ZYGMUNT BAUMAN MODERNIDADE LÍQUIDA COMENTÁRIOS

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Seria muita ousadia supor que poderia fazer uma resenha do texto de Bauman diante da enxurrada de comentários e textos de altíssima qualidade que temos na internet, mas não quero deixar de tecer meus comentários da obra deste autor polonês que, ao lado do francês Gilles Lipovetsky (1947), destacam-se no debate e esclarecimentos sobre o que seja o nosso tempo. Não sou sociólogo e nem filósofo, sequer teólogo. Mas considero válido o exercício.

Os nomes dados a atual condição contemporânea são muitos e todos de alguma forma parecem muito apropriados. Desde meu primeiro contato na década de 1990 com o termo Pós-modernismo através do livro de Stanley Grenz (autor evangélico de peso) que toma emprestado de autores como Focault e Derrida, ainda surgem termos como modernidade tardia, hipermodernidade (termo preferido de Gilles Lipovetsky, autor francês oriundo do mundo da moda e, muito relevante neste debate), modernidade liquida, etc. Algumas parecem expressar muito mais o status cronológico contemporâneo, ou seja, algo que veio depois da modernidade, outros parecem dizer que vivemos uma exaltação dos tempos modernos e, na proposta de Bauman, a tentativa de realmente descrever nosso tempo. Neste mesmo livro, que parece fechar uma saga com Modernidade e Holocausto e Amor Liquido, entre outros, ele sugere que o papel do sociólogo é o de espremer as possibilidades analíticas de compreensão da realidade para formar um substrato que permita a inteiração com esta mesma realidade. Foge, claramente, do que comumente se pensam dos sociólogos, como aqueles que simplesmente leem a realidade.

Zygmunt Bauman (Poznan, 19 de novembro de 1925) é um sociólogo polonês.  Serviu na Segunda Guerra Mundial pelo exército da União Soviética e conheceu sua esposa, Janine Bauman, nos acampamentos de refugiados polacos. Nos anos 40 e 50 foi militante entusiasmado do Partido Comunista Polonês, até desligar-se da organização devido ao fracasso da experiência socialistas no leste europeu. Graduou-se em sociologia na URSS e, por seu status de combatente, conseguiu ascender socialmente: saiu da condição modesta que seus pais lhe propiciaram durante a juventude e tornou-se professor universitário. Iniciou sua carreira na Universidade de Varsóvia, de onde foi afastado em 1968, após ter vários livros e artigos censurados. Emigrou então da Polônia por causa de perseguições antissemitas e na Grã-Bretanha tornou-se professor titular da Universidade de Leeds (1971 em diante). Recebeu os prêmios Amalfi (1989, por sua obra Modernidade e Holocausto) e Adorno (1998, pelo conjunto de sua obra). É professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia. Para ele a tarefa da sociologia é de trazer autonomia a uma sociedade que conhece sua enfermidade, mas nunca é possível uma posição neutra.

A Modernidade é líquida porque está em clara oposição à modernidade passada, sólida (fordista), na qual os postulados não são mais fixos, os relacionamentos não são mais duradouros, as verdades são transitórias. O que é líquido toma a forma de onde se encontra, evapora, mas também se mistura e assume novas colorações nas suas múltiplas combinações. Momento de transitoriedades, de efemeridades, de trocas, de suspensão.

As teses de Marx e Weber são importantes neste diálogo, mas com destaque para o que Marx diz: a necessidade de desconstruir todas as instituições. Ele não citou que ao final da vida, Marx tira o foco da luta de classes e se volta para a família, mas verifica este fenômeno ao lado da classe e do bairro. Não se busca mais suplantar uma velha ordem de coisas para o surgimento de uma nova ordem. A velha ordem das coisas tinha seu conceito fixo de espaço tempo, ou seja, ganhar o mais rápido possível o maior número de terras, um conceito sedentário de conquista, expansionismo. Na modernidade liquida, o nomadismo deu seu golpe, ninguém deseja permanecer sob o ataque das superestruturas, todos se movem rapidamente de lugar em lugar, e novos conceitos de conquista, sociedade, etc, estão em ação. A partir de então ele afirma sua visão a partir de cinco parâmetros, que de certo modo descrevem toda a realidade humana: emancipação, individualidade, tempo x espaço, trabalho e comunidade.

A crise do Iluminismo, a crise do Fordismo, que considera um grande ícone da modernidade sólida, as duas Grandes Guerras, o avanço das tecnologias na área das informações, a queda do Muro de Berlim, o fim das potencias comunistas, o avanço das potencias capitalistas, as novas tiranias e ditaduras implantadas em países principalmente do conhecido terceiro mundo e suas consequentes quedas, o avivamento das quase moribundas religiões do liberalismo, o fenômeno da globalização ou do globalismo, figuras importantes nas mais diversas áreas como Marx e Engels, Freud, Darwin e Einstein são elementos do final do século XIX e do decorrer do século XX que se mesclam, confundem e fazem desmoronar a antiga e solida estrutura. Tal é o substrato plural que nenhuma simples dicotomia é mais capaz de explicar as novas pluralidades.

¨Oh! Qu’elle est belle notre chance

Aux milles couleurs de l’être humain

Mélangées de nos différences

A la croisée des destins. ¨[1]

EMANCIPAÇÃO – O período próspero de três décadas após as guerras do século XX trouxe-nos a ideia de que o homem podia se libertar da sociedade e ser livre, mas a liberdade traz seu preço, preço que muitos não são capazes de pagar. Aqui se questiona se a liberdade é realmente possível já que ela deve ser sempre limitada pelos direitos inerentes ao outro, então, por um lado é anarquia e desrespeito aos direitos do outro, noutro sentido não é liberdade porque há um limite dado pelo outro sobre até onde se pode ir. Neste sentido, desaparecem os conceitos definidores do indivíduo como ser social e quase não há mais amarras e prisões para se libertar, ele está solto, mas não livre. A definição de sujeito passou da generalidade para o conceito particularizado. Assim, a benção da liberdade desejada é uma maldição de sujeitos liquefeitos e quase que impossivelmente reagrupáveis. Uma das consequências disto é a queda da crítica que era presente na pesada, sólida, condensada e sistêmica modernidade, o que Bauman chama de crítica de acampamento, ou seja, cada lugar com suas regras e não mais com postulados que tendiam a uniformização da sociedade, com as ideias mecanicistas e repetitivas fordistas. Daí a falta de engajamento social, de preocupação política e alta do hedonismo. A identidade pós-moderna é de um projeto não realizado. Sempre à frente, nunca pronto. A pior coisa talvez, neste presente tempo, seja o fim de algo, sua conclusão, porque o fim significa ser lançado no vácuo.  O pertencimento é fabricado, ou seja, não há mais acomodação de berço, só se é algo pelo exercício deste algo, diferentemente do passado, no qual o berço era determinante. Nascia-se algo e se morria este ago. Hoje nós construímos, nós vendemos e nós compramos, fingimos e elaboramos uma imagem, muitas vezes mais valiosa que a essência. Existe uma reorganização do que é chamado espaço público, no sentido de que a tentativa de uniformização moderna cede espaço ao indivíduo, emancipado do coletivo, o espaço público é projetado para o indivíduo, mutável, transformável, adaptável, estar-se perdido na multidão. O indivíduo, neste sentido, é inimigo do cidadão e ambos não coexistem e nem podem. A emancipação está dada, ainda que não completamente, nada detém mais o poder sobre o indivíduo, nem a filosofia, nem a religião e nem o Estado detém poder sobre esta nova criatura emancipada, multifacetada. Tal liberdade traz um peso sobre o indivíduo, como no caso do Egito, onde ficou impossível não parecer preguiçoso porque a tarefa estava acima da capacidade, logo inatingível mesmo como todo esforço e um pouco mais, está é uma metáfora utilizada por Bauman fazendo analogia entre este ser emancipado e a saga dos Hebreus no Egito. Este indivíduo se vê também em tempo em que há uma espécie de coletivização do privado, o Big Brother, onde o individual é fruto do interesse do coletivo, uma clara tensão entre o direto à privacidade e a angústia da necessidade da vida coletiva. Neste sentido, as redes sociais trabalham dando ao sujeito o direito de publicar (coletivizar) somente aqui que lhe é interessante, pertinente e que, aos seus olhos lhe trazem valor. É o tempo dos famosos por 15 minutos, ou por milhões de visualizações.

INDIVIDUALIDADE – Um mundo no qual onde se corre muito para se conseguir ficar no mesmo lugar, a mobilidade digital, virtual o nomadismo sedentário. Tem-se a estranha sensação de que muitas coisas acontecem, mas nada de fato é realmente novo, porque não é novo na essência, o que faz pesar a necessidade das mudanças, reinterpretações do mesmo. Foi um erro achar que o fordismo dedicado à produção, ora escravizante ora um círculo de dependências, poderia ser suplantado na vida privada, mesmo longe da fábrica tudo ainda girava em torno dela, porque há a necessidade de que se consuma o que lá se fabrica, surgindo agora o sujeito que de fato se depreende deste círculo e se traveste de um novo modelo de cidadão, que não é de fato cidadão. Com bons salários os trabalhadores não poderiam ter uma boa vida, mas antes estarem presos ao consumismo fordismo, como se o dinheiro já tivesse destino certo, mesmo estando nas mãos do seu provável possuidor. O capitalismo não desmontou as autoridades, mas ao criar várias delas, as colocou em oposição, por isto, acima da autoridade, hoje em dia, está o exemplo, exemplo individual, não institucionalizado, não agremiado, não coletivo. Neste sentido, todos os recursos para a felicidade só podem ser encontrados em nós mesmos. Consumo já não é questão de ter e de ser, mas de liberação de instintos, de pulsões ora de morte ora de vida, uma realização do princípio do prazer no princípio da realidade: compramos e estamos realizados. Até a próxima compra – claro! Quem tem valor é quem consome e não quem produz. Saúde, por exemplo, é sinônimo de aptidão para a vida, de ser comprável, a nova mais valia. Comprar é exorcizar a insegurança, insegurança instaurada e perpetuada.

TEMPO X ESPAÇO – Os lugares públicos e privados estão em constante tensão.  A cidade é como assentamento de estranhos que podem se encontrar. A modernidade liquida traz à tona a existência de novos espaços, que de fato não são novos, mas reinvenções da nova mentalidade líquida, transitória, tensa. O lugar êmico que seja o lugar de compartilhamento, mas ao mesmo tempo de antipatia, praças com prédios lindos a sua volta, mas inacessíveis, seguros, vigiados, controlados. O lugar antropofágico, que seja o lugar de competição, de disputa, de vaidades, de aparências, de demonstração de força econômica e de poder como os Shoppings Centers. O não lugar, que é feio e evitável, como as favelas (comunidades – como no politicamente correto), e aqui ele nos lembra da viagem dele de carona por lugares belos, mas que levou duas horas e, depois de taxi por lugares feios em 10 minutos. O não lugar está absorvido pelo lugar êmico ou à margem dele, não é considerado. Os espaços vazios. O espaço público, que seria o espaço da civilidade, onde estranhos se encontram, mas, nunca se esqueça o que nos ensinaram nossos pais:  “não fale com estranhos”. O espaço da civilidade é ambiguamente o mais perigoso! A relação tempo e espaço na modernidade tinha relação direta um com o outro. Ocupar espaço era a meta dos povos, estar presente era o sinal de poder. Volume ou tamanho era fundamental. Estar presente no espaço era tudo. Na modernidade líquida, na supervelocidade, os softwares diminuíram a zero necessidade de estar presente fisicamente, substituindo-a pela presença virtual (confference calls, redes sociais) perdeu-se a necessidade de estar presente. Uma consequência disto nos parece à celeridade do aumento dos divórcios. As pessoas sentiam necessidade do contato umas das outras, hoje não, acham que podem vivem sozinhas. Distância e tempo estão desaparecendo, relativizando-se. Vivemos a descorporificação: trabalho sem o corpo, vida sem corpo.

TRABALHO – No fordismo o trabalho é progresso construído pelo coletivo. Todos os males vêm da sua ausência, ausência de trabalho estava diretamente ligada à ausência de dignidade e de pertencimento. Na liquidez é tarefa individual, desligada do coletivo e já não há ideologia hoje que ligue o comunitário nem mesmo líder que claramente o possa fazer. O trabalho perdeu seu status de mantenedor. Assumiu caráter estético. Virou coisa. Produto. Homens de pensamento e de ação uniam-se no propósito de construir uma nova ordem, que seria, a priori, duradoura – a relação capital e trabalho, criando a estetização do trabalho. A mudança do paradigma de longo prazo mudou para curto prazo. Antes alguém começava e terminava a vida na mesma empresa, um trabalhador médio hoje muda de emprego cerca de onze vezes ao longo da carreira. Bem-estar, retorno rápido, independência, chefias amigáveis, benefícios, disputadas por uma crescente e ávida população, na estrutura familiar vemos o mesmo efeito: do casamento a coabitação. “A incerteza do presente é uma poderosa força individualizadora”[2]. A leveza do capital privilegia o que é leve, sem compromisso, solto, sem peso. Nas atividades econômicas, podemos falar em perfis na relação empresa x empregado e há quatro pessoas: manipuladores de símbolos (inventores de ideias vendáveis), reprodutores de trabalho (educadores e promotores de bem estar), serviços pessoais (encontram face a face com os que querem o serviço), trabalhadores de rotina (dispensáveis intercambiáveis). Quanto aos últimos, menos leais e desconfiam de qualquer compromisso com a empresa que os emprega, ainda mais que os outros, procrastinadores, demonstram a luta da libido contra o thanatos, onde cada adiamento representa vitória da libido contra a morte. Aqui também, a total satisfação representa um fim de estrada.

COMUNIDADE – É o âmbito onde a resistência à liquefação é mais evidente. Está na nossa gênese o espírito de grupo antes da individualidade. Paradoxalmente, os mais letrados, que poderiam se reinventar, são, por sua natureza, os mais calcados no passado. A busca desenfreada pela identidade comunitária, pelo sentimento de pertencimento, uma vez que o próprio nos parece cada vez mais improvável, surge quando à mesma é impossível existir. Nossa identidade está na comunidade que fazemos parte e/ou da qual originamos. Em certo sentido, nos é natural procurar transcendê-la, mas isto implica também, grosso modo, negá-la, tornar-se outro e, por conseguinte, a negarmos, fugindo. O patriotismo, como manifestação do ideal comunitário é produto de escolha e decisão. O nacionalismo, outra faceta deste espirito, ocorre como fatalidade, pertencimento fatalista incondicional, o ser apenas mais um de nós. O primeiro tolerante, o segundo não. O indivíduo não mais se define pelo seu locus. Conhecê-lo é produto de uma engenharia muito mais complexa a partir de dentro do mesmo. Na modernidade sólida poderíamos saber quem é quem pelo simples endereço do mesmo, hoje não é assim, as identidades se misturam. A comunidade é como meio de evitar olhar o outro mais profundamente pelo pressuposto de que somos iguais, quando já não mais os somos. Nos eternizávamos pelo outro, pela sociedade, agora nos destacamos, despontamos, marginalizamos. O corpo é, ao lado da comunidade, o novo limite. O Estado não oferece mais nenhuma segurança, se é que ofereceu, no sentido da segurança, somos pós-estatais, cada vez mais abandonados aos nossos próprios cuidados, estando sujeitos a tudo. Paradoxalmente, toda guerra evitada parece prover tensão suficiente para destruir muito mais que a própria guerra, pois nesta se dá o direito às partes de levar a cabo suas demandas, sem o incomodo de ideias alheias e estrangeiras. Exércitos de um homem só, pessoas se ligando a grupos idealistas sem o gene dos mesmos. Comunidades explosivas de limpeza étnica e territorialistas têm crescido em meio a liquidez do nosso tempo.  Não ocupamos lugar no tempo espaço, mas exercemos um papel dentro do teatro com papéis muito bem marcados, fazendo com que a sociabilidade seja, pelo avesso, o aprofundamento da solidão. Coletivo da solidão. As novas gerações cada vez mais se negam a desempenhar um papel, a identificar-se, defendendo e levantado bandeiras. ¨O mundo que habitamos é um território flutuante em que indivíduos frágeis encontram uma realidade porosa¨3] –  Michel Maffesoli.

