
Jó 16.19-21
Interpretando Jó 16.19. Neste texto temos duas palavras que merecem consideração: a primeira é palavra hebraica wasahadi (a única ocorrência no Antigo Testamento) que é traduzida como advogado, e a segunda palavra hebraica é `edi que ocorre cerca de 70 vezes no Antigo Testamento (a crase é uma transliteração também de uma letra chamada ayn, que no começo de uma palavra não tem som) que é testemunha.
A tradução do texto ficaria mais ou menos assim:
¨Sabemos que agora mesmo a minha testemunha está no céu,
nas alturas está o meu advogado¨.
Existe uma questão primordial a ser discutida: o gênero de Jó. Jó é uma poesia. A poesia hebraica é caracterizada por paralelismos, ou seja, frases que se repetem com o mesmo sentido, mas com palavras diferentes e, portanto, sinônimas. O paralelismo em hebraico podem ser compostos por diversas cadeias de frases, mas não é o caso aqui. É uma forma hebraica de causar efeito e assinalar muito bem o conceito que se deseja transmitir. Deste modo, temos nossa primeira conclusão: as duas frases querem dizer a mesma coisa, ou seja, há alguém no céu que é favorável a Jó quando este for julgado. Neste caso este paralelismo é chamado de paralelismo sinônimo.
Veja, por exemplo, que ¨nas alturas¨ e ¨nos céus¨ querem também dizer a mesma coisa. Deste modo, as palavras traduzidas por testemunha e advogado também têm o mesmo peso.
Quando observamos o dicionário teológico a partir do hebraico, ou seja, dentro do contexto histórico (sincrônico), a palavra advogado (wasahadi) tem como sinônimo a palavra testemunha (`edi).
Então já temos duas conclusões preliminares: é um texto dentro da forma dos paralelismos da poesia judaica e, as palavras testemunha e advogado, são a mesma coisa (assim como ¨nas alturas¨e ¨nos céus¨).
Antes de analisar o texto em si, que pode nos trazer mais algumas surpresas, vale apresentar duas outras observações importantes. A primeira é que não podemos cometer anacronismos na interpretação, ou seja, interpretar palavras antigas com o peso que as mesmas palavras têm hoje. Não há dúvidas que Jó (ou seu redator) não tinha o conceito de advogado que temos hoje e muito mesmo de que este advogado é Cristo.
No entanto, e esta é a segunda coisa, o texto bíblico é de inspiração divina, e muitas coisas ditas e escritas pelos profetas e escritores da Bíblia estavam fora de seu conhecimento e entendimento, mesmo que estivessem fazendo afirmações precisas e tão óbvias para nós que vivemos muito tempo depois e temos muito mais informações que eles. Veja o caso do final do livro de Daniel, por exemplo (Dn 12.8-13).
O que mais nos inquieta, entretanto, são que seguem, ou seja, os versos 20 e 21, porque a tal testemunha (ou advogado) é posta ao lado de Deus, ou seja, ele é alguém diferente de Elohim (é a expressão que aparece nos versos, mas com modificações por causa da gramática hebraica – está escrito Elowha).
O verso diz assim:
¨20. O meu intercessor é meu amigo, quando diante de Deus correm lágrimas dos meus olhos; 21. ele defende a causa do homem perante Deus, como quem defende a causa do amigo.¨
Perceba que há mais paralelismo aqui, já que os versos 20 e 21 dizem a mesma coisa em palavras diferentes ou em ordem diferente. Surgem mais duas palavras para esta pessoa que o defende (rá): intercessor e amigo (esta palavra ainda pode significar vizinho).
Quem é esta pessoa que é testemunha, advogado, intercessor e amigo (ou vizinho)?
Há várias interpretações e consequências e aqui vou dar minha opinião.
  1. As próprias palavras de Jó seriam suas testemunhas – esta não parece uma interpretação plausível porque o texto faz referências a uma pessoa.
  2. Esta ideia de uma testemunha e redentor também aparece em Jó 9.33-35 (quando ele deseja um defensor), 19.25 (meu Redentor vive). Ou seja, uma pessoa que o ajudará. Estes textos aqui podem dar a ideia de que seria o próprio Deus, mas em 16.19-21 fica claro que é uma outra pessoa que o defenderá diante de Deus.
  3. Dentro da cultura humana e judaica sempre se espera que qualquer pessoa tenha o direito de arrolar testemunhas a seu favor no julgamento. Jó, neste caso, espera que um advogado (testemunha, intercessor, amigo, vizinho) esteja presente para defendê-lo. Ou seja, do ponto de vista de Jó (ou de seu editor) não é esperado um Messias, mas que em um justo julgamento ele possa te o direito de ser defendido por alguém. Curiosamente podemos também afirmar que Jó pode esperar algum tipo de testemunha celestial já, estando cercado pelo seus amigos que o acusam, ele não teria uma testemunha humana que o pudesse defender.
Em resumo, acho o seguinte:

  1. Nem Jó (nem um possível outro escritor ou editor do livro) tinha ainda uma ideia de Messias e muito menos da pessoa de Jesus Cristo. Ele (s) parte (m) da ideia de que um julgamento justo não ocorre sem ampla defesa e presença de advogados testemunhas, etc.
  2. A palavra advogado tem mais peso de testemunha ou alguém que possa, pela convivência com Jó, lhe ser favorável em um tribunal.
  3. Os escritores da Bíblia escreveram coisas dentro de sua cultura e em linguagem humana com precisão tal que apontavam para Cristo, mesmo não sabendo ou não estando conscientes disto, ou seja, esta testemunha ou advogado só pode ser Cristo, mas Jó não sabia disto com tantos detalhes como nós sabemos.
         Espero ter ajudado.
Pr Júnior
16.10.17
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