“Porque ele me ama, diz o Senhor, eu o livrarei; pô-lo-ei num alto retiro, pois conhece o meu nome. Ele me invocará e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia, livrá-lo-ei e o glorificarei. Dar-lhe-ei abundância de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.”
Percebo sempre que leio artigo de pastores uma tendência, que de fato é boa e não questiono isto, de convencer o leitor, geralmente as próprias ovelhas, do quanto se tem razão e lógica sobre determinado assunto. A razão é simples: tentar pelo convencimento provar uma tese e provocar uma mudança radical de comportamento para bem, é claro, tentando fazer com que os fiéis vivam vidas de “pessoas realmente fiéis”.
Na verdade, penso eu e esta é a minha tese, de que no fundo o recado é o seguinte: “façam o que estou dizendo e verão que tenho razão e terão sucesso em suas vidas”. Mas Deus, nem mesmo a dinâmica da vida cristã se sujeitam a isto. O padrão é outro: Comunhão pela comunhão, fé pela fé.
Além do mais defendo ainda outra idéia: não podemos ter certeza do que Deus pode fazer nas nossas vidas se andarmos de verdade nos seus caminhos. Não estou falando de imprevisibilidade, como se fossemos pequenas folhas de uma árvore qualquer solta em meio a um tornado. Falo, na verdade, sobre o tamanho do que pode nos acontecer e, mais do que isto, experiências espirituais de alegria indizível, de presença do Espírito Santo, de ouvir a voz de Deus, de ter resposta de orações, de vencer desafios, principalmente aqueles que tratam dos males da alma e do coração.
Para isto, no entanto, chamo a atenção de todos para a nossa negligência espiritual. Aponto também para velhas “fórmulas esquecidas” como forma de viver a vida espiritual. Quero também que você aprenda o que é realmente satisfazer-se na presença de Deus, algo que custa caro e quase nunca é tão imediato.
A primeira coisa fundamental é a vida devocional individual. De fato, quero dizer: sua vida de culto a Deus. Normalmente entendemos culto apenas nas igrejas. Ele é importante? Claro que é. Mas sem dúvida o mais importante é seu culto diário na presença de Deus sozinho. Você acha que precisa de um grupo perto de você, de uma equipe de louvor ou algo parecido? Você não precisa. Basta que leia a Bíblia com atenção e ore com fervor. O tempo também é irrelevante, ainda que eu pense que você poderá ficar cada vez mais tempo na presença de Deus. Não se esqueça que não estou falando de sucesso ou mesmo de resultados, mas de comunhão e fidelidade.
A vida devocional também inclui o culto doméstico. O culto doméstico é o maior desafio de uma família cristã, ou pelo menos de parte da família, quando nem todos são crentes. Todos se conhecem de verdade e tem dificuldade para se comunicar dentro da Palavra. Ali não há falsidade nem mentiras que passem sem ser percebidas. O culto pode ser curto: uma breve leitura bíblica com brevíssimo comentário e uma oração tratando das questões realmente ligadas a família naquele momento. Mas é importante que você comece ainda hoje a fazer.
Outra questão séria é nossa relação com a Bíblia. Sejamos sinceros: anda mal. Ouvia esta semana três cantores evangélicos falando sobre sua relação com a Bíblia. Pelo menos em tese eles são também pregadores dela. Nenhum dos três já a leu inteira pelo menos uma vez. O pastor que os intrevistava passou panos quentes na questão e até, de certa forma, tornou honrosa a situação. Sei que pode ser um peso para muitos, mas, o certo é que ela também deve ocupar uma centralidade na nossa vida. Deus a deu como presente para nós. A Bíblia é negligenciada até nos cultos quando o pregador a usa como pretexto para falar o quer ou mesmo quando a lê, mas não a explica de modo adequado para depois aplicá-la a vida dos que ouvem.
Você sente um vazio de Deus no seu coração? Em dúvidas de que está vivendo a vida cristã de verdade? Tem a nítida impressão de que está de certa forma incompleta? Sente-se diferente e deslocado quando vê outros manifestando satisfação na presença de Deus. Pois é. Talvez a causa esteja no fato de que estamos negligenciando nossa vida devocional, nossa vida cristã.
Tome uma decisão firme de mudar e planeje como fazer isto em casa com a família. Pegue a Bíblia mais vezes por semana para ler, ainda que a princípio para leituras aleatórias e rápidas, mas não sem reflexão sobre a mesma. Compartilhe suas descobertