Tumulto e confusão. Perdendo a essência e a paz.
¨Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas.¨ – 1 Timóteo 4.7a
¨Mas evita os falatórios inúteis, porque produzirão maior impiedade.¨ – 2 Timóteo 2.16
¨e rejeita as questões insensatas e absurdas, sabendo que produzem contendas. E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser brando para com todos, apto para ensinar, paciente, corrigindo com mansidão os que resistem, na expectativa de que Deus lhes conceda o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, e que se desprendam dos laços do Diabo, por quem haviam sido presos, para cumprirem a vontade de Deus.¨ – 2 Timóteo 2.23-26
Há alguns dias atrás conheci um irmão que acompanhava um conhecido. Ambos vinham de um trabalho evangelístico. Ali estávamos os três, pertencentes a igrejas de denominações diferentes. Por experiência e conhecimento sabíamos das divergências doutrinárias ali envolvidas. De fato, as credencias de membresia só foram apresentadas lá pelo meio da conversa, quando, por algum, motivo, pareceu necessário. Daí o assunto tomou um rumo diferente, mas ainda gratificante. Cada um do seu jeito falando da experiência de pregar o Evangelho e de como as pessoas o recebem.
Essencialmente não há diferenças entre nós, já que a essência é que Cristo é Deus conosco, morrendo pelos nossos pecados com poder para nos salvar. Mas perceba que toda divergência nasce exatamente do ponto onde deixamos a essência para discutir o que é periférico. Mesmo dentro da própria igreja quando as pessoas perdem a essência da fé cristã, que nada mais é do que a Cruz de Cristo, tudo se perde. Às vezes, em nome de uma falsa verdade, tumultuamos nossas relações e causamos problemas na igreja e corrompemos as ovelhas de Cristo, os pequeninos dos quais Cristo nos advertiu com muito vigor. Perceba que até mesmo no início do Cristianismo quando a preocupação básica era pregar a Cristo como Senhor e Salvador o grande problema era contra os opositores do ¨Caminho¨ e não entre os ¨Caminhantes¨. Já em Atos 15 vemos um debate acirrado sobre, o que na minha opinião, seria quase desnecessário. Se hoje temos tantas dificuldades, tantos paradigmas irracionais, mas que não conseguimos nos livrar deles, se estamos distantes até mesmo da verdade, podemos reputar boa parte da culpa a isto: debates infrutuosos sobre questões sem importância.
Discutir sobre roupas, adereços, sobre o ser ou não ser verdade os milagres da TV, sobre a liberdade religiosa de alguns, formato de culto, dom de línguas, unção disto ou daquilo, a relação entre fé e conhecimento, soa a questões modernizadas semelhantes a da queixa do autor de Hebreus em 6: 1-3.
Me incomodam muito as cobranças mudas que a igreja tem vivido, geradas a partir de ideias distantes da essência da verdade cristã. Todo mundo sabendo a forma como o outro deve viver e querendo impor sua forma de pensar, uma intolerância crescente que pode causar uma guerra. Ciúmes, inveja, mentira, fraqueza, discussões, boicotes. Essencialmente estamos juntos para chegarmos ao céu e não para impormos nada uns sobre os outros. Não sei se você já percebeu mas é exatamente nos ambiente mais cheios de regras e imposições onde as transgressões são piores. Em uma empresa, por exemplo, onde um chefe ou diretor são muito exigentes, invariavelmente os subordinados cometem as maiores atrapalhadas. A falta de liberdade e de compreensão fecham as portas para as soluções verdadeiras uma vez que não há espaço para uma ¨discussão verdadeira¨.
Particularmente, tenho uma postura de dar liberdade e querer liberdade também. Já aprendi que os verdadeiros filhos de Deus são poucos e que a mudança feita por Cristo é na essência e não na casca. Já aprendi que os verdadeiros filhos de Deus crescem de modo natural e vão abençoando a tudo e a todos. Eles não criam confusão e nunca perdem seu elo com a igreja e com Cristo.
