UMA HOMENAGEM A JOHN PIPER – RESUMO

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JOHN PIPER: ENSAIOS EM SUA HOMENAGEM
RESUMO E COMENTÁRIOS
STORMS, Sam; TRAYLO, Justin. John Piper: ensaios em sua homenagem. São Paulo: Hagnos, 2013. 669p.
O livro é uma homenagem aos mais de 40 anos de ministério de John Piper da Igreja Batista Bethhelem de perfil calvinista. Os autores têm cuidado de dizer que não estão exaltando Piper, mas que exalta a Glória de Deus. Imaginaram que ele não gostaria. Além da biografia e a citação de diversos textos, sermões, conferências e obras realizadas pelo Ministério Desiring God e TBI (The Bethehelm Institute), o livro conta com muito material teológico de grande proveito, além de vários indicies ao final que podem ajudar na pesquisa.  A leitura é agradável, mas muito desafiadora.
O proposito deste resumo é preparar um texto base para uma entrevista na manhã do dia 26 de fevereiro de 2019 para a Rádio Transmundial no Programa Café Literário com o Pastor João Paulo Gouveia. Esta entrevista antecede a vinda de John Piper ao Brasil na mesma semana.
PARTE 1: JOHN PIPER
O primeiro capítulo é uma oração de uma ovelha que o viu chegar a cidade aos 34 anos de idade. Na própria oração há temas que são parte integrante da vida de Piper com a Glória de Deus e até lances da temática do livro Irmãos nós nãos somos profissionais.
David Livinsgton escreve o capítulo 2 dando detalhes de vida dele. Nasce em janeiro de 1946 no Tennessee numa família cristã. Recebeu uma Bíblia de presente da mãe que exaltava a necessidade de fugir do pecado e estudar a Bíblia. O texto mais importante nesta fase inicial de vida e ministério é Gálatas 2.20. Piper é de origem e influencia arminiana. Desde cedo pensava na melhor forma de servir a Deus e as pessoas, imaginou que por meio da química e da medicina pudesse fazer isto quando teve contato com as mensagens fortes e apaixonadas do Pr John Ockenga através do rádio. Isto o conduziu ao Seminário Fuller, foi então que o contato com Romanos 9 e Filipenses 2, além dos professores do seminário, assumiu a posição calvinista. Romanos 9 tomou seus primeiros escritos. Doutorou-se na Alemanha com uma tese sobre amar os inimigos. Casou-se com a Noël e tem 5 filhos. Ao longo da vida teve problemas com a garganta que o impedia de falar teve mononucleose (uma infecção que afeta a garganta e causa febre) e, em dezembro de 2005, descobriu um câncer na próstata. A principal influência é Jonathan Edwards, mas ao longo do livro vemos inúmeras citações de C.S. Lewis tanto da parte de seus colegas escritores quanto nos escritos do próprio Piper. Pastoreou Bethlehem por 33 anos e dirigiu o ministério Desiring God e o TBI (The Bethehem Institute).
O capítulo 3 é o relato de um amigo e assistente pessoal: David Mathis, que o conhece como pastor, como escritor e conferencista e na intimidade. Ele fala de três pontos de contato até a intimidade: um voz profética (¨o astro de rock reformado¨,  nas palavras de Mark Dever), como pastor do dia a dia, e o lado como amigo (narrando viagem com ele e as respectivas do esposas). Há rigor no preparo das mensagens. A sexta-feira é reservada para preparar mensagens e não há compromissos neste dia, no máximo um breve almoço. Piper é introvertido, mas isto não o impede de investir tempo em relacionamentos.
A atividade de escritor está ligada ao pastoreio, já que muitas de suas publicações nascem de seus sermões e palestras. Há um paralelo entre a vida acadêmica, pastoral e o dia a dia, o velho drama do teólogo de gabinete e o pastor, coisa que ele procurar reduzir ao máximo. Com agenda muito cheia ele conta com a esposa para compensar o tempo fora. Como todo pastor lamenta o fato de que poderia fazer muito mais pela família. Outro equilíbrio que Piper busca é o zelo doutrinário e bíblico e a bondade no trato com as pessoas.
