Introdução
Quem de nós não clama por dias melhores? Mesmo aqueles que gozam de alguma alegria, mesmo uma alegria segundo este mundo, respaldado por uma estabilidade no emprego, um pouco de dinheiro guardado, ou mesmo nós que somos crentes e, confiados em Cristo Jesus, temos alegria e gozamos de certa paz, clamamos para que o melhor venha, a injustiça acabe e possamos viver aquilo que, de alguma forma, toda alma anseia. Alguns darão o nome de paz, outros de felicidade, outros de estabilidade, outros de justiça. De fato, nem sequer sabemos bem do que se trata porque ainda não experimentamos tais expressões em sua totalidade. Jesus chamou a atenção de Nicodemus, que pediu que lhe falasse do céu, mas que não ainda não se encontrava apto a entender o que é terreno apenas, por já ser grandioso em si (Evangelho de João 3: 12).
Os Salmos são cânticos do passado e de agora, para judeus e para a igreja cristã, mas não podemos perder de foco que não são cânticos por cânticos, ou música pela simples música. Eles mostram desejo, pedem intervenção de Deus, são confissões de fé, verdadeiras orações. E o Salmo 67 é um deles. Um Salmo em que se pede a presença de Deus a um Deus que deseja estar presente entre o seu povo. Um Deus revelado em Cristo como o Deus conosco.
A oração é um dos aspectos que desprezamos em nossa vida diária como tendo potencial para mudar o mundo, trazendo a nós esta presença de Deus e esta manifestação de sua vontade. Vejamos, por exemplo, como o próprio Jesus orava: Venha a nós o teu Reino e seja a feita a sua vontade, assim na terra como no céu! Mateus 6: 10.
Este Salmo mostra um desejo profundo do Salmista, inspirado por Deus e por sua Palavra, para si e seu povo e para todos os povos da terra, com detalhes e a devida reverência.
Vejamos esta oração reverente pedindo a ajuda por dias e uma vida melhor e, o que talvez seja o mais importante, o que é esta vida melhor?
Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe, e faça resplandecer o seu rosto sobre nós (Selá) – v. 1
O pedido de misericórdia aponta para o reconhecimento da necessidade da intervenção divina na vida como um todo, o homem cegado pelo pecado nem sequer percebe suas necessidades, o próprio Jesus chorou por Jerusalém vendo isto acontecer (Mateus 23: 37);
O pedido da benção reconhece em Deus o único capaz disto porque vem de cima, do alto, de quem pode, de quem vê e tem poder, um Deus que é diferente dos outros, que parecem apenas despachar suas ordens de onde estão não se envolvendo com suas criaturas;
O pedido do para que o rosto resplandeça, solicita esta presença de modo vivo, ativo e perceptível, uma aspecto da nossa relação possível de que temos um Deus que intervém e é presente.
Clamemos a um Deus misericordioso, capaz e presente.
Para que se conheça na terra o teu caminho, e entre todas as nações a tua salvação – v. 2
O pedido aqui começa ficar claro, o salmista deseja que a terra conheça o caminho de Deus, ele sabe que o caminho de Deus é perfeito, o próprio Jesus se apresenta com este Caminho, os cristão primitivos eram chamados de o povo do caminho, e caminho nos inspira vida diária, progresso em direção a um lugar melhor, atividade, movimento, trabalho, envolvimento, peregrinação, assunção!
O pedido é universalista e não egoísta, o salmista exerce seu papel de sacerdote universal, ou seja, intercede por todos indistintamente, incluindo a todos de forma muito aberta e abrangente, não sendo uma mera inclusão daqueles, mas um convite a que juntos caminhem e juntos cresçam, descubram, se aproximem, sejam abençoados.
Oremos por todos como sacerdotes do Deus Altíssimo.
Louvem-te a ti, ó Deus, os povos, louvem-te os povos todos. – v. 3, 5
Perceba que o verso 3 e 5 são iguais. Como é um cântico, nos soará como um refrão, e no refrão vemos coisas importantes sendo repetidas, para que sejam gravadas e percebidas de modo claro.
Ao contrário de nosso discurso do: Eu! Eu! Eu! O salmista pensa um conceito de ¨nós¨ extremamente abrangente: todos os povos!
