ENSINOS DO LIVRO CONSELHOS PARA OBREIROS DE SPURGEON

0 Ações
0
0
0
SPURGEON, Charles. Conselhos para obreiros: O Príncipe dos pregadores orienta os ministros da igreja. São Paulo: Vida Nova, 2012. 157p.
O que segue abaixo é apenas o destaque de duas passagens do livro. Primeiramente, vejamos o que diz na página 64:
¨Não seja um ministro se puder evitar; pois se o homem pode evitar, é porque Deus não o chamou¨. Entretanto, se ele não for capaz de evitar, se sentir que precisa pregar ou morrerá, então é o homem que Deus quer. Que o Senhor o pressione, o aperte e constranja a pregar o evangelho, pois, se não houver uma compulsão divina, não haverá compulsão espiritual em seu ministério sobre o coração dos que o ouvem. Rogai ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para a sua colheita (Mateus 9.38).
Talvez o radicalismo e vida extrema de muitos ministros do passado ainda assustem muitos que vivem hoje. Suspeito que sempre haja um superdimensionamento da vida e das obras destes homens, mas alguma coisa sempre é verdade. Spurgeon é quase unanimidade. Ainda bebeu nas águas puritanas reformadas da Inglaterra dos séculos XVI e XVII e há muitos que o confundem com o puritanismo clássico.
Ler seus livros, assim como os livros, biografias e teologia dos próprios puritanos é sempre inspirador. Não é diferente neste livro. A frase destacada acima é uma verdade que já observei e muito citada entre pastores e teólogos: o chamado para o ministério é uma ação de Deus.
O padrão de hoje para um ministro atende muito mais a exigências e urgências mercadológicas do que padrões da vontade de Deus. Jovialidade, boa oratória, empatia, entre outras questões que tem muito mais a ver com que se parece do que com o que se é. Há também muitos que escolhem o ministério como profissão e mesmo como fonte de renda. Diferente de uma profissão, a vida de um ministro é totalmente envolvida no ministério, incluindo sua família, lidar com o poder que o ministério pode dar é algo pouco suportável para a maioria das pessoas. Ministros lidam com a pressão da constate necessidade de se atualizar, estudar e procurar cada vez mais preparo. Ministros lidam com as questões mais particulares e íntimas da vida das ovelhas e em muitos momentos há o peso da solução e a responsabilidade por tomada de decisões difíceis. Ministros lidam com a pecaminosidade repetitiva das ovelhas, com inimigos vorazes, críticos contumazes, com amigos pouco dispostos a colaborar em momentos de necessidade e com as próprias limitações intelectuais, de saúde e de tempo.
As palavras de Spurgeon parecem indicar que seja muito melhor um ministro não muito convicto, mas chamado por Deus do que um ministro bem preparado, mas não chamado por Deus. O ministro chamado pode aprender com o tempo e ser moldado por Deus, mas o outro não. A primeira frase citada entre aspas talvez seja um ditado bem conhecido na época, mas não há indicação disto no texto a não ser as aspas.
Ser chamado por Deus para o ministério é em parte, e apenas em parte, um convicção pessoal interna, mas isto nem é de fato o mais importante. Podemos duvidar do nosso chamado. É necessário ouvir a igreja, ou seja, as pessoas que rodeiam o candidato ao ministério são um indicativo seguro. Não aconselho ninguém buscar o ministério se não tiver apoio de sua igreja e de seus líderes é, mas não somente o apoio, mas também a pressão para isto. É necessário também, que mesmo antes disto, haja reconhecimento de dons específicos ligados ao ensino e ao cuidado das pessoas. Ou seja, seu testemunho deve levar pessoas a procurá-lo para ajuda e orientação e seu conhecimento deve rodeá-lo de pessoas querendo aprender.
No segundo texto selecionado na página 106 temos um outro tesouro a comentar:
Isso vai depender muito de vocês. Além de ensinarem todos os outros assuntos, vocês devem ter o cuidado de apresentar às suas crianças uma literatura saudável. Seus meninos precisam ler e, se você é professor de um menino que lê ¨Jack Sheppard¨, será, infelizmente, responsável, se ele continuar a se deliciar com tal abominação. Tenho confiança de que seu bom fermento irá levedar toda a massa do nosso país, que vocês serão instrumentos para o aperfeiçoamento moral da sociedade, e, como as gerações se sucedem, tenho plena confiança de que veremos uma nação cheia de conhecimento bíblico, devota aos pensamentos religiosos e exaltada em todas as coisas pela justiça e a verdade.
Há muito que comentar aqui. Ele está preocupado com uma geração que se perde por ter contato com material espúrio e desvirtuado. É um fenômeno que assistimos de camarote, quando não somos também protagonistas desta peça, na área da informação. Excesso de imagens, palavras, luzes, vídeos, áudios, etc. Spurgeon veria esta guerra perdida e seus desejos não realizados se pudesse voltar ao mundo dos vivos hoje.
Para simplificar, vamos colocar em pontos para reflexão podemos destacar direta e indiretamente do texto.

1.    Depende dos adultos conscientes e muito trabalhadores a influência sob o Evangelho das crianças. Hoje o Estado quer poder decidir ou, supostamente, deixar que as crianças decidam suas vidas, mas não é isto que aprendemos da Bíblia e mesmo do bom senso.

2.    A apresentação de boa literatura e boa informação, assim como o cuidado com o tipo de informação à disposição das crianças é dos adultos, principalmente, senão exclusivamente, dos pais. É uma pena que os celulares sejam as novas babás. E más babás. Spurgeon, por exemplo, cita que meninos de sua época tinham acesso a Jack Sheppard, que era um problema de sua época para crianças.

3.    O uso de literatura (leitura) como fonte de educação e fomento da uma espiritualidade sadia. Sabemos, também, que uma sociedade mais culta e, cultura começa por leitura, torna esta sociedade melhor preparada e menos manipulável.

4.    O excesso de liberdade e informação que temos hoje é um problema que afeta nossa ética e moralidade. A aparente multiplicidade de possibilidade sem a capacidade aguçada da escolha correta leva muitos a se perderem.

5.    A Bíblia é melhor norte de uma sociedade já que é um registro que acessamos a todo tempo da vontade de Deus.

Assim, deixamos este registro de dois momentos deste livro breve que consideramos importantes.

Pr Júnior Martins
11.11.17
0 Ações
Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *