UM CONSELHO AOS CASAIS: CALEM A BOCA!

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Tudo bem, estou sendo grosseiro mais uma vez. Trabalhando com casais teve uma frase da qual me cansei e nunca vi efeito: os casais precisam gastar mais tempo juntos conversando! O problema é quanto mais nós falamos, mais nos enrolamos. Foi então que um belo dia fui chamado para falar em uma igreja. Esta igreja, que não vou citar o nome nem o nome do pastor, me mandou o tema: Dialogando! Lá fui eu de novo.

Como sempre, aquele atraso que o pessoal insiste em chamar de ¨atraso batista¨, nunca aceitei bem esta ideia, até porque sou louco por pontualidade. Canta para lá, canta para cá, poema para lá poema para cá (nada contra, mas quando a gente está atrasado tem que cortar alguma coisa. Concorda?). Finalmente: chegou a minha vez.

Falei, falei, falei, falei. Fiz minhas piadinhas, meus comentários ácidos e azedos, provoquei alguns com olhares amedrontadores, ou seja, o circo todo. Aí o pastor pediu a palavra.

Um homem com quase 80 anos de idade (com aparência de 55, não estou mentindo), alto, magro, sério e ainda fazendo plano de atuar como pastor auxiliar em igrejas no interior de São Paulo. Mais de 50 anos de casado, bisavó. Toda família (e que família linda) na igreja. Sua esposa ali do lado dele, quietinha (não percebi nela nenhuma subserviência, era a quietude dos anos, da sabedoria, talvez do cansaço, talvez até por minha causa mesmo – que este moleque tem para nos ensinar? nada de fato, como ficou provado). Não serei capaz de reproduzir ao pé da letra o que ele disse, mas foi mais ou menos assim (com um leve sotaque mineiro):

¨Estou ouvindo vocês falando aí (você, no caso eu), mas me permita discordar. Estou com minha esposa há mais de 50 anos e nunca brigamos. Lá em casa ela fica lá fazendo as coisas dela, eu fico lendo, gosto de escrever, chegar a hora das refeições e as fazemos juntos, quietinhos, ela lá e eu cá¨. Foi falando tranquilamente. Sem alarde.

Para minha sorte, acho que só eu entendi o recado: eu estava lá fazendo o que? Confesso que não fiquei constrangido e até deveria, mas não era um dia que estive aberto a muitas frustrações, estava contente. Foi bom. Essa coisa de que falatório ajuda em casamento sempre achei balela também. A gente tem que aprender a conversar.

Cresci ouvindo música Sertaneja (de verdade!) do rádio de pilha do meio pai, principalmente nos domingos quando ele estava em casa. E tinha uma música que dizia assim: ¨Dias sim, dias não, a gente se explica sem ofensa, se eu falo você pensa, o importante é conversar¨. E saber conversar. A gente tem que crescer até no jeito de conversar.

Como ainda sou muito menino e não sei nem falar direito, paro por aqui. Vou procurar o pastor para ver o que ele tem para hoje.

Pastor Juninho

27 de abril de 2013

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