O resultado da oração é que mais do que simplesmente uma realização pessoal e prosperidade, os povos possam louvar a Deus, ou seja, por meio de tudo aquilo que se recebe e tem, reconheça-se que a maior benção e alegria de fato, ser capaz conscientemente, responder a Deus com louvor e adoração.
O pedido é por toda a terra, podemos subentender aqui que o salmista vê cair todas e quaisquer barreiras ante a possiblidade de que o Deus que salva e abençoa, possa ser adorado.
Oremos por todos que conhecemos ou não, somos sacerdotes e nisto manifestamos esta verdade.
Alegrem-se e regozijem-se todas as nações, pois julgarás os povos com equidade, e governarás as nações sobre a terra. (Selá) – v. 4
Aqui já vemos alguns sinais desta resposta esperada, a alegria e o regozijo estarão por toda a terra. Há um senso também de alegria coletiva, na qual todos se alegram pelo mesmo motivo, ficamos a imaginar um momento em que todos chegam ao seu destino e acabam encontrando um tesouro muito maior do que aquele que previam, sentidos compensados pela busca e por cada percalço do caminho. E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem. – Mateus 7:14
Curiosamente, tal alegria vem pelo governo e domínio de Deus. Nosso tempo é muito avesso à autoridade, no entanto, o salmista percebe claramente que a alegria de toda terra vem pela autoridade divina sobre nós.
Podemos pensar no que está embasada esta autoridade: na obediência a sua Palavra e a sua vontade. Mas do que um Deus que se alegra com nossa obediência, é um Deus que se alegra com nossa alegria, e nossa alegria vem como resultado a obediência a sua lei e vontade, que foram instituídas para nosso guia, referencia, bem-estar. Isto explica porque a busca desenfreada por felicidade hoje em dia tem desencadeado tanta tristeza na verdade e porque a Bíblia nos ensina que um pouco de tristeza aqui poderá redundar em uma alegria muito grande. Consideremos por exemplo os seguintes textos:
Lucas 18: 28-30: E disse Pedro: Eis que nós deixamos tudo e te seguimos.
E ele lhes disse: Na verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou pais, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, pelo reino de Deus, que não haja de receber muito mais neste mundo, e na idade vindoura a vida eterna.
I Pedro 1: 3-9: Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, Para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós, que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo, Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo; Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas.
Teremos a alegria e gozo como fruto desta oração e obediência e Deus governando sobre tudo.
Então a terra dará o seu fruto; e Deus, o nosso Deus, nos abençoará.
Deus nos abençoará, e todas as extremidades da terra o temerão. – v. 6, 7
A terra dando o seu fruto pode ser, e provavelmente seja, uma metáfora para toda a plenitude de realização possível em Deus. Todos os empreendimentos humanos sob a proteção de Deus e dentro de sua vontade nos fazem prosperar e frutificar. Logo nos vem pelo menos dois textos da Bíblia, o primeiro em Gênesis 1 e 2, narrando todo o estado de bem-aventurança e prosperidade no Éden, o segundo, Salmo 1 que nos mostra a felicidade de quem teme a Deus e em tudo anda na sua vontade.
A benção não é apenas algo interno de realização da alma e coração, mas algo que se materializa naquilo que o homem temente a Deus recebe em sua vida.
Como produto da oração do salmista, ele espera a prosperidade de toda a terra, uma restauração do Éden.
Ele mostra que a oração tem um proposito muito grande, de fazer com que a vontade de Deus esteja sobre a terra de modo visível, palpável e que até mesmo toda natureza e empreendimento humano acompanhem este estado de alegria, paz, prosperidade e justiça.
Nossa oração deve visar este estado de bem aventurança universal, com Deus no controle de tudo.
Conclusão
A oração é um instrumento poderoso para mudar a vida de quem ora, mas quem ora deve ter em vista a abrangência desta poderosa arma espiritual e não esperar dela menos do que a tentativa de fazer com que Deus penetre a história humana mudando toda a realidade e trazendo a humanidade seu estado de bem aventurança.
Ainda que um pouco de sofrimento ou dificuldade nos estejam postos nesta vida, devemos olhar com fé e continuar buscando que o Reino venha sobre nós.
A maior expressão disto tudo é a presença do próprio Deus em Cristo, vinda a terra em forma humana e sua presença em nós pelo Espirito Santo, capacitando-nos a este Reino.
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