SHEDD, Russel P. Viva para a glória de Deus: um estudo sobre o desperdício no Novo Testamento. Rio de Janeiro: Shedd, 2001. 146 páginas.
O livro foi anteriormente lançado sob o título de TEOLOGIA DO DESPERDÍCIO. É uma leitura do Novo Testamento que nos leva a considerar como lidamos com as oportunidades que temos. Ou seja, como fazemos uso do nosso tempo e dos nossos recursos.
Prefácio: Edmilson Bizerra
- Construção gera lixo e entulho e gerou uma reflexão
- Pessoas que não aproveitam o chamado divino
- Crentes que perdem tempo sem servir a Deus
- Ter cuidado como vive é um imperativo bíblico conforme Efésios 5.15-16 porque os dias são maus.
Introdução
- Desperdício é parte do dia a dia
- Resultado de mal planejamento, descuido, imprudência, mas também resultado da queda que nos distanciou do bom uso de tudo que Deus nos dá
- É uma reflexão, também, sobre a relação entre o esforço gasto e o resultado alcançado e o que também chamamos de fracasso e frustraçao
Cap. 1 – A Glória de Deus e o desperdício
- Tudo que Deus faz deve ser valorizado
- A oração do Pai Nosso revela o que Deus valoriza
- A religiosidade é um desperdício, esterco conforme Paulo
- Não compreender e não viver a Graça de Deus é um desperdício
- Uma vida que não glorifica a Deus é desperdiçada
- Buscar a própria glória é uma forma de desperdiçar a vida
- Negar e fugir do mundo é fugir do lixo e do desperdício
- O mal uso do tempo no ministério pastoral é fator de frustração (p. 23-24)
- A amor a Deus e a filiação verdadeira a Ele são bases fundamentais do bom aproveitamento da vida
- Gente que não ouve o que Deus diz do púlpito semanalmente está desperdiçando seu tempo
- Deus cobrará o uso do nosso tempo e recursos
Cap. 2 – O ensino de Jesus sobre o desperdício
- Jesus lidou com isto através de suas parábolas e a igreja perdeu muito quando se distanciou daquele ambiente em que Cristo pronunciou os seus ensinos
- A Parábola das duas casas de Mateus 7 no final do Sermão da Montanha: um usou esforço e recursos que foram perdidos porque não deu ouvidos aos verdadeiros fundamentos. Ou seja, todo o ensino anterior do próprio Sermão da Montanha
- A semente e os quatro tipos de solo, sendo três deles absolutamente improdutivos: a falta de fé verdadeira, as perseguições e amor ao mundo podem impedir os bons furtos. Mesmo a semente que caiu um bom solo produziu de forma diferente porque uns amam mais e outros menos (p. 36). A diferença é explicada pela aplicação de cada servo que é diferente.
- A terra frutifica por si mesma conforme Marcos 4.26-29: “Ele prosseguiu dizendo: “O Reino de Deus é semelhante a um homem que lança a semente sobre a terra. Noite e dia, quer ele durma quer se levante, a semente germina e cresce, embora ele não saiba como. A terra por si própria produz o grão: primeiro o talo, depois a espiga e, então, o grão cheio na espiga. Logo que o grão fica maduro, o homem lhe passa a foice, porque chegou a colheita” – ensina que o plantio deve ser observado a partir de um solo que tenha condições para produzir
- O joio e o trigo: neste caso é um desperdício causado pelo Diabo e na igreja também pode ser causado por membros que criam problemas, são preguiçosos, etc.
- O tesouro escondido e a pérola de grande valor: neste caso é um troca de coisas de menor valor por coisas valorosas de verdade.
- A ovelha perdida: aquela uma ovelha tem mais valor que as 99 porque representavam os judeus que não queriam se arrepender.
- Credor incompassivo: não se pode desperdiçar o perdão de Deus.
- A figueira estéril: uma parábola radical sobre a necessidade de que todo aquele que é cuidado por Jesus deverá, num tempo determinado, dar seus frutos.
- Os trabalhadores das diversas horas de trabalho: há muitas intepretações, mas a principal é que alguns acham que por muito fazer (legalismo, ativismo, etc.), serão melhor pagos, quando o que importa é contar com a graça e generosidade do próprio Deus. A parábola não é sobre o quanto se trabalho, mas sobre o quanto Deus é bom para quem confia nele.
- Os dois filhos: a religiosidade dos contemporâneos de Jesus não era produtiva
- Os lavradores maus: a liberdade mau utilizada cobra um preço muito.
- O bom samaritano: revela que o amor é o melhor uso da vida e do tempo e nos coloca no plano de Deus para com o mundo.
- O Rico e o mendigo: a relação inversa entre a bem-aventurança em terra e post mortem porque Deus não olha o exterior, mas o interior do homem.
- Os servos e os talentos: neste caso não é sobre o desperdício, mas sobre a capacidade não utilizada.
- Os bodes e as ovelhas: as ovelhas são aquelas que, entendendo o seu chamado, investiram a vida no Reino e por isto receberão a vida eternas.
Cap. 3 – O ensino específico de Jesus sobre o desperdício
- Oração sem saber a quem se dirige e repleta de vãs repetições é desperdício.
- Adoração sem mente, coração, atitude e Espírito é desperdício.
- Apenas acumular tesouros perecíveis é desperdício.
- Quem se preocupa demais e esquece do cuidado de Deus também desperdiça seu tempo.
- Jogar pérolas aos porcos é perder tempo. Policarpo aos 86 anos não negou Jesus porque este lhe fora sempre bom.
- Jesus orientou que os discípulos guardassem as sobras das duas multiplicações.
- Quem tem olhos fechados e coração endurecido para o que Cristo faz também desperdiça o seu tempo.
- Quando os discípulos não estão preparados para os desafios há desperdício. Neste caso ele fala dos discípulos que não puderem expulsar um demônio como narrado em Marcos 9.14-29.
- Quando a casa, que é a própria vida, é deixada desocupada.
- Quando a própria vida não é bem utilizada para servir a Cristo seguindo. Neste caso a referência é aborrecer pai, mãe, irmãos, etc., ou quando alguém começa uma obra sem calcular o quanto vai gastar e tem que parar no meio.
- Hudson Taylor (p. 72): “O que largamos por Cristo, ganhamos. O que seguramos para nós mesmo é perda total”.
Cap. 4 – A Teologia do Desperdício em Atos
- A igreja só foi de fato equipada após a descida do Espírito Santo. Ou seja, sem o Espírito Santo é impossível ser realmente útil e proveitoso no Reino.
- A atitude mentirosa de Ananias e Safira tentando o Espírito Santo invalidou um ato que poderia ser louvável e admirável.
- A instituição dos diáconos em Atos foi um ato de grande sabedoria e uso do tempo dos apóstolos e dos próprios diáconos com ganhos para toda a comunidade, incluindo as judias de fala grega.
- Como nos caso de Felipe a administração do tempo possui seu mistérios porque em tese Felipe estaria perdendo o seu tempo deixando de pregar a muitos judeus para dedicar-se a um único estrangeiro.
- Também vale para a Igreja de Antioquia da Síria de onde Deus tirou seus membros mais ilustres para a obra.
- Do ponto de vista meramente humano, os sofrimentos vividos pelos servos de Deus foram desperdícios de tempo e vida, mas aos olhos destes e de Deus foram importantes para a própria natureza do Evangelho: fortalecem a mensagem, os iguala a Cristo, cria contraste com o mundo, vale como juízo contra os ímpios e incrédulos, etc.
Cap. 5 – O desperdício nas epístolas maiores de Paulo
- A queda é fundamental quando se fala de desperdício da Criação porque afastou o homem de Deus e sujeitou tudo a vaidade. Romanos 3, 6, Efésios 1 são textos que manifestam o quando o homem se tornou inútil por causa do pecado.
- O legalismo caracterizado pela guarda do sábado e regras alimentares representa um duplo desperdício: da vida daqueles que o seguem e da vida daqueles que são oprimidos e obrigados a regras sem nenhum valor.
- Glorificar a Deus não implica em morrer por Cristo apenas, mas em viver uma vida que o glorifique: quer comais, quer bebais, fazei tudo para a glória de Deus (Romanos 14.8).
- O bom uso de esforções e valores missionários também deve ser uma tônica da igreja conforme Atos 15. Paulo deixou pessoas encarregadas de continuar seu trabalho enquanto avançava para lugares não alcançados.
- Conforme 1 Coríntios 3, uma igreja infantil, repleta de disputas internas e com uma liderança mal preparada é um empecilho para a formação de uma igreja sadia e forte. Esta igreja complica e atrasa o processo.
- A negação da inspiração e validade do Antigo Testamento pregado por Marcião é um exemplo de como se desperdiça a vida da igreja pela negação da leitura, estudo e aplicação da Palavra de Deus. Por isto Paulo exortava igrejas e homens como Timóteo e Tito que fossem diligentes na Palavra.
- O mal uso de dons e desconhecimento do dom de profecia causaram prejuízo do culto para os Coríntios. As palavras ininteligíveis do culto também.
- A tristeza do mundo é uma perda de tempo porque não produz coisas boas. É um prenúncio de morte como caso de Judas e de Paulo quando perseguia os cristãos. A tristeza conforme a vontade de Deus gera frutos como no caso de Davi que se arrependeu.
- O mal ensino da Escrituras distorce os fundamentos das igrejas como no caso de 2 Coríntios sobre as ofertas confundidas com dízimos. O bom ensino implicaria em generosidade da igreja diante das necessidades.
- Quando um crente é desviado por falsos ensinos há um grande prejuízo.
Cap. 6 – O desperdício nas epístolas da prisão
- Deus concede dois tipos de graça: salvadora e através dos dons.
- Todo crente está habilitado para servir e para isto precisa ser incentivado e treinado.
- Movimentos importantes foram criados nas últimas décadas pensando nisto como o Evangelismo Explosivo e o Congresso de Lausanne.
- Há grande desperdício quando a igreja se preocupa com o que é apenas externo e desvaloriza o que é interior. Paulo exemplificou isto quando se comparou aos que se gabavam de sua religiosidade e ele era a mais elevada expressão daquilo, mas não se gabava nisto. Isto vale também para o culto que tem muito efeito pirotécnico, mas pouca adoração verdadeira.
- Há um problema parecido quando a igreja se gaba nas proibições exigidas de alguns e que em nada acrescentam a fé como no caso dos colossenses. Um ascetismo que é caracterizado como um desperdício de espiritualidade e esforços meramente humanos improdutivos e incapazes de aproximar o homem de Cristo.
Cap. 7 – O desperdício nas cartas menores e pastorais
- A igreja de Tessalônica invalidou a profecia porque extinguiu o Espírito não cumprindo o que a profecia exigia.
- Ainda em Tessalônica houve incompreensão da profecia sobre a volta de Cristo que gerou o desperdício de tempo com a falta de trabalho e os prejuízos da ociosidade como pobreza, meter-se em negócios alheios, etc.
- Ter boa saúde é fundamental, mas muitos estão estendendo a vida um pouco mais, mas morrendo como todos os outros (p. 119). Por isto que a piedade é exaltada por Paulo acima do exercício físico.
- 2 Timóteo 2.16 e Tiago exortam a respeito do gasto de tempo em conversas inúteis e sobre o uso da língua duas fontes de grande desperdício para quem não usa com sabedoria.
- A cultura pode ser um fator de desperdício e desvirtuar o poder do Evangelho na vida das pessoas. Tito 1.10-16 é a referência porque os cretenses eram má influência para a igreja por preguiça, insubordinação, etc.
Cap. 8 – O desperdício nas epístolas gerais
- Hebreus 3-4 mostra como a infidelidade foi um prejuízo e atraso. Basicamente endureceram o coração e caíram diante das provações. Encorajamento mútuo, discernimento, rejeição de falsos ensinos e doutrinas são fundamentos para uma vida produtiva como povo de Deus.
- A fé que não produz obras também é uma fonte de desperdício. A fé que salva é geradora de obras e produtividade no Reino.
- 1 Pedro 5.8 afirma que devemos resistir ao diabo que procura tragar os crentes. Ele sempre foi um empecilho, um atraso e um produtor de prejuízos para o Reino.
- 2 Pedro 1.3-11 mostra que o caminho do verdadeiro crente é produzir virtudes crescentes na sua vida sempre se alimentando da Palavra e praticando o que aprender. Ele conta uma história que já vivi, alguém que disse que tudo que ouvia já sabia há muito tempo (mais de 20 anos no caso).
- 1 João 1.3-10 afirma que falta de comunhão, confissão, cumplicidade e empatia com os irmãos gera prejuízo para a igreja. É como andar na trevas segundo o Apóstolo João.
- 3 João, no caso de Diótrefes, mostra que o desejo de ter supremacia e comando da igreja é uma fonte de dores, prejuízo e desperdício impedindo a igreja de servir e prosseguir.
- Em Judas há uma apelo para que a igreja expulse líderes que causam apostasia da igreja e que se infiltraram dissimuladamente e por descuido da própria igreja.
- Apocalipse 2.5 fala do candelabro de cada igreja. Neste caso, é um apelo para que a igreja não perca sua vocação e as características que a fazem louvável aos olhos de Deus. Por outro lado, estas igrejas possuem imperfeições que deviam ser corrigidas e práticas que deveriam ser incluídas ou retomadas.
Conclusão
- A Teologia do Desperdício está em desenvolvimento.
- O pecado também causou desvios no potencial de toda a criação.
- O inferno é o prejuízo ou desperdício final.
- Desperdiçamos nosso tempo.
- Desperdiçamos dinheiro gastando à toa e não investindo no Reino.
- Desperdiçamos relacionamentos com o excesso de individualismo de hoje.
- O livro não pretendeu ser exaustivo.