Os projetos dos super-heróis falharam e a fonte da juventude não foi encontrada. A fraqueza e a morte escancaram suas boas tragando a todos. Derrotados que fomos por todos os desacertos do passado, agora perecemos diante da inoperância coletiva assassinada pela emancipação individualista. Está abandonada a locomotiva da história, saltamos muitas estações atrás, mas é necessário retomar os vagões e assumir novamente a direção.

O egoísmo solapou a humanidade sempre, e a individualidade do nosso tempo tem secado a fonte das ações públicas e coletivas e, em sentido quase religioso, é uma crise de fé. Para um mundo sem solução que cada um cuide de sua própria vida. Que as diversas relações estabelecidas o sejam no sentido mais comercial possível – o da satisfação dos desejos.  Até mesmo nos protestos coletivos, que andam comuns por aqui, pessoas têm defendido seus interesses particulares e muitas vezes estão alheias ao movimento no qual elas se encontram presentes. Mas este estado de coisas parece com seus dias contados, as tensões são altas e uma nova conformação da realidade parece surgir no horizonte. Abafados pelo império do politicamente correto, percebe-se o aumento das tensões, assim como o tom e intolerância, em uma eminente implosão do coletivo em uma nova acomodação. O politicamente correto posiciona-se como politicamente neutro, em cima do muro. Quem, em sã consciência, pretende mudar o mundo e fazer justiça de cima do muro?

Tempo não é dinheiro, tempo é vida. Espaço não nos deve dar ocasião ao isolamento porque são poucos os que de fato fazem mau uso dele. Deteriora-se muito mais pela inoperância dos agentes responsáveis do que pelos esforços, ou abandono e depredação de uns poucos com interesses outros, ainda que em muitos casos legítimos.

Existe no contemporâneo um erro estratégico, como demonstrado pelo próprio Bauman de que sendo necessários oito homens para carregar um grande tronco inteiro em uma hora, não será possível um só homem para carregar sozinho, mesmo que sejam oito horas. Partimos o tronco e agora queremos remenda-lo. A modernidade líquida julga poder dividir o fardo da humanidade em partes menores e distribuir a carga com todos, mas esquece de que esta realidade não se parte em pedaços e que a única maneira de transportar tal carga e por meio do trabalho conjunto e simultâneo de todos. Vivendo galopantes taxas de desemprego e de desindustrialização, é hora de remendar o tronco e unir os esforços de oito homens. Parte dos problemas do emergente modelo social, muito mais liquefeito, de atender às demandas sociais dos direitos dos trabalhadores, reside na incompetência da administração e na impossibilidade de antever tais transformações, mas também, na cada vez mais transitória e curta relação do trabalhador com seus empregadores. Tenta-se manter uma estrutura com um paradigma antigo, sólido, duradouro, resistente, de longo prazo, com os quase findos recursos da nova ordem, breves, parcos, de curtíssimo prazo. O novo modelo de deve ser um modelo de contar moedinhas, porque os recursos acabaram.

E, por fim, sim temos muito em comum. Muito pelo que lutar juntos, o que preservar. A percepção é de que um basta nos parece muito próximo. Já nos incomoda o Grande Irmão, já nos incomodam demais os políticos, já nos incomodam demais os libertinos, já nos incomodam demais os que fazem do público particular. As empresas de medicamentos já faturam demais com paliativos para crises de identidade, de ansiedade, de personalidade, de humor, dos muitos que estão de fato desintegrados de tudo que se poderia chamar de seu.

Que algo, depois disto tudo, venha logo!

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(1) Música da Banda Francesa ZAZ:
Oh! Como é bela a nossa sorte
As mil cores do ser humano
Mistura de nossas diferenças
No encontro dos destinos
(2) Frase extraída da página 170.

(2) Conforme página 238.

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