Primeira parte
1. Desespero vem do eu em luta consigo e com outros.
2. Para o homem espiritual esta luta mortal se dá consciente, acordado.
3. Só é possível fugir ao desespero quando o eu encontra-se consigo mesmo, seu autor. Tudo em contrário é desespero.
4. Nos desesperamos porque temos a eternidade diante de nós e isto nos absorve.
5. O eu é a síntese da tensão dialética entre o finito e o infinito.
6. Nada pior do que perder o eu na multidão, na família, etc. de fato, o mundo não liga para o eu de ninguém.
7. ” A contemplar as multidões à sua volta, a encher-se com ocupações humanas, a tentar compreender os rumos do mundo, este desesperado esquece- se a si próprio, esquece o seu nome divino, não ousa crer em si próprio e acha demasiado ousado sê-lo e muito mais simples e se- guro assemelhar-se aos outros, ser uma imitação servil, um número, confundido no rebanho.” Pg 341
8. Carecer do impossível significa que tudo se tornou para nós necessidade ou banalidade. Pg 347
9. Fatalistas, deterministas e tolos (filisteus)
10. Quando mais puro o espírito e quando mais conhecimento, maior o desespero. Só pode ser dizer feliz quem não tem um eu desenvolvido.
11. ” Era esse o pensamento dos Padres da Igreja, considerando vícios brilhantes as virtudes pagãs: querendo dizer, com isso, que o fundo do pagão era desespero, e que o pagão não se conhecia como espírito perante Deus. Daí vinha também (para tomar como exemplo um fato estreitamente ligado a este estudo) essa estranha leviandade do pagão em julgar a até em louvar o suicídio.” Homem é espírito, suicídio incentivado. Pg 354
12. Desespero é querer ser o outro e não você mesmo.
13. Desespero vem da fraqueza.
14. Desespero vem do hermetismo, ou seja, isolamento e solidão. Ou é manifestação desta.
15. Desespero demoníaco.
Segunda parte
1. Desespero como pecado de querer ser igual a Deus, ser e não ser si mesmo.
2. Pecado é querer ser você mesmo diante de Deus.
3. ” Ora crer, é: sendo nós próprios e querendo sê-lo, mergulhar em Deus através da sua própria transparência.” Pg 388
4. ” Não, o contrário do pecado é a fé; como o diz a Epístola aos Romanos 14,23: Tudo o que não provém da fé é pecado. E uma das definições capitais do cristianismo é que o contrário do pecado não é a virtude, mas sim a fé.” Pg 389
5. “Advogar desacredita sempre… Mas então o cristianismo? Declaro incrédulo aquele que o defenda. Se crê, o entusiasmo da sua fé nunca é uma defesa, é sempre um ataque, uma vitória; um crente é um vencedor.” Pg 393-394
6. Damos demasiada atenção a existência humana. 394
7. “E, naturalmente, paradoxo, fé e dogma fazem entre si uma aliança que é o mais seguro sustentáculo e defesa contra toda a sabedoria pagã.” Pg 405
8. Vivendo em uma país com religião estatizada fica pasmo com o cristianismo nominal e a forma sem critérios com que um pastor é ordenado.
9. Crítica ao simplismo dos sermões: “Mas qual de vós iria supor que ele tenha idéia, poder de falar como a nossa gente! que ele não abomine a idéia de provar em três pontos que o seu amor tem um sentido!… quase como o pastor quando prova em três pontos a eficácia das orações, tanto elas têm baixado de preço que têm necessidade de três pontos para recuperar um pouquinho de prestígio; ou ainda, o que é semelhante, mas um pouco mais risível, quando prova em três pontos que a oração é uma beatitude que ultrapassa o entendimento.” Pg 412
10. Seria o ditado original: “Há até um ditado para dizer que pecar é humano, mas satânico preservar nele; forçoso é contudo ao cristão entendê-lo um pouco diferentemente.” Pg 416
11. Kierkegaard tem uma visão muito intensa do pecado como algo que jamais se encerra em si mesmo, sem perdão, se expande. Curiosamente ele diz que uma dívida só aumenta se for feita outra. Não tinha juros na Dinamarca neste tempo? De qualquer modo, ele afirma que pecado sem perdão é mais pecado, e segue aumentando cada dia sem perdão.
12. Ele chama a atenção para a ética do indivíduo. Insight: hoje vivemos esta ética da defesa das minorias e dos indivíduos, mas só há aceitação dela dentro do escopo de um pensamento vigente ou reinante. Logo… Segundo ele, de acordo do a nota de rodapé, isto possibilita a Deus ser juiz: ele vê indivíduos.
13. “Com todas as suas luzes, a nossa época, que vê inconveniência em dar a Deus formas e sentimentos humanos, não vê contudo nenhuma em ver nele, como juiz, um simples juiz de paz ou um magistrado militar afadigado com tamanho processo… por isso se conclui que assim será na eternidade, que é suficiente unir-se e certificar-se de que os pastores pregarão no mesmo sentido.” Pg 434
14. Insight página 442: talvez não devamos nos preparar tanto para provar a validade do cristianismo quanto entendê-lo para viver. O primeiro pode excluir o segundo, mas o segundo, necessariamente inclui o primeiro.
15. “…na sua relação com ele próprio, e querendo ser ele próprio, o eu mergulha através da sua própria transparência no poder que o criou. E essa fórmula é, por sua vez, como tantas vezes o lembramos, a definição da fé.” Pg 444
16. Uma nota de rodapé do próprio Kierkegaard: “Aqui um pequeno problema para os observadores. Admitamos que todos os pastores daqui e dacolá, que pregam ou que escrevem, sejam cristãos crentes, como é que nunca se ouve nem se lê esta prece que seria contudo bem natural nos nossos dias: Pai celeste, dou-te graças por nunca teres exigido dum homem a inteligência do cristianismo; de outro modo eu seria o último dos desgraçados. Quanto mais tento compreendê-lo, mais incompreensível o acho, mais encontro, apenas, a possibilidade do escândalo. É por isso que te peço para sempre a fazeres aumentar em mim. Esta oração seria pura ortodoxia e, supostos sinceros os lábios que a dizem, seria ao mesmo tempo de uma ironia impecável para toda a teologia dos nossos dias.
Mas existirá a fé neste mundo? (N. do A.)”
17. Existe uma diferença entre desesperar quanto ao seu pecado e desesperar do seus pecado.