OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS E O SUDÁRIO DE CRISTO – BARBARA FRALE

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FRALE, Barbara. Os Templários e o Sudário de Cristo. São Paulo: Madras, 2014. 216 p.

Os Cavaleiros Templários são um capítulo especial e complexo da história da igreja. A Ordem dos Cavaleiros do Templo, ou os Guerreiros de Cristo, foi criada em 1120 após o pedido do Rei Balduíno II de Jerusalém, devido à invasão muçulmana. Seu trabalho era proteger os peregrinos que iam a Terra Santa, mas a pedido do Rei Balduíno, passaram a morar e guardar o Templo de Jerusalém, o Santo Sepulcro e as relíquias, num período de grande poder do Islã na região. Seu líder era Hugo de Payens que levava uma vida de extrema pobreza.

Esta atividade os tornaram os grandes guardiões e especialistas das relíquias da igreja. O início da ordem, com nove cavaleiros, número altamente contestável, já que podiam ser onze ou doze, foi reservado e cercado de mistérios. Em pouco tempo eles eram um grupo poderoso de cristãos, que pôde ter chegado a 20.000 homens no seu auge, que eram monges de vida rigidamente piedosa, mas que empunhavam a espada como grandes guerreiros. Este lado militar era uma evidente contradição para um cristão piedoso – matar em nome de Cristo. Entretanto, esta postura militar era explicada pelo fato de que suas vítimas eram inimigos de Deus e do seu povo.

Bernardo de Claraval, que nunca foi Papa, foi um bispo importante e responsável por escrever as rígidas regras da Ordem Templária. Algumas regras exigiam que fossem homens viúvos ou solteiros entre 30 e 40 anos, conhecidos por grande piedade, que comessem pouco, que treinassem o manejo da espada diariamente, que orassem e conhecessem as Escrituras e, o que pode ter sido o motivo para sua grande força, que nunca recuassem numa batalha fosse qual fosse a situação. Além disto, faziam votos de pobreza e de certo anonimato, em que prometiam nunca destacar o papel pessoal e individual. Os soldados e exércitos islâmicos tinham que enfrentar um exército bem treinado, destemido, que nunca recuava e que não resgatava seus companheiros se capturados, o que tirava dos muçulmanos qualquer poder de barganha ou pressão. Sobrava-lhes exterminar os que eram capturados. Não foram poucas as batalhas vencidas pelos Templários mesmo quando eram minoria.

A presença e atuação dos Templários nas sangrentas Cruzadas foi fundamental. Contando com grande apoio popular, a ordem se tornou depositária de uma fortuna que superava os valores da Igreja Oficial. Logo se tornaram credores de Reis e nações. A criação dos bancos modernos é creditada aos Templários. Eles forneciam aos viajantes a oportunidade de depositar valores em sua cidade de origem, fornecendo a estes uma carta de crédito. Ao chegar na Terra Santa, podiam trocar aquela carta de crédito por dinheiro e fazer o mesmo quando voltassem para casa. 

A Ordem dos Templários não subsistiu sem controvérsias devido a algumas atitudes suspeitas. Estas atitudes seriam o motivo de queda após um julgamento que encerrou a ordem em 1314. De fato, não é possível afirmar ter havido relações sexuais entre os Templários (sodomia), nem mesmo blasfêmias, idolatria ou violência. Entretanto, é fato que algumas cerimônias de iniciação dos Templários incluíam provocações sexuais através de beijos nos candidatos quando estavam pendurados numa cruz, provocar as reações ao ver ofensas a Cristo e à sua fé, agressões físicas no início de seus treinamentos. Uma delas incluía ficar horas deitado no chão com o rosto de lado sem poder se mexer.

Além disto, era evidente que grupos de Templários tinham acesso a algum objeto sagrado especial para o qual dedicavam alguma devoção. Em torno disto muitas lendas circulavam. Uma delas afirmava que os Templários adoravam em segredo Bafômer, um deus com rosto de bode, asas, chifres e corpo humano, mas nunca foi encontrado nada parecido. A questão que inevitavelmente surgiu foi: qual era o segredo dos Templários e o que eles tinham para esconder? Neste ponto que a história se torna ainda mais complexa porque ela mescla a história da Igreja vindo de José de Arimateia passando pela mãe do Rei Constantino, o grande valor e comércio existente de relíquias, lapsos históricos que não podem ser preenchidos, as próprias Cruzadas, a existência e o fim dos Templários, o Rei Felipe IV – O Belo, crises entre a França e Roma, etc. O centro unificador desta história polêmica é o Santo Sudário.

Desde o século XVII o Santo Sudário está guardado na Catedral de Turim e raramente exposto. O que sabemos do Sudário após analisado e estudado por tantos especialistas? Ele é um manto frágil com cerca de quatro metros de comprimento e oitenta centímetros de largura manchado com sangue tipo AB. Nela há uma imagem que revela a sombra de um homem magro, com musculatura muito definida, com altura entre 1,70 e 1,80 metro, que teria entre 30 e 40 anos quando morreu. Além disto, há sombras de inscrições em latim, grego e aramaico que podem ser letras a respeito de Jesus Nazareno. Estas inscrições, no entanto, seriam posteriores ao uso do manto como uma mortalha. Alguns testes feitos com análise de Carbono 14 situaram o manto no século I a.C., mas hoje há fortes suspeitas sobre a precisão destes testes. A fragilidade do manto não permite os atuais testes porque são destrutivos e arrastam-se os estudos que podem levar a conclusões mais precisas sobre a datação do objeto.

Esta relíquia, talvez a mais importante e controversa do cristianismo, estava de posse dos Templários e, a partir deles, seu paradeiro foi então definido. Desde o século XIV está de posse da igreja. Os historiadores não conseguem precisar como esta relíquia chegou às mãos dos Templários. A historiadora Barbaba Frale suspeita que foi durante a IV Cruzada no saque a Constantinopla em 1204. O fato é que estes a preservaram legando este item à igreja, à ciência e à história.

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  1. EsSe livro é sensacional!! Assim como os Demais de Barbara Frale. Ela não é um desses maçons esoteristas que ficam tendo delírios fantásticos sobre os templários. Ela trabalha nos “arquivos secretos do vaticano”, é paleóloga (fala latim e outras línguas antigas) e traduziu todo o processo envolvendo os templários. foi a responsável por encontrar o “pergaminho do Chinon”, o documento da inquisição que isenta os templários de quaisquer crimes ou heresias. destrincha todas as acusações do Rei Felipe, o Belo, contra os templários, e as desmonta e explica uma por uma. Ela escreveu 3 livros sobre os Templários que tiram as dúvidas de qualquer UM. Esqueçam autores de esoterismo. Leiam um livro escrito por gente grande!!!

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