Introdução
Ainda temos muita dificuldade de associar a escassez de recursos naturais a nossa relação com Deus, ou seja, o sofrimento da natureza a pecaminosidade humana. A grande questão talvez seja nossa visão muito individualista, antropocêntrica e humanocêntrica da salvação. Esta visão está, com certeza, encharcada com a visão comum de nosso tempo. Claramente, as Escrituras apontam tanto para aspectos individuais da salvação, quanto de aspectos coletivos e cósmicos, mas ressaltamos sempre seus aspectos mais individuais, quando muito, estendemos a nossos familiares. Falamos da queda do homem no Éden e do plano de Redenção Divino ignorando os aspectos mais universais de toda a redenção: a redenção de toda a natureza, de tudo que foi criado. Nosso comportamento e a maneira como lidamos com a Lei de Deus é determinante, não apenas para nosso crescimento espiritual e nossa salvação particular, mas até para a continuidade de nossa existência na terra e nossa herança no céu. Ainda que estas esperanças possam ser rejeitadas por aqueles que só reconhecem nossa futura habitação lá no céu, é bom lembrar que estamos ligados em Cristo por tudo que por ele mesmo foi feito.
Estamos cercados de problemas da natureza: calor demais, frio demais, neve demais, água de menos, alimentos de menos, além de problemas mais facilmente observáveis como, por exemplo, a poluição do ar e da água, sujeira e problemas de saúde causados pela falta de saneamento básico e pelo descuido do homem. Mesmo assim permanecemos indiferentes a isto, ignorando que isto é resultado da nossa pecaminosidade. E, o que parece mais claro a nossos olhos, vemos por toda a terra violência, injustiça social, entre tantas coisas.
Muito longe de ser um assunto de ecologistas, mas um assunto de crentes, precisamos entender que somos parte de um todo e que se o todo sofre, logo sofremos também. Viemos do pó, logo somos parte da terra também, e para lá voltaremos.
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Vejamos porque toda terra sofre com a desobediência do homem e como Deus quer e pode mudar este quadro.
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Desenvolvimento
Verso 01 – ¨Ouvi a Palavra do Senhor, ó filhos de Israel, porque o Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra, porque na terra não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus¨.
- À luz da leitura do texto, principalmente do verso 3, já sabemos que toda a terra está em seca, gemendo e sofrendo. Assim começamos o texto: Deus convocando todos os moradores da terra para uma contenda. Deste modo, já somos indicados como responsáveis e diretamente envolvidos. Mais especificamente, ao citar os filhos de Israel, vemos ali um chamado ao povo da aliança. O povo que tem a lei do Senhor. Não seríamos nós hoje? Nós não nos consideramos donos da doutrina e detentores das respostas? Não nos posicionamos como herdeiros das promessas de Deus? Pois é, diante de Deus, suas promessas devem ser acompanhadas de nossa responsabilidade e reconhecimento.
- Deus tem uma contenda, ou seja, o Eterno está convocando o homem para julgá-lo e, com certeza tem de modo muito claro o que se queixar dos homens. O julgamento é dos filhos de Israel, a contenda é com eles, e nós, como igreja, somos naturalmente a continuidade dos filhos de Israel, do povo de Deus. Não ignoremos que a própria igreja comparecerá diante do tribunal de Cristo para ser julgada pelas suas obras.
- Logo aparecem os motivos: 3.1. – falta verdade: os homens se tornaram pouco confiáveis, não são nem sim nem não, vão de acordo com o que lhes interessa, são egoístas; 3.2 – falta benignidade ou bondade – os mais desprovidos são ignorados, os que têm necessidades não são atendidos; 3.3 – falta conhecimento de Deus: conhecimento pode ser comunhão com o Eterno, obediência a suas Leis e andar com sabedoria (remindo o tempo, sendo mordomos dos bens confiados). Veja que estes problemas são encontrados entre nós e, alguns deles, muito bem justificados e racionalizados.
- Entendamos nossa unidade orgânica com a natureza e como tudo a nossa volta. Entendamos que nossa responsabilidade diante de Deus é também diretamente dirigida a nossa responsabilidade como tudo que Ele criou.
