CARA PROFESSORA

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CARTA ENVIADA A PROFESSORA DE RELIGIÃO APÓS A INTERPRETAÇÃO DE UM TEXTO

Cara Professora:

Vi a “tradução-interpretação” do versículo de Marcos 1: 15 quando é proposta a seguinte versão: “Fazei penitência…”

Tenho diversas versões da Bíblia em casa incluindo versões católicas, protestantes, Tradução Novo Mundo das Testemunhas de Jeová, em Grego e Hebraico, assim como diversas paráfrases da Bíblia. Como creio no sacerdócio universal dos santos e no estudo da Bíblia como parte integrante do relacionamento pessoal com Deus, busquei uma resposta (ainda parcial) como segue:

  1. A palavra em grego é uma flexão do verbo metanóia gr.  (metanoeite gr.), bem mais próximo de arrependimento, remorso, tristeza, conversão de mente e pensamento. É bem mais próximo de um impacto ante um fato ou uma verdade do que a sugestão de qualquer outra atitude.
  2. É certo que por ato contínuo concordaremos que a prática das obras da justiça seguir-se-á naturalmente ao arrependimento e a crença, mas é certo também que o texto não sugere nada disto, pelo menos ainda.
  3. Nem mesmo versões católicas respeitadíssimas como a Bíblia de Jerusalém e da Versão Ave Mariatraduzem o mesmo verbo por “fazer penitência…”
  4. A interpretação do contexto nos sugere de forma simples mediata e imediata que a recepção do Reino de Deus (que outorgará toda transformação necessária de modo prático) dar-se-á pelo ato de arrepender-se e crer. Seria o mesmo que dizer: “Para receber o reino de Deus que está próximo, você deve arrepender-se e crer”.  O crer no Evangelho, ou seja, a boa notícia.
  5. A penitência parece visar a purificação do homem e sua preparação para receber o Reino. Mas, considere-a inútil como apta para abrir qualquer possibilidade para a recepção do Reino de Deuse de menores efeitos do que o de uma transformação interior, da mente e dos caminhos traçados pelo homem, que são mais significativos e quem sabe até irreversíveis.
  6. Mesmo a interpretação isolada do contexto parece contradizer a ideias de qualquer coisa que o homem possa fazer por si mesmo no sentido de redimir-se porque o grande fato narrado é o seguinte: O Reino está próximo. A proximidade do Reino sugere a ineficácia do homem e de suas atitudes no sentido de salvar-se, somente o assentimento da verdade da proximidade do Reino será o recurso para receber o reino e tudo o que lhe é pertinente, incluindo a transformação do homem a começar de seu interior, de onde fluem suas ideias, intenções e caráter.
  7. A tradução do verbo como “fazer penitência” é muito mais da tradição ou de alguma paráfrase do que a busca do sentido original do texto.
  8. Veja na sua versão da Bíblia as passagens que seguem no Novo Testamento que trazem a mesma palavra e veja como foram traduzidas: Mateus 3. 8-11, 11.21, 12. 41; Marcos 1: 4; Lucas 11: 32,13: 3-5, 15: 7; Atos dos Apóstolos 3.19, 5. 31, 8. 22, 20. 21; 26. 20; II Coríntios 7: 9, 12. 21; Hebreus 6.1, 12.17; Apocalipse 9: 20; 16. 9.
  9. Sendo palavras atribuídas a Jesus faço a seguinte pergunta: Onde, nos Evangelhos há outra sugestão explícita como esta? Basta ver o que aconteceu às diversas pessoas que se encontraram com Ele que delas não foi exigido nada além da fé para receberem o Reino de Deus, quando muito que “abandonassem” a condição pecadora e seus pecados. A chegada do Reino é a Boa Noticia de que, em Deus, a vida do homem terá “Jeito”.
  10. Infelizmente, ou felizmente, temos que nos apegar ao sentido isolado das palavras porque diferentes versões e traduções podem mudar o significado (acrescentado ideias não ditas, mudando significados, etc.)

Agradeceria um retorno desta nossa “conversa”.

Eu e minha esposa temos como fundamental para a nossa vida nossa fé em Cristo e, sendo assim, o estudo da Palavra d’Ele, é para nós, vital.

José Martins Júnior

Pai do Cristiano

25.03.08

P.S.: Nunca soube se ela leu.

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