Sois espirituais? Uma questão de ser ou não ser.
“Ainda sois carnais. Pois havendo entre vós inveja e contendas, não sois carnais e não andais segundo os homens? 1 Coríntios 3.3
Nós pregamos a transformação de vidas. Isto significa que, a princípio, um cristão é alguém que tem sua vida modificada conforme a imagem e semelhança de Cristo. Em nossas conversas é muito comum afirmarmos que somos diferentes das pessoas que chamamos de “pessoas do mundo” ou ímpios. Não é assim? Pois bem. Reflitamos.
Em primeiro lugar, ser diferente não é apenas uma questão de fazer contraste com os outros como os movimentos jovens, de moda ou mesmo de arte fazem. Ser diferente não é, como muitos podem pensar, uma questão de “dar uma nova resposta”, “criar um novo conceito”, “olhar as coisas sob um novo ponto de vista”. Nada disto. Não devemos fazer nada por comparação ou pelo simples fato de fazer diferente. Como cristãos assumimos novos conceitos e paradigmas por entendermos, em tese, que estes são mais do que melhores ou corretos, são em si mesmos, o caminho da vida verdadeira. Fico apavorado quando vejo pessoas dizendo estar seguindo a Cristo por ser um caminho melhor, como se comparassem o mesmo com outros e, como em um supermercado, comprassem o produto que lhes fosse mais agradável. Por outro lado me alegra quando vejo outros dizendo não enxergar outro caminho senão Jesus. É assim que vejo: não há outro caminho senão Jesus. Se um dia ele se provar incerto (e sei que isto não acontecerá), não haverá solução para mim e terei vivido em vão.
Em segundo lugar, assumimos um compromisso com os ensinamentos de Cristo. Gostaria que você lesse os 10 mandamentos em Êxodo 20 e em seguida lesse, também, os Capítulos 5, 6 e 7 do Evangelho de Mateus, onde vemos o Sermão da Montanha de Jesus. Vejo estas leituras como leituras complementares. Ali vemos os conceitos, verdades e mandamentos da nova vida em Cristo. Considero como questões elevadas que devemos seguir como um grande desafio para nossas vidas. Vemos ali coisas importantes e cruciais como: amar a Deus, não se curvar diante de outros deuses, não cobiçar coisas alheias, separar um dia de adoração a Deus, ser luz e sal, quais os segredos da verdadeira felicidade, que desejar mal é o mesmo que matar, amar os inimigos como forma de sermos semelhantes a Deus em Cristo, sob a prática particular e secreta da oração, o cuidados com as falsas profecias e os falsos profetas, o caminho verdadeiro e o falso, e muito mais. A prática destes princípios não apenas enobrece nossa vida aqui na terra, com se isto fosse importante, mas no prepara para a vida no céu. Penso ser injusto da parte de Deus reforçar tão vividamente tais conceitos se eles não servirem, ao mesmo tempo, como base da nossa vida celestial. A Vida no Céu começa na terra.
Uma terceira coisa importante é a facilidade estranhíssima com que aceitamos atos, palavras e pensamentos comuns aos ímpios em nossas vidas. Peço a Deus que isto não sirva para você. A questão é que nos sentimos cheios de razões para um montão de coisas e saímos atropelando, literalmente, tudo e todos a nossa frente. Vivemos o tempo de humanização desenfreada de tudo, ou seja, o homem se vê como centro do Universo. Hoje não é Deus quem ocupa esta posição de destaque, nem mesmo a ciência, somos nós. Esta verdade se reflete no dito mundo cristão também. Gente mandando em Deus, querendo ser Deus, rogando a si autoridade que por ninguém foi dada. Mais tudo isto é muito camuflado. Quem olha de fora deve ficar pasmo com a falta de autoexame de muitos. Diante de toda a pretensa espiritualidade o que vemos é gente brigando, discutindo e gritando, cristãos sem alegria nenhuma (às vezes mais tristes do que o tal do “ímpio” que tanto criticam), vivendo vidas incompletas e sem realizações, envoltos em confusões da carne e da alma, sem amor, sem misericórdia e sem a Graça de Deus.
Pra nossa sorte o Espírito Santo e a referência cristã maior, que é Jesus, ainda reinam e operam no nosso mundo. Ainda temos a pretensão de que o mundo se converta por meio do exemplo de nossas vidas porque, afinal de contas, somos Luz e Sal do mundo, temos o Espírito de Deus e a Palavra do Eterno. Pois bem, assumamos a nossa postura de fato.
Não peço que você olhe para os outros, mas assuma este compromisso consigo mesmo: sou diferente, portanto, vou viver como alguém diferente.
A seguir faço uma pequena lista de coisas ruins que vejo para sua reflexão, espero que você possa complementá-la e refletir seriamente: impaciência, inveja, falta de autoexame constante, falta de conhecimento da Bíblia, falta de oração, desconhecimento da operação do Espírito Santo, desconhecimento dos principais temas da Bíblia como forma de se fortalecer, achar que debates acalorados, pequenas discussões e desentendimentos são bons e edificantes, só se dar com pessoas que pensem como você, ver a igreja como um escape ou um lugar de satisfação de todos problemas e frustrações, achar que não se tem obrigações para com a igreja e para com os irmãos de modo geral, ser alheio a tudo por desinteresse ou mesmo por medo, achar que não devemos uma resposta coerente e verdadeira para mundo lá fora podendo viver do jeito que achamos melhor.
Reflita meu irmão. As coisas não podem ficar como estão. Precisam mudar.
Pastor José Martins Júnior
Março de 2007