FÉ INTELIGENTE – MARCOS 7.24-30

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Mensagem pregada no culto noturno IBVB em 07 de novembro

INTRODUÇÃO

  1. Chamei a mensagem de Fé Inteligente, mas este nome não faz juz à tudo que está no texto. Apenas uma parte.
  2. Há duas palavras muito forte unidas. Fé e Inteligência.
  3. Fé é uma palavra polissêmica: fidelidade, força de vontade, fé que salva, fé que remove montanhas, fé como aquele conjunto de coisas em que cremos.
  4. A Inteligência é algo que nas últimas décadas tem recebido novos significados e interpretações. Até pouco tempo atrás era medida pelo QI (quoeficiente de inteligência). Geralmente dizia respeito a habilidade de uma pessoa em resolver questões lógicas e matemáticas, mas descobriu-se que as pessoas são diferentes e tem inteligências diferentes: Inteligência visual-espacial (ligada ao senso artístico e estético), Inteligência linguística, Inteligência matemática, inteligência emocional, Inteligência musical, Inteligência corporal cinestésica (sabe utilizar o corpo de maneira eficiente; apresenta boa coordenação motora; gosta de exercitar-se; tem um amplo controle de movimentos).
  5. Nos últimos anos tem se falado em soft skills que são inteligências periféricas importantes que tem relação com a capacidade de liderança, de gerar bons relacionamentos, e ligadas à perseverança e resiliência.
  6. Curioso que nada disto parece ser realmente uma novidade quando lemos a Bíblia e vemos como Deus usa a vida do homem e como as pessoas que ousaram seguir Jesus se comportaram. A fé e a sabedoria de todos os homens de Deus se apoiou nas qualidades, virtudes e poder que Deus conferiu ao homem quando o criou. Nos foi dada a capacidade de falar, de nomear os animais, de sujeitar e dominar a natureza e, as mais impressionantes virtudes são aquelas que nos permitem nos relacionarmos com Ele. E o que isto significa? Saber ouvir sua voz, aprender a confiar, a usar todos nossos recursos na busca de sua comunhão e vontade, de orar com ousadia e termos as respostas às nossas orações. Em outras palavras, colocar tudo que temos o buscando com todo coração.
  7. Foi o que aconteceu naquele dia.

O TEXTO

  1. 24 E, levantando-se dali, foi para os territórios de Tiro e de Sidom. E, entrando numa casa, queria que ninguém o soubesse, mas não pôde esconder-se, 25 porque uma mulher cuja filha tinha um espírito imundo, ouvindo falar dele, foi e lançou-se aos seus pés. 26 E a mulher era grega, siro-fenícia de nação, e rogava-lhe que expulsasse de sua filha o demônio. – Tiro e Sidom são cidades onde prevaleciam os gentios e geralmente hostis aos judeus. Jesus mantem o que disse: levar o Evangelho a todos. Em Marcos não é a primeira vez que vemos que Jesus tenta, se sucesso, se esconder: o segredo messiânico porque aguarda a hora certa de se revelar. Mesmo sendo um lugar hostil a sua fama chegou lá e a mulher soube disto e não hesitou em procura-lo. A ousadia desta mulher é imensa: faz o que não seria normal aos seus conterrâneos que é pedir ajuda ao um judeu, é de uma nação cuja história com Israel é cercada de percalços, guerras, conflitos diplomáticos e atritos e, ainda dentro da percepção rabínica, deveria ser impedida por ser mulher. Mas quem é ela? Uma mulher que procura ajuda para sua família e sabe que somente Jesus pode ajudar.    
  2. 27 Mas Jesus disse-lhe: Deixa primeiro saciar os filhos, porque não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. 28 Ela, porém, respondeu e disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos filhos. 29 Então, ele disse-lhe: Por essa palavra, vai; o demônio  saiu de tua filha. 30 E, indo ela para sua casa, achou a filha deitada sobre a cama, pois o demônio já tinha saído. – A resposta de Jesus ao apelo desta mãe e categórica da prioridade dos judeus à fé desde Abraão. O Apóstolo Paulo, sabendo disto e seguindo o exemplo de Jesus, sempre começava a pregar por uma sinagoga a judeus e, invariavelmente era rejeitado e se voltava para os gentios. Note a diferença: PRIORIDADE E NÃO EXCLUSIVIDADE! Jesus lhe conta uma parábola dura chamando-a de cachorrinho. O diminutivo faz juz a expressão. Jesus sabendo e prevendo com que trata, alivia o peso da expressão. A mulher não confronta Jesus, ela diz: Sim Senhor! Os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos filhos. Jesus a manda para a casa dizendo que a menina está curada. Ela não duvida, não exige provas, nem exige que Jesus a acompanhe. Ela não volta para casa com dúvidas: ela sabe que o que Jesus disse aconteceu e pronto.  

