Mensagem pregada no culto de retorno presencial noturno da IBVB em 05 de setembro de 2021
INTRODUÇÃO
- A pandemia tinha apenas um mês e já circulavam textos afirmando como seria, ou como será, a igreja Pós-Pandemia, o Novo Normal, o fim disto, o início daquilo. O mesmo vale para o final dos tempos também. Já marcaram data, já erraram muito. Um servo de Deus deve entender uma coisa: estas coisas são como testes que produzem em nós aquilo que Deus deseja. Os tempos mudam e são imprevisíveis, mas nossa fé e relacionamento com Cristo devem sempre ser os mesmos.
- Há quem odeie passar por testes e, de verdade, nem sempre é uma experiência boa, mas só quando somos testados e provados é que nossa força, nossa fé, nossas palavras são testadas e aprimoradas. As provas de Deus não são para reprovação, mas para nos lançar mais alto e mais longe.
- Estes testes são na vida prática e para valer. Não são brincadeiras para nos divertir. Mas elas tem propósito claro e a presença de Cristo sempre.
O TEXTO
- 35 E, naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes: Passemos para a outra margem. Jesus estava cansado, mas ao mesmo tempo agia para chegar ao outro lado da Galileia para pregar lá e viver os desafios do Reino para aquelas pessoas do outro lado. A mesma mensagem, o mesmo poder, os mesmos desafios, mas agora num lugar novo. O próprio Jesus caminhava para ver pessoas novas, circunstâncias novas e desafios novos. O que aconteceu do lado de cá da margem não o desanimou e por isto estava fugindo. Pelo contrário, no tempo certo e da forma certa estava seguindo em frente com a sua missão. A multidão do lado de cá da margem ainda estaria na sua vida por muito tempo e em situações muito dramáticas. Jesus tinha em vista desafios e não fugiu deles. O mesmo vale para a gente com o exemplo dele. Desafio não é só dificuldade, mas pode ser que gente tenha que vencer também um grande inimigo que temos: nós mesmos.
- 36 E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia também com ele outros barquinhos. Jesus permaneceu no seu ponto de pregação e o levou consigo, carregou o eu púlpito: o barquinho! E foi seguido por mais pessoas que já o acompanhavam, mas que não tinham noção do que os aguardava. Andar com Jesus já tinha se mostrado desafiador, mas agora iam navegar com ele. Para Jesus cabem todos os elogios e classificações: Senhor dos Senhores, Médico dos Médicos, mas também cabe o Pescador dos Pescadores, O Navegador dos Navegadores, O Manso dos mansos. Andar com Cristo não é tarefa para desavisados e medrosos. Aqueles homens estavam no embalo da sua curiosidade.
- 37 E levantou-se grande temporal de vento, e subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia de água. – a região encontra-se numa depressão geográfica sujeita a tempestades a qualquer hora. Neste caso era um ventania muito intensa que removeu o mar. A tempestade não foi necessariamente uma surpresa, mas sua intensidade sim. Os barquinhos utilizados não tinham condição de suportar tanto volume de água. Este barquinhos também são muito simbólicos da nossa própria vida: barquinhos pequenos, frágeis, fáceis de naufragar, navegando mares muito bravios, mas não vão naufragar se o Jesus estiver no barquinho. A vida prega peças duras na gente, mas com Cristo podemos superar tudo que acontecer.
- 38 E ele estava na popa dormindo sobre uma almofada; e despertaram-no, dizendo-lhe: Mestre, não te importa que pereçamos? – o medo dos discípulos era real e temiam morrer. Jesus é repreendido pelos seus discípulos e poderia ter ficado magoado com eles por causa da dureza das palavras. Jesus, deitado na popa, sofria os solavancos mais intensos do balanço do mar pelo vento, mas continuava dormindo. A calma de Jesus aponta que aquela tormenta não os mataria. Sua calma é completa. Não era um tormenta intensa o suficiente para preocupar Jesus, mas apenas os seus discípulos. E esta é uma questão importante: não é o quanto um problema é difícil ou grande para nós, mas o que pode ser tão difícil e grande para Jesus. E a resposta é simples: nada e nem ninguém.
- 39 E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança. Jesus não repreendeu os seus discípulos e não importou-se com a reprimenda. Por meio da sua Palavra ordenou que o mar se calasse e aquietasse. Ele trata o mar com um ser que lhe ouve, entende e obedece. Temos uma lição aqui. Quando nosso coração está agitado, ele obedece tão prontamente ao acalme-se de Jesus? Um comentarista do texto afirmou que Jesus usou as mesmas palavras para o mar que usou contra Satanás representando que em todas estas situações o maligno estaria atrás tentando frustrar os planos de Deus. De qualquer forma, lugares muito agitados, barulhentos e confusos dificilmente correspondem a um ambiente para Cristo. Elias, o profeta, teve esta lição quando Deus lhe falou por meio de uma brisa suave.
- 40 E disse-lhes: Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé? – Este versículo é daqueles que faz lembrar as aulas de grego no seminário. Por que sois tão tímidos, ou Por que vocês tem tanto medo? Ainda não tem fé? Agora é a vez de Cristo repreender os seus discípulos. Jesus estaria exigindo muito deles? É certo que não porque já tinham testemunhado o suficiente para saber que Jesus os guardaria. É interessante como a fé é algo que parece depender da gente porque é algo que temos ou não temos, mas também é algo que nos leva a confiar e a entregar totalmente a vida nas mãos de Jesus. Perceba a bronca de Jesus: Ele não perguntou: Vocês não sabem navegar direito? Vocês não sabem nadar? Vocês não confiam nos barcos que tem? Vocês não estão cansados de saber que o mar aqui se agita pelos ventos? Vocês estão com medinho da morte? A pergunta foi: vocês não confiam em mim?
- 41 E sentiram um grande temor e diziam uns aos outros: Mas quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem? – Já tinham visto Jesus enfrentar e expulsar demônios, curar doentes e responder e ensinar com grande autoridade. Mas nunca tinham visto um poder tão grande e nem cogitado que Jesus o tivesse. Aquele hora que o temor é aumentado porque Jesus mostrou que tem autoridade sobre todos e tudo. Não apenas sobre a vida espiritual, mas sobre o mundo material.
O QUE APRENDEMOS?
Foi um final de tarde e início de noite de aprendizado muito intenso. Ficou na memória dos discípulos e chegou até nós e, como nada na Bíblia é a toa, a gente também é desafiado e confrontado com a história. Os discípulos sempre nos representam nestas histórias. E o que ficou depois da tempestade, o que ele deveriam discutir após ter passado por esta experiência.
- Os desafios de fé e vida cristã sempre são confrontos com nosso medos, pecados, distrações, falta de foco. Um desafio missionário nunca é o dinheiro em si, mas a coragem dos que vão, a generosidade dos que contribuem, a espiritualidade dos que oram, a competência dos que informam. O desafio dos que trabalham na igreja nunca é, em primeiro lugar sua capacidade técnica, mas sua capacidade de trabalhar em equipe, de obedecer, de pensar no todo e não apenas em si mesmo, o desafio é sempre o que nos toca por dentro mais fundo.
- Entrou no barquinho? Vai enfrentar tormentas. Quem vive e trabalha para Cristo tem os desafios e os problemas como café da manhã todos os dias, mas vai dormir tranquilo toda noite se não naufragar na fé. O barquinho de Jesus nunca naufraga.
- Só vai se apavorar quem ainda não reconheceu o senhorio pleno de Cristo em todas as coisas. E senhorio pleno é senhorio pleno, nada lhe escapa!