PARTE 2: O HEDONISMO CRISTÃO
O capítulo 4 é resultado da relação com os escritos e vida de Jonathan Edwards. A expressão soa contraditório, mas este choque de expressões é proposital. Começando com textos como Salmos 16.11 que fala das delicias e do prazer de estar na vontade de Deus. Devemos nos alegrar na glória de Deus. Deus deseja ser adorado e receber esta glória. Todos desejam a felicidade, este desejo é um atributo humano. Deus não restringe o desejo pelo prazer, mas nos ordena a buscar o prazer. Deus é mais glorificado em nos quanto mais estamos satisfeitos nele. O prazer conforme a vontade de Deus é algo de grande responsabilidade, ao contrário dos estoicos, por exemplo, que buscavam prazer na libertinagem. O prazer cristão tem o próprio Deus como referencia – Deus é o nosso fim (finalidade).  Não é estranho que Deus exija a glória para si mesmo porque quanto mais amamos alguém mais queremos o que ela quer e ser como ela é, isto acontece com o cristão em relação a Deus, isto nos aproxima dele. Além disto, ele é a fonte da perfeita virtude, do prefeito bem  e daquilo que realmente é prazeroso e pode nos completar sem deixar quaisquer resquícios de treva, insatisfação. A nossa gloria de Deus. Para um teólogo conhecido pela Soberania Divina e da Obediência e combate ao pecado, John Piper deixa claro que não há nenhum conflito entre a retidão de vida e o temor a Deus com a busca pelo prazer (em Deus). A busca pelo prazer em Deus é, neste sentido, uma forma de lutar contra o pecado.
O capítulo 5 traz uma pergunta importante: em um mundo onde há dor e sofrimento, qual o papel do prazer e do hedonismo cristão? Os evangelhos respondem esta pergunta. Os sofrimentos são resultado do pecado e podem nos levar ao sofrimento por causa de nosso apego a este mundo. O Evangelho é uma riqueza que, ao ser descoberto, mobiliza pessoas para que vendam tudo o que têm, esqueçam de tudo que viveram, e se dediquem a ele exclusivamente. Passa a ser sua riqueza e valor. O sofrimento não é algo desejável, mas nos provoca o desejo de nos livramos dele nos levando a refocalizar nossas prioridades. Há um sofrimento que é escolhido como resultada da opção de ser como Jesus. o não escolhido é o que vem pelas vicissitudes da vida. O sofrimento para o cristão leva ao bem e tem propósito. O sofrimento desafia nossa confiança outrora superficial por tocar nas questões mais profundas da alma, além disto, nos afasta da ideia de que bens comuns podem nos satisfazer. O sofrimento também queima a gordura idólatra do nosso coração. O sofrimento profundo, extremo, a exemplo de Noemi, Jó, Jeremias e Jesus, que apesar de palavras desesperadoras, sempre há em suas palavras esperança de livramento e recuperação. Ele cita também C.S. Lewis (quando ficou viúvo) e Ellie Wisel (vitima do holocausto). Em todos há um apego à verdade à justiça de Deus. Mesmo quando nossa fé falha Deus está  presente e não se deixa influenciar por nossa fraqueza.
PARTE 3: A SOBERANIA DE DEUS
O conceito de Soberania de Deus em Edwards influenciou Piper (capítulo 6). Não há nada de novo na teologia de ambos, mas eles enfatizam a questão da Soberania Divina como a autossuficiência de Deus em contraste com a falsa liberdade humana. Esta também é resultado da teologia de Agostinho na qual, por exemplo, o mal é a ausência de bem, ou seja, assim como as trevas se apresentam onde a luz está ausente, o mal se apresenta onde o bem está ausente. O que se sabe sobre Edwards vem muito de seus escritos não formais, anotações numeradas em um caderno chamadas de Miscelânias. Há um aparente conflito entre a Soberania Divina e a Liberdade Humana. Neste sentido o que tange a questão é que o homem não é capaz de não pecar, e isto lhe suprime a liberdade e, quando o homem deseja o bem, ele só tem uma fonte para isto: o próprio Deus. A vontade arbitraria de Deus implica que há regras muito claras de como viver a vontade de Deus e viver sua graça. É um caminho seguro e objetivo. A Soberania Divina implica em autossuficiência, mas também em poder para determinar as regras da vida.
Quanto a oração (capítulo 7) uma questão surge: se ela não muda nada, já que Deus é soberano, para que orar? Ela nos coloca dentro da vontade de Deus e nos sintoniza com aquilo que é correto e bom e nos leva a perceber o Seu cuidado. Vejamos o caso da oração do Pai nosso, em que coisas comuns são pedidas (como o pão de cada dia), mas exalta a vontade de Deus e a vinda de seu Reino. Apesar de oração estar em jugo desigual (uma parte plenipotenciária – Deus, e uma parte totalmente carente – o homem), ele nos atrai a Ele. A oração peticionária é usada por Deus para nos recrutar para o seu Reino e Sua vontade, daí os muitos incentivos á oração e certeza de respostas a elas. Orar faz sentido porque muitas coisas só acontecerão por meio da oração: cura de doenças (…chame os presbíteros e ore…), expulsão de demônios (…esta casta só sai com jejum e oração…), aceitar o que não se pode mudar (…minha graça de basta…) etc.
