PATRÍSTICA VOLUME 3 – JUSTINO DE ROMA

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Justino de Roma – I e II Apologias e Diálogo com Trifão

Justino é um dos grandes Pais da Igreja, ainda que em sua argumentação possamos apontar muitas deficiências, como faremos mais abaixo. Nasceu em 100 d.C. em Samaria, mas não parece ter origem judaica. Converte-se ao cristianismo e por volta de 132 d.C. começa suas atividades muito concentradas em Roma, capital do Império.

A primeira apologia é endereçada ao Imperador Tito Élio Adriano Antonino Pio César Augusto. Nela apela ao Imperador que investigue pessoalmente as acusações contra os cristãos. Diz que é absurdo alguém ser condenado pelo simples fato ser chamado de cristão. Sua apologia apela para a imortalidade e gasta bastante tempo tentando provar a existencia da imortalidade da alma.

A segunda apologia provavelmente não é uma segunda, mas a segunda parte dependente da primeira. Nesta trabalha a ideia do Logos seminal, ideia trazida do estoicismo, do qual era simpático, na qual afirma que o Logos (Jesus) é a razão imanente do mundo (ver página 89).

No Diálogo com Trifão, um judeu que o procurou para uma conversa que durou dois dias, ele compara o judaísmo com o cristianismo, procura reinterpretar à luz de Cristo as interpretações judaicas sem Cristo, acusa os judeus de maneira contundente e, na verdade, nem sequer se configura realmente um diálogo, mas um monólogo porque a participação de Trifão é pouca. Trifão está acompanhado de outros judeus no primeiro dia, e nos segundo alguns outros se juntam a eles, além dos mais da cidade. Apesar das palavras duras, segundo o texto, tudo ficou no discurso e debate amigável. Contada do ponto de vista de Justino, Trifão sai no mínimo inquieto com tantas provas em favor do cristianismo e Cristo.

Prossigamos agora com diversas observações positivas, negativas e curiosas das obras de Justino.

  1. ¨Virtude e vício seriam puros nomes e homens considerariam as coisas como boas ou más unicamente por sua opinião, o que é a maior impiedade e iniquidade¨.  Pagina 44. Ele comenta isto à luz do fato de que Deus realmente se importa com a vida moral do homem e ela não está a cargo apenas do próprio homem. Esta frase cabe muito bem nos nossos tempos, já que o relativismo moral e o subjetivismo reinam soberanos.
  2. Na página 46, Justino faz um referencia a Septuaginta para dizer que esta versão não era compreendida pelos judeus que a liam.
  3. Apesar disto, Justino não faz referências a cultura helenística e demais pagãos, mas insiste em afirmar a influência demoníaca, incluindo as más interpretações das Escrituras.
  4. Como a acusação de novidade do cristianismo pesava muito, ele se esforça por afirmar que as Escrituras, referindo-se ao Antigo Testamento, é mais antigo que todo panteão grego e romano e que este se valeu da própria Bíblia para se fundamentar.
  5. Ele cita na página 82 que o culto a Mitra copiou o modele da Ceia em seus rituais de iniciação e que a festa de Mitra era 25 de dezembro, ou seja, no dia que comemoramos o Natal.
  6. Ele comenta praticamente o Salmo 22 do ponto de vista cristológico.
  7. Como intérprete ele é muito alegórico quando, por exemplo, diz que Moisés mantinha a mão estendida durante a batalha segurando um cruz. Ele faz uma afirmação alegórica do casamento de Jacó com Lia (Israel) e Raquel (a igreja) dizendo que uma é um tipo de Israel, nação, e outra um tipo dos Gentios, representando a igreja. Lembrando que a expressão tipo aqui não é uma gíria, mas um termo técnico para pessoas e objetos que apontam para outras pessoas ou eventos do futuro.
  8. Ele mostra certa ingenuidade e desinformação porque ele cita trechos do Talmude e do Midrash como sendo o texto bíblico distorcido e segmentado. O Trifão, no seu texto, não o rebate.
  9. Como dialoga com um judeu, gasta muito tempo no Antigo Testamento mostrando aparições de Cristo ali. Há muitas afirmações que não são cabíveis a profetas ou simples serem humanos, nisto ele acerta em cheio.
  10. Ele pega no pé de Trifão a respeito da tradução e interpretação dos judeus do texto de Isaías 7:14. Os judeus traduziam: ¨uma jovem conceberá…¨. e, Justino, afirma que é:  ¨uma virgem conceberá…¨
  11. Também acusa os de poligamia contra os ensinos das Escrituras.

Bora continuar agora em outro volume.

Pr Júnior

16/01/17

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