As pérolas ainda são lançadas aos porcos – mas é apenas só mais uma desobediência entre as tantas que cometemos. As ideias do joio ainda estão enraizadas entre nós. O terrível enganador ainda planta suas ideias de modo eficazmente destruidor no nosso meio, por meio de falsas premissas. Daí vão algumas dicas:
- Cuide e zele mais da sua vida do que da dos outros (se fossemos tão exigentes com nosso comportamento como somos com o dos outros, nossa igreja e o mundo em si seriam uma bênção);
- Aprenda que as pessoas são diferentes pela Vontade de Deus (isto significa diferente jeito de olhar a vida, valores diferentes, dons diferentes);
- Não somos robôs para vivermos dentro de um padrão operacional e de qualidade (o software e o hardware são diferentes);
- Aprenda a esquecer e ignorar o mal que te fizerem porque é uma obrigação sua como cristão (a gente devia se esquecer a cada manhã de tudo que aconteceu ontem);
- Não boicote as ideias e trabalho de ninguém (participe dos trabalhos do outro, dos cultos, dos passeios, das reuniões, valorize, está faltando isto entre nós e estou profundamente preocupado);
- Não fique discutindo sobre coisas que nada podem mudar ou melhorar sua vida ou de quem te ouve (Cristo cura?, Existe Dom de Línguas? Sonhos e Visões acontecem?, O Diabo sabe o que a gente pensa? Crente sofre? Blá, blá, blá… Sim pra tudo e fim de papo! Mesmo interpretações muito espirituais da Bíblia devem ser avaliadas, examine tudo sempre!);
- Veja com quem fala e o que fala, porque podemos causar danos irreversíveis na fé e no coração de alguém (nem todo mundo está preparado para nos ouvir e quase nunca fará bom uso da informação que receber, como Pastor no Iporã já deixei de resolver questões pacificamente por causa do ¨bocão¨ de alguns);
- Muitos de nós ainda estamos contaminados pelos valores da vida antiga (esperteza, malandragem, catolicismo, espiritismo, vícios, etc., troque isto por singeleza, simplicidade, disponibilidade, seu sacerdócio, seu combate ferrenho contra o Diabo, a fuga dos símbolos sem sentido pelas realidades espirituais);
- Seja sempre direto e sincero em tudo que disser (sem ser grosseiro e indelicado), não insinue, não ¨jogue verde para colher maduro¨ (ainda tem gente no nosso meio que fica igual o Diabo – com meias-verdades, insinuações, plantando para colher, entendendo tudo errado por mera maldade do coração – quando percebo isto me arrepio dos pés à cabeça e expulso o Maligno em nome de Jesus);
- Não esqueça que na igreja existem pessoas não regeneradas e com maldade no coração e que podem te fazer muito mal em nome da fé (aprende logo que igreja não é lugar só de crente);
- Aprenda a se virar com Deus porque muita gente se perde esperando solução da mão dos outros (eu sou Pastor mas sou crente também e, como crente tenho problemas e desafios tão grandes como qualquer um de vocês, portanto, tenho autoridade para dizer que não há homem ou mulher que possa me ajudar, no máximo me servirão de um pouco de motivação ou serão usados por Deus para encaminhar alguma solução);
- O Evangelho não precisa das pessoas, mas as pessoas precisam do Evangelho, quando alguém se converte e vem para igreja faz um bem para si mesma e não um favor para Deus ou para a Igreja;
- Nenhum ambiente pode ser considerado sadio quando há inveja, maledicência, falsa profecia, brigas, discussões, debates, desconfianças, egoísmo, disputas por espaço ou liderança, sentimento de superioridade, quando um esconde as coisas do outro, quando há excesso de cobrança, quando as pessoas fazem as coisas pela simples obrigação de fazer, quando se busca reconhecimento pelo que se faz, quando os valores adotados fogem ao bom senso e ao valores já experimentados e consagrados pela Bíblia e pelos crentes todos que vieram antes de nós, etc.
Talvez quem olhe de fora e reflita chegue facilmente a conclusão que algo de errado acontece e, talvez até, decida seguir outro rumo. A verdade é que devemos ainda mudar em muitas coisas.
Pastor José Martins Júnior
Novembro de 2008