APLICAÇÕES

A mulher dá uma lição de conhecimento, humildade e perseverança, mesmo o seu desespero não lhe rouba as outras virtudes que parecem, pelo contrário, ficarem ainda mais aguçadas. A resposta de Jesus desanimaria qualquer um de nós que voltaríamos para a casa desesperados reclamando que fomos desprezados por Jesus dizendo que ele era mal educado, machista, interesseiro, falso, bruto, eugenista, etc.

  1. Por que ela dá uma lição de conhecimento? Porque ela foi capaz de encontrar uma possibilidade de ser atendida mesmo na recusa. Ou seja, ela diz que as migalhas que caem no chão quando os filhos comem pão é suficiente para ela. Ela não está se contentando com pouco, ela sabe que o pouco de Cristo já lhe é suficiente. A fé ensinada por Cristo não é uma fé que se contenta com pouco e nem um fé que nos leva ao impulso de desejar cada vez mais. É a fé que acalma o nosso coração sabendo que Deus sempre nos dá o suficiente. Quando o povo foi informado que seria liberto do cativeiro, não sabiam que Deus daria livramento para um povo que não sabia guerrear, um povo que não teria como plantar e colher no deserto, um povo que poderia morrer no frio ou no calor do deserto. Elas apenas precisavam saber que o Senhor guarda e livra os seus. Vivemos num momento estranho em que o muito conhecimento adquirido nos deixou mais medrosos e aparentemente com menos fé. E qual é o problema? Apoiar a vida num conhecimento que é humano e não em conhecer cada vez mais o próprio Jesus.      
  2. Por que ela dá uma lição de humildade? Porque ela não rejeita a recusa e sabe se colocar no seu lugar. Ela aceitou ser chamada de cachorrinho. A mulher percebe que Jesus aliviou, mas ainda assim poderia não estar disposto a atendê-la prontamente. A prioridade são os filhos e não os animais da casa, mas eles também devem comer. Ela apela para isto. Além disto, ela diz, debaixo da mesa, ou seja, num lugar pouco honroso, mas comem. A fé humilde é a que nos coloca no nosso verdadeiro lugar. Ela dá esta lição. Ela sabe até onde pode ir e o que cabe a ela. Não passa dos limites. A ousadia desta mulher respeita os limites impostos. E o que a gente apende com ela? Respeito pelos outros, conhecer seus limites, cumprir suas obrigações, dar razão a quem tem razão, aceitar o bem que recebe com prontidão e gratidão.      
  3. Por que ela dá uma lição de perseverança? Esta talvez seja a mais evidente das suas virtudes. Ela não desiste do seu pedido mesmo depois de uma recusa evidente. Ao contrário de reclamar ou brigar, ela insistiu com palavras persuasivas. Ela nos lembra a viúva da parábola que batia insistentemente na porta de um juiz que não queria atender seu pedido, mas por sua perseverança foi atendida. Jesus não dificultou as coisas para aquela mulher: a situação exigia que ela fosse forte e levasse sua petição até o fim. A perseverança é uma virtude que deve acompanhar toda nossa vida espiritual: oração com perseverança, estudo da Palavra com perseverança, amar o próximo com perseverança, membresia numa igreja com perseverança, uso dos dons com perseverança, aguardar o retorno de Jesus com perseverança. 
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