PARTE 4: O EVANGELHO, A CRUZ E A RESSURREIÇÃO DE CRISTO
D.A. Carson fala do Evangelho (capítulo 80), palavra cara a John Piper no capítulo 8. D.A. Carson admite que a primeira parte do texto é enfadonha ao definir os usos da palavra Evangelho com substantivo, adjetivo e verbo (pág 186). Seu foco é homenagear Piper como pregador começando com os usos falaciosos da palavra Evangelho: a Septuaginta, no contexto romano, como as boas notícias enviadas ao povo pelo Imperador quando, na verdade, a mensagem do Evangelho tem a ver com a Cruz e a Mensagem de Salvação. O uso etimológico esconde a natureza da mensagem porque inclui, necessariamente, o sofrimento de Jesus, e pode incluir o sofrimento de quem o segue. Também confundimos o gênero literário chamado Evangelho e a próprio Evangelho, mas mesmo que o período apostólico e patrístico não considerassem o gênero literário dos quatro primeiros livros do Novo Testamento como Evangelho (lembrando que a forma final do Novo Testamento começa a tomar forma no final do segundo século), não podemos reduzir o peso teológico desta expressão já naquele contexto. Não podemos separar o conteúdo do Evangelho da sua prática e presença entre nós – conteúdo e forma são necessárias. Pregar o Evangelho é falar, comunicar. O Evangelho social é uma distorção quando trata da inclusão dos homens e redução da pobreza, ainda que isto seja, em segundo instante, uma preocupação louvável e desejável. O Evangelho não é uma mensagem apenas para os perdidos, mas para os salvos: pregamos o Evangelho aos perdidos e aos crentes. Além do conteúdo querigmático (de proclamação), o Evangelho é a história do que Deus tem feito (a ressurreição é um fato histórico – aconteceu! – não é objeto de análise factual – é o que Deus fez e tem feito por nós em Cristo). O Evangelho é também um convite: ao pecador que se arrependa e ao crente para que pregue.
Há um aspecto negligenciado em nossa leitura que diz que Jesus veio para lutar e vencer o Diabo (capítulo 9). Cristo é o conquistador, vencedor invicto. Herodes tentou eliminar Jesus, Jesus venceu o Diabo no deserto, os religiosos o perseguiram, o Diabo usou Judas para entregar Jesus aos Romanos. Os pais da igreja viam isto com maior frequência. Alguns, universalistas de então, acreditavam que, ao final, até mesmo o Diabo seria convertido. Hoje, estamos em outra ponta, não dando atenção a este aspecto grandioso da vida e missão de Cristo: vencer o Diabo. Quando Cristo perdoa os pecados do homem que nasce de novo, tira do Diabo o poder de acusar e o guarda do mal o selando para a eternidade: vence as potestades e principados triunfando deles na cruz (Col 2.14-15). Para Fergunson, Piper tem um papel importante de chamar atenção da igreja contemporânea neste sentido.
O já-e-ainda-não (capítulo 10) é um tema importante para a igreja no sentido de mostrar que tudo que está prometido acontecerá necessariamente e que há aspectos da vida futura já vivida nesta realidade: a comunhão com Deus, a vida comunitária, as bençãos de Deus. Mas é no aspecto da justificação que a compreensão do já-e-ainda-não sobressai no texto. O conceito de justificação vem da declaração de justiça legal conferido crente por meio da fé em Cristo. No entanto, há dois outros aspectos a considerar dento da justificação: hoje por meio das obras  e no final por meio da vitória de Cristo e nossa ressurreição. As boas-obras dos crentes são sinal da presença de Cristo em sua igreja. A vitória final de Cristo com o julgamento dos ímpios e incrédulos e a prisão derradeira de Satanás, serão a manifestação, não apenas o sinal, de que Cristo estava com os seus e que tudo que Ele fez era verdadeiro e que suas palavras deveriam ter sido ouvidas. A ressurreição é um fato que ratifica tudo isto.
PARTE 5: A SUPREMACIA DE DEUS EM TODAS AS COISAS
O capítulo 11 é uma teologia bíblica da glória de Deus em que são usadas as porções canônicas da Bíblia demonstrando a Glória de Deus em todas as suas relações. Deus demonstra sua glória ao criar tudo com poder e majestade. No Éden vemos a recusa do homem da Glória de Deus. O chamado de Abrão inclui o enchimento da Terra por sua Glória e na benção que alcança todas as famílias da Terra. Nas leis do Sinai, começando pelos Mandamentos (as Dez Palavras) em que os primeiros mandamentos dizem respeito diretamente a Glória única e não compartilhável de Deus. Em Davi temos a promessa da permanência de um Reino Divino que culmina em Cristo. Nos Salmos e literatura de Sabedoria Deus é exaltado e a exaltação da própria sabedoria como forma de glorificar a Deus. No Novo Testamento aprendemos com Cristo a clamar que o Reino venha. No Evangelho de João a glória é conhecer a Deus e seu filho. Os ensinos paulinos de que façamos tudo para a glória de Deus. As próprias missões devem ser entendidas no sentido que as nações glorificarão a Deus (Sl 96, Is 12.4).
O capítulo 12 é uma tentativa de definir o Reino de Deus e os diversos momentos em que Deus manifestou o desejo de implantar seu Reino: no Éden com sua riqueza e dando autoridade ao homem; no Sinai com as ordens, regras e organização; durante o reino de Davi no sentido de fazer um segundo êxodo de pessoas segundo o seu coração reinando. O Reino de Deus deve mudar o mundo e ocupar os lugares ocupados: Missões. A adoração por si só não implanta o Reino de Deus – há ações práticas para isto: Missões. Neste sentido, mais do que uma definição do Reino, o capítulo propõe que a ação missionária é, antes de tudo, uma ação conjunta de Deus com o seu povo de implantar o Reino.  Somos chamados para adorar e fazer missões.
O capitulo 13 é uma forma de elogiar o casamento de Piper e de Noël por causa da harmonia deste relacionamento. O autor do capítulo diz que o casamento é uma minirepresentação do Evangelho (pág. 324). A Bíblia apresenta o casamento com todas as suas tensões usando como exemplo Oséias e Gômer ao simbolizar o casamento tenso entre Deus e Israel (infiel). A expressão mistério do casamento vem de Efésios 5.32, mas para este caso mostrando as virtudes e sacrifícios do marido para com a esposa e de Cristo para com a sua igreja. Segundo o texto, o casamento é o relacionamento que mais se aproxima e mais simboliza o relacionamento de Deus com seu povo.
Wayne Grudem escreve o capitulo 14 sobre obediência. A doutrina da salvação pelas obras pode nublar o fato de que nossa obediência e boas obras podem trazer saúde espiritual, a aprovação de Deus e prosperidade – 1 Samuel 15.22 – Deus se agrada da obediência. Cristo nos convoca a obedecer e guardar seus mandamentos. Esta obediência é especifica e bem determinada na Bíblia, ainda que seja abrangente: ter o Senhor como único Deus, respeitar e honrar os pais, orar pelas autoridades, fazer o bem, etc. Fomos criados por Deus e salvos por Cristo para a prática das boas obras (Efésios 2.10). Nossa justificação implica em nossa obediência. Nossa obediência implica na prática das boas obras.
E o que pensar das raças? E o racismo? Thabiti Anyabwile é quem trata deste assunto no capítulo 15. O contexto americano é extremamente racista e comenta as ações de Piper no sentido de amenizar isto comemorando, por exemplo, o dia de Martin Luther King. Segundo o autor não devemos ser racistas porque todas as raças foram criadas por Deus e no final dos tempos todas as raças glorificarão a Deus. Crentes racistas é uma terminologia contraditória em si, mas aqueles que assim procedem, alegando estar em Cristo, tem feito mau uso de sua conversão e não compreenderam o plano de Deus em sua totalidade. Na igreja do John Piper, quando esta a pastoreava pelo menos, havia o dia da Harmonia Racial. Isto pode soar estranho para nós, mas talvez funcione bem no contexto americano. Por que destacar as diferenças se acreditamos que elas não existem?
