UM SÁBADO SILENTE

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Texto para a página e site da IBVB  
 
A quinta-feira foi muito agitada. A sexta-feira muito triste. No início do sábado, horário que corresponde às 18h00 da nossa sexta-feira, o mundo está quieto.
Transporto-me para aquele início de noite e consigo ver uma tristeza que com toda certeza me abateria também. Saudade é coisa que dói demais. Esta saudade é ainda pior porque vem sobrecarregada de questionamentos. Não faz o menor sentido o que está acontecendo. Estes últimos anos vimos tantos milagres e curas e ouvimos tantas palavras de vida. E agora? A menos que algo realmente sobrenatural ocorra, tudo que vivi parece estar perdido. Quem está ao meu lado tem as mesmas perguntas que eu e a mesma tristeza que sinto. Não há consolo. Apenas silêncio. Começamos a ficar com saudades daqueles sábados outrora tão agitados.
Lembramos alguns milagres que aconteceram no sábado, afora discussões acaloradas e debates intensos de causar temores e tremores.
Certo sábado Ele expulsou um demônio de um homem (Marcos 1.21-28, Lucas 4.31-37). Este demônio se assustou com a presença de dele. Aquele ato de Jesus também assustou as pessoas à sua volta porque viram que os demônios se sujeitavam a Ele: Que nova doutrina era aquela! Que autoridade era esta? Quem é este homem? Ninguém até então fizera nada nem mesmo parecido.
Um homem com a mão mirrada ou ressequida também foi curado dentro de uma sinagoga (Mateus 12.9-14, Marcos 3.1-6, Lucas 6.6-11). Ali fariseus e herodianos começaram a planejar como matá-lo: não era lícito fazer o bem e salvar? Jesus era imbatível em sua lógica e argumentação, mas, muito mais, em sua interpretação correta da Lei de Deus e em Seu amor. Calava os seus opositores que não podiam resistir às suas palavras.
A sogra de Pedro também foi curada em um sábado, logo após terem saído da sinagoga. Isto aconteceu longe dos holofotes religiosos. Ou seja, Ele não curava apenas para confrontar homens e religiosos, ou para causar espanto e admiração (ou medo), mas porque amava as pessoas (Mateus 8.14-15, Marcos 1.29-31, Lucas 4.38-39). E a sogra de Pedro pôde então servi-los.
O que vale mais: um animal ou um ser humano que sofria já havia 18 anos? Jesus não hesitou em curar uma mulher encurvada e endemoninhada por tanto tempo (Lucas 13.10-17). Jesus também provocava os religiosos da época ao fazer coisas assim. Atraia ainda mais ódio e inveja a cada cura.
No caso do homem com hidropsia, uma doença de acumula água em partes do corpo e pode causar insuficiência cardíaca digestiva, o próprio Jesus antecipou a pergunta para a qual não teve nenhuma resposta: ¨É ou não é licito curar no sábado?¨ (Lucas 14.1-6): Silêncio! Se dissessem sim aprovariam o que Ele fazia, mas não queriam isto. Se dissessem não provariam sua maldade e falta de amor, descumprindo assim a Lei de Deus testemunhando contra si mesmos.
O caso do homem do tanque de Betesda é emblemático: não era lícito carregar a própria cama no sábado! É isto que uma pessoa em sã consciência observa ao ver alguém que não levantava da cama caminhando? Jesus ainda acrescenta a este evento que é Filho de Deus. Blasfemo! – é o que diziam os líderes religiosos (João 5.1-18).
O caso do cego de nascença (João 9.1-41) seria cômico se não fosse tão trágico. Começa com uma discussão teológica sobre maldição hereditária, que o próprio Jesus afirma que não existe. Jesus cospe na terra e faz um lodo para passar nos olhos do cego. O homem se lava no Tanque de Siloé e volta enxergando. Os judeus questionam mais de uma vez o cego e tentam calá-lo, mas não conseguem. O cego sabe que um simples pecados não podia fazer o que Jesus faz. O verso 27 mostra um momento risível porque o homem que era cego pergunta: ¨… quereis vós também tornar-vos seus discípulos?¨. O homem é expulso pelos lideres religiosos e Jesus o procura para se revelar como o Filho do Homem.
Mas hoje é um sábado silencioso. Nem mesmo aqueles que se emprenharam tanto em sua morte falam pelas ruas. Não apenas por ser sábado, mas porque talvez tenham sido abatidos pela culpa. Perceberam o erro que cometeram? Mataram um inocente. Podem, mais uma vez, esconder sua maldade atrás de um sábado.
A única coisa que acontece naquele sábado é que os guardas protegem o sepulcro porque havia o medo de que o corpo fosse roubado e a ressurreição, prometida, fosse uma farsa muito bem construída (Mateus 27.62-66). Outros, compreendendo erroneamente as Escrituras mais uma vez, procuraram preencher o vazio deixado por aquele sábado e atribuíram a Jesus uma viagem inóspita: uma ida ao Inferno! O texto de 1 Pedro 3.19, que parece afirmar isto, é apenas uma clara alusão à pregação feita aos seres humanos que viveram antes do Dilúvio, referindo-se a eles como espíritos. É também, uma má interpretação do termo Seol vinda do Salmo 16.10-11 ligada ao mesmo contexto. O fato é: nada aconteceu! Silêncio.
É também um sábado de expectativa, pelo menos para que o sepulcro fosse visitado assim que possível, como de fato foi. Expectativa de que o que prometera de fato ocorreria: Ressurreição! Agora, no entanto, apenas silêncio. O Deus da Palavra e das palavras também estava calado: mais uma vez. O silêncio fala alto ao coração daqueles que temem a Deus. De fato, aquele silêncio fala à vida de todos. Uns para a vida e outros para a morte. O sábado representa isto: o silêncio! Um silêncio que nos diz muitas coisas.
Os culpados estão em silêncio. Tendo conseguido aquilo que queriam, não sabemos de nenhuma palavra a mais dos algozes de Cristo. Eles viram as trevas, souberam do véu rasgado. Mataram um justo. O que resta? Comemorar? De forma alguma. É o silêncio da vergonha. Algo irreparável foi feito. Quem bom quando Deus não atende nossas orações egoístas e fica em silêncio. O silêncio de Deus é muitas vezes uma resposta misericordiosa porque Ele sabe do mal que somos capazes se podemos fazer tudo o que quisermos.
As pessoas sem fé também estão em silêncio. Não aprenderam a dar ouvidos às Palavras e promessas de Cristo e não tem no que alicerçar suas vidas. O sentimento que tem é de que tudo está perdido. Voltarão às suas vidas. Lamentarão o que jamais terão. Não tem forças em si mesmas. Não é um silêncio (desvio) que agrade a Deus. De formar alguma. É o silêncio covarde de quem espera algo de Deus sem pertencer integralmente a Ele. Daqueles que só querem bençãos, mas nenhum compromisso.
Satanás, seus anjos e os ímpios estarão em silêncio. No juízo não haverá palavras daqueles que desobedecem e lutam contra Deus. Não haverá defesa. Não haverá argumento: cale-se diante dele toda a Terra. Todo orgulho será abatido. Toda palavra frívola será julgada, mas ali haverá silêncio diante do Criador. Depois disto os ruídos voltam: haverá choro e ranger de dentes!
Cristo, mesmo podendo vencer a morte, escolhe estar em silêncio. Mas este silêncio é o silêncio que diz muito. É um silêncio eloquente. Todo plano divino deve ser executado sem falhas, interrupções ou alterações. Calar-se, estar em silêncio faz parte do plano. Tudo que planejara será levado a cabo em todos os seus detalhes. Aqueles que têm seu Espirito continuam ouvindo sua voz mesmo assim. Sua voz não se cala no coração daqueles que o amam. Este silêncio é bom. É espiritual. É didático. É divino.
Os sábios sabem estar em silêncio. Sabem que não serão ouvidos pelo muito falar. Não jogam pérolas aos porcos. Sabem conviver consigo mesmo e não precisam mascarar seus pecados e dores como o faz um mundo ruidoso. Um mundo que sabe que não escapará ao juízo de Deus. Um mundo que nem mesmo é capaz de conviver consigo mesmo sem se machucar ou ferir, sem se destruir.
O sábado, quando Cristo está no sepulcro, curará as feridas internas e trará crescimento aos salvos. O sábado, em que Cristo está no sepulcro, mostra aos perdidos que Deus fala e que eles logo se calarão.
O sábado está em silêncio. O que nos reserva o futuro?
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