Mensagem pregada no culto matutino IBVB em 13 de novembro de 2022 – mensagem gravada sem áudio
INTRODUÇÃO
- Jesus é a medida certa para todo pensamento e todo comportamento. Muitas perguntas e conflitos que temos hoje já foram resolvidos e respondidos por ele. Hoje veremos mais um deste casos. A relação entre o crente e o Estado e as autoridades humanas.
- Um dos princípios batistas é a separação entre a igreja e o Estado. Hoje se fala muito disto por causa do protagonismo e exagerada participação de muitas denominações religiosas na vida pública e política exatamente porque não entenderam qual é o papel da igreja e sua real participação neste mundo. A igreja é uma instituição divina que deve estar protegida da direção das organizações humanas pecaminosas. O propósito da igreja é ser uma comunidade divina guiada pela Palavra de Deus e isto não combina com poder, dominação e disputas ideológicas de nenhuma natureza. Isto significa que os crentes individualmente não devam ter posicionamento e envolvimento político? Pelo contrário. Individualmente devemos. Quando falamos de pastores, por exemplo, acho justo que deixem a função caso queiram prosseguir com uma possível vocação política. As coisas não devem se misturar.
- Mas nosso tema hoje é ainda mais abrangente e profundo que isto: o que é de César e o que é de Cristo.
O TEXTO
- Fariseus e herodianos procuraram Jesus. É uma segunda delegação enviada pelo Sinédrio para tentar pegar Jesus nalguma falha. Os dois grupos que foram eram muito distintos e partilhavam de diferenças políticas e religiosas, mas para tentar Jesus se juntaram. Aqui já temos um princípio interessante: o mundo, mesmo com todas as suas diferenças internas, tem um inimigo comum: Jesus.
- Sobre os fariseus sabemos muito, mas quem eram os herodianos? Os herodianos eram apoiadores da dinastia de Herodes. Eles formavam um grupo político, sem motivação religiosa, que era favorável à aliança do governo judeu com Roma. Os herodianos são citados apenas na Bíblia e provavelmente na obra de Flávio Josefo – embora Josefo se refira a eles simplesmente como “aqueles do partido de Herodes”, ao invés de aplicar a designação “herodianos”. Apesar de serem um grupo pequeno pouco citado no Novo Testamento, era influentes e poderiam criar grandes problemas para Jesus. E qual era o problema? Se Jesus recusasse pagar o imposto ou se pusesse acima de César seria preso imediatamente. Os irmãos devem se lembrar que Jesus, quando foi crucificado, recebeu o título de Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus, e não dos Romanos. Além da zombaria, marcava o fato de que estava sendo recusado como Rei. Aqui temos uma outra diferença e que configura um princípio: o mundo não deseja o domínio de Cristo. Não deseja seguir os seus princípios. Se o homem não nascer de novo da água e do Espírito não pode aceitar o Evangelho por imposição por mais que ele seja bom em verdadeiro em todos os seus princípios.
- A maneira como abordam Jesus merece consideração. Eles dizem a mais pura verdade: Jesus é verdadeiro homem e não faz acepção de pessoas, mas as intenções por trás das palavras verdadeiras e lisonjeiras são terríveis. Aquela abordagem foi pensada, calculada e ensaiada. Eles estavam certos de que Jesus cairia na pegadinha e poderia ser acusado. Aqui surge mais uma diferença entre o Evangelho e o Mundo, ou entre a Igreja de Cristo e as Instituições humanas ou de Estado: o Evangelho é uma verdade simples e transparente. O mundo é uma mentira elaborada para parecer verdade.
- E realmente era uma pergunta difícil. Se ele simplesmente dissesse que era lícito estaria, de alguma forma, aceitando o domínio romano e sendo colocado contra o povo que era oprimido por Roma com altos impostos e que o seguia, colocando-se ao lado dos herodianos e amontoando ainda mais inimigos do que já tinha. Se ele respondesse que não era lícito seria preso imediatamente como um rebelde e inimigo de Roma. No mundo de César, pouco importa se o homem está correto ou não, ele vai pagar caro por isto. Não há misericórdia e graça. No Evangelho é exatamente o contrário, quando o homem assume que está errado e já não sabe mais o que fazer, o que pensar, para onde ir, é que o Evangelho pode entrar em sua vida e transformar.
- O texto afirma que Jesus conhecia a hipocrisia daqueles homens porque eram dissimulados e porque, principalmente os fariseus, pagavam o imposto não porque tinham convicção disto, mas porque tinham outros interesses. Ele os chama de hipócritas também porque suas palavras são dissimuladas e não expressavam seus reais pensamentos e intenções. O mundo de César é o mundo da retórica e das belas palavras para convencer e não da verdade. No mundo a forma e o conteúdo andam separados. O que importa é o que parece e não o que realmente é. No Evangelho é o contrário: a forma como fazemos e a intenções caminham juntas aos olhos de Cristo. O Sermão do Monte, que toda igreja estudará neste ciclo, mostra isto: além daquilo que é aparente, Deus julga o coração e a intenção de cada um de nós.
- Jesus pede a moeda e mostra a quem pertence: a César. Tudo que tem a marca de César pertence a César. Assim, reconhece que o povo tem obrigações diante dos governantes. Percebam que contraponto interessante: Cristo reconhece o poder e autoridade humanas sobre os homens, mas o mundo rejeita o domínio e autoridade de Cristo sobre todas as coisas. Este desequilíbrio no mundo e na vida das pessoas é um grave problema.
- A Deus o que é de Deus porque o homem foi feito à sua imagem e deve representá-lo e obedecê-lo. Este segundo recado foi mais direto aos fariseus. Jesus define algo fundamental. Erramos quando divinizamos o Estado e quando humanizamos o Reino de Deus. O Estado é uma instituição humana e o Reino de Deus é divino. Havia uma espécie de idolatria a César por parte dos herodianos e uma evidente falta de honra a Deus por parte dos fariseus e também dos herodianos.
- Mais uma vez ficaram assustados com sua sabedoria e não puderam mais discutir. E não podia ser diferente.
APLICAÇÕES
- Temos uma dupla cidadania. Ambas devem ser vivida na sua plenitude.
- Devemos distinguir as coisas que são deste mundo daquelas que são de Deus.
- O Reino de Cristo não é deste mundo. Portanto, há questões que estão muito acima das picuinhas deste mundo e que são eternas.
- Finalmente, se a César devia ser pago o imposto, o que devemos dar a Deus? Nosso louvor, nossa adoração, nossa fé, nossa confiança, nosso futuro.