John Piper tem livros escritos sobre Sexo, Dinheiro e Poder. Neste capítulo não há referências diretas a Piper neste sentido, mas a ênfase recai sobre aquilo que ele prega e acredita: que devemos fazer mais uso de nossos bens no reino de Deus. Mais ao final do livro há um trecho que revela que Piper passou tentações quando ganhou popularidade e teve algum ganho financeiro após anos de aperto financeiro com filhos para cuidar. O autor do capítulo 16 cita, novamente, C.S. Lewis (muito presente no livro, como já dissemos) afirmando que somos como crianças brincando em um parque de diversões muito perigoso. O dinheiro deve nos abençoar e abençoar os que nos estão cercando.
O aborto também é um assunto de Piper desde a década de 1980 em Minnessota, quando um casal decidiu não terminar a gravidez por que descobriram que a criança tinha síndrome de Down. Ele ensinou que a igreja deveria tomar atitudes em relação a isto e, no ano de 1989, começou uma pregação pública do assunto. Em 2004 intensifica suas ações pregando uma série de mensagens em Gênesis 3, Efésios 5, Tiago 4. Ele escreve, inclusive, um longo texto mostrando seu respeito antes da posse do Presidente Bill Clinton, mas se posicionando firmemente em relação às suas inclinações abortistas. O aborto é um problema de Deus. Não se pode deixar intimidar por aqueles que acusam pastores de estar fazendo politica quando falam de aborto. A igreja deve orar, jejuar por causa do assunto. O capítulo encerra com uma lista enorme de sermões de Piper sobre o aborto (pág. 426-428).
O capítulo 18 precisa ser bem compreendido dento do seu propósito que a tratar de uma mente preparada pela Palavra de Deus e pela espiritualidade cristã que traga respostas a um mundo caído. Ele trata do esquema CRIAÇÃO + QUEDA + REDENÇÃO + CONSUMAÇÃO, ainda que ele não trabalhe a consumação. Parece esquecer, também, das mentes levadas cativas a Cristo – 2 Coríntios 10.5: ¨Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo¨. Na página 447 ele diz o que falta: ¨o que falta é a mente moldada pelo conhecimento e pelo gozo transformador do peso da glória de Deus¨, e ainda que devemos ¨fazer tudo o que for necessário para apresentar Deus ao mundo de forma favorável¨.
PARTE 6: O MINISTÉRIO DE PREGAÇÃO E DO PASTORADO
O capítulo 19 trata da influencia de Jonathan Edwards na vida de Piper. Parte do seu legado é que, mesmo sendo conhecido pelo duro sermão (e também irônico): PECADORES NAS MÃOS DE UM DEUS IRADO, Edwards era preocupado em pregar todos os desígnios de Deus. Falava do inferno, mas falava do céu. Falava da morte, mas falava da vida. Quando pregava para crentes ele procurava fazer o que autor chama da elogia o Evangelho, ou seja, mostrar como Cristo é bom e a necessidade de se manter no Evangelho. Edwards também deixou muito material escrito e produziu muita literatura durante sua vida relativamente curta (1703-1758). A característica de Edwards, e dos puritanos, era a minúcia e o desejo de pregar o texto bíblico exaustivamente, ou seja, discutir com detalhes todas as minucias do texto e não deixar de considerar nada. Isto podia gerar sermões muito longos ou mesmo séries de sermões sobre uma só passagem das Escrituras. Piper acompanha este rigor como de expositor das Escrituras.
O capitulo 20 trata do ministério pastoral ancorado no modelo trinitariano de Paulo através da bênção apostólica: a Graça de Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espirito Santo. O ministério pastoral é da Graça: Cristo morreu pelos nossos pecados quando ainda éramos pecadores, nos faz novas criaturas, nos aceita indistintamente, etc. O Amor de Deus é aquele que nos criou e nos deu seu único Filho, e é sobre este amor que as Escrituras falam. A comunhão é gerada pelo Espirito nos levando a Cristo e nos unindo em amor, pelos dons, pelos frutos do Espirito. O autor se coloca como Reformado e Carismático ao mesmo tempo e chama a atenção para o fato de que esta tensão, ou contradição, é apenas aparente. É possível acreditar nos dons para a comunhão da Igreja e nas doutrinas da Graça.
O autor do capítulo 21, Ray Ortlund, tem em vista coisas que ele aprendeu com John Piper sobre adoração. A base bíblica é a Carta aos Filipenses onde Paulo fala de alegria, da morte como forma de lucro e da vida como oferta de libação, ou seja, o pastor deve compreender que sua vida deve ser uma oferta constante a Deus. O pastor deve ser um adorador e isto reflete na vida da igreja e de sua família. O conceito de adoração aqui é claramente entendido como sacrifício a Deus. Neste capítulo ele mostra preocupação com as próximas gerações já que, tanto o autor do capítulo quanto John Piper, estão avançando em idade. John Piper tem atualmente 73 anos atualmente.