- Estes pecados, já que são coisas que não estão sendo feitas, podem ser chamados de pecados de omissão.
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Não podemos ignorar que todas estas coisas podem ser vistas no nosso tempo: o quanto se ignora o juízo de Deus, que a raiz dos males humanos não está no fracasso das autoridades ou na falta de planejamento, mas no pecado presente no homem, a começar do mais evidente deles: ignorar a presença de Deus!
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Verso 2 – ¨Só permanecem o perjurar, o mentir, o matar, o furtar e o adulterar; fazem violência, um ato sanguinário segue imediatamente a outro.¨
- Deus olha a terra e no meio de seus filhos vê todo tipo de pecado. Nem sequer podemos dizer se esta lista encerra todos os pecados que realmente estavam em curso, ou se foram usados apenas como ilustração. A lista trás seis ou sete pecados e ela pode ser posta lado a lado com os Dez mandamentos. Obviamente em oposição clara. A lei de Deus foi deixada de lado. Não somente isto, tudo que lhe é contrária está acontecendo. A negligencia humana chega ao seu ponto máximo quando o homem nega aquilo que, conforme sua própria natureza, lhe é naturalmente bom.
- Perjurar = não tomar o nome de Deus em vão; mentir = não dar falso testemunho contra o seu próximo; matar = não matarás; furtar = não furtarás; adulterar = não adulterarás, e a violência tomando toda a terra.
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O juízo de Deus e sua avaliação de nossa vidas, dá-se em nossa obediência aos seus mandamentos. Luiz Felipe Pondé, Dr. em Filosofia bem conhecido pela mídia brasileira, lançou a pouco tempo um livro chamado Dez Mandamento + 1. O ultimo fala de ter esperança na humanidade. Nele ele discute a importância para toda a terra na observação e compreensão dos Dez Mandamentos. Ele não fala como crente, não fala como religioso, fala filosoficamente e sociologicamente e, reconhece o que desprezamos: que se obedecemos a Deus, toda a terra é abençoada!
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Verso 3 – ¨Por isso a terra se lamentará, e qualquer que morar nela desfalecerá, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar serão tirados.¨
- Por isso – é sempre importante salientar termos assim em nossa leitura porque deixam claro que não acontecerá por acaso, há motivos, e motivos que estão em nós.
- Neste ponto os resultados dos pecados aparecem e tomam conta de toda a terra: terra, céus e mar. Sabemos da promessa de Deus de destruir tudo por meio do fogo e sabemos que será em consequência do pecado da humanidade. Isto já aconteceu no Diluvio, aconteceu com povos e nações específicas como Sodoma e Gomorra, até mesmo com famílias especificas com a de Acã, e todas por pecado. Pecado que trouxe maldição para todos ali, mesmo a inocentes.
Conclusões
- Estamos debaixo da Graça de Deus, mas nem por isto, isentos dos olhares atentos de Deus a nossa fé e comportamento – também seremos julgados. E a primeira pergunta é: o que nos falta: andar na verdade? Sermos cheios de boas obras? E acompanhando as perguntas: quantos de nós nos sentimos responsáveis por pregar e mudar a realidade a nossa volta? Temos este exemplo do próprio Cristo, sendo Deus se fez homem e morreu no nosso lugar. Cumpriu toda a Lei, sendo obediente até a morte e morte de Cruz.
- Os Mandamentos de Deus são bases para nossa obediência até hoje. Jesus disse: aquele que tem os meus mandamentos e os guarda é o que me ama! E sabemos que o simples cumprimento da lei não nos salva, mas sim a fé em Cristo seguida da obediência. Quem crê obedece, porque a verdadeira fé abre os olhos e se percebe que a Verdade está em Cristo e por isto traz vida.
- Estamos sob juízo de Deus e sabemos de seus planos de destruir a terra conforme: ¨Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios.¨ 2 Pedro 3:7: ¨Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?¨ 2 Pedro 3:12.
- Que Deus tenha misericórdia de nós e que por meio de Sua Palavra possamos todos ter os olhos abetos e as vidas transformadas.