O pastor, independentemente de suas características pessoais, é um conselheiro (capítulo 22). O aconselhamento bíblico tem características de ser pastoral e de ser um discipulado. O aconselhamento deve ser levado a serio por que é parte o ministério pastoral. No processo de aconselhamento estamos procurando o impossível, algo que apenas Deus pode fazer: limpar o coração. Ao contrário de um terapeuta, o pastor leva em consideração que o homem é pecador. Em ministérios fortes os pastores praticam em particular aquilo que eles pregam em público, ou seja, parte do aconselhamento tem fundamento na vida do pastor. A igreja também é parte do processo de aconselhamento. Ao contrário de um terapeuta, que é apenas procurado pelas pessoas, o pastor pode (deve) procurar as pessoas para aconselhamento. Ao contrário de um terapeuta, também, o pastor está envolvido na vida das pessoas em todas as circunstâncias boas e ruins: nascimento, morte, perdas, desemprego, etc. O escopo do aconselhamento é universal: ricos e pobres, jovens e velhos, doutos e indoutos, etc. As pessoas que o pastor aconselha já fazem parte do seu dia a dia e conhece detalhes de suas vidas. É interessante o final do capítulo ao apresentar literatura cristã valiosa para aconselhamento como Gregório, o Grande; Richard Baxter e do próprio Piper (A Glória de Deus é o objetivo do Aconselhamento Bíblico).
No capítulo 23 Mark Dever desenvolve a ideia do pastor como um guia espiritual se valendo, principalmente de Números 27.16-17 quando se afirma que Deus espera que seu povo não seja como um grupo de ovelhas sem pastor e usa também, referencias como Atos 20, quando Paulo mostra preocupação com o estado espiritual dos Efésios após sua partida. Em Éfeso Paulo fala de seu cuidado e de ter ensinado tudo aos efésios.
No capítulo 24, John MacArthur trata da liderança pastoral. O pastor como líder pode ter a tendência a exercer poder e domínio sobre seu rebanho. MacArthur recorre a linguagem e ações dos apóstolos nas epistolas. Basicamente ele diz que o cuidado pastoral deve ser maternal e paternal. A mulher exerce cuidado sacrificial, gentileza, compaixão e amabilidade para com seus filhos. Os principais atributos masculinos, neste caso, seriam a força e a coragem. Os apóstolos se referem às ovelhas como filhos e mostram o cuidado de ensinar e estar próximos sempre. Mostram, também, autoridade ao repreender suas ovelhas e livrá-las do perigo.
Willian D. Mounce (da equipe de tradução da NIV) é quem escreve o capítulo 25. A relação dele com Piper se dá em um conferencia onde muitos apresentaram suas credencias e ele viu John Piper orando antes de falar e transmitir uma mensagem que afirmava que nossa teologia deve nos levar amar mais a Deus. Como tradutor exegeta, o conceito dele de estudos diz respeito ao uso dos originais e no dia a dia do púlpito. O pastor usa mal o grego, por exemplo, quando usa no púlpito diretamente, mas sua bem quando lê varias versões, conhece as linhas gerais e aplica ao seu povo. Com isto, mostra amor a Deus e a seu povo. Quem diz amar a Palavra de Deus, deve amar a Deus também.
John Bloom fala do Ministério Desiring Gog de Piper iniciado em 1994. Em 1987 John pregou uma mensagem solicitando aos ouvintes que usassem melhor seu dinheiro de aplicassem em torno de 26% dos seus ganhos na obra. O Ministério está ligado a ideai de Hedonismo Cristão, ou seja, se dispõe a levar o amor a Deus e o desejo por sua glória a todos que puder alcançar. Está focado nos livros, palestras, site e Cd´s que pregam o Evangelho com este foco.
O capítulo 27 fala do nascimento e visão do TBI (The Bethelem Institute) funciona como um seminário e faculdade teológica com ênfase nas questões e na visão teológica do Desiring God. Existe desde a década de 1970, mas ganhou novo ânimo com John Piper. Apesar da ênfase especial, procuram dialogar e aceitar créditos de outras instituições.
Conclusão
Espero que este breve resumo possa ajudar na compreensão do livro como um todo. A leitura valerá a pena acompanhada deste esboço geral, mas não dispense passar alguns dias com este livro em mãos e crescer muito com a leitura.
Que Deus nos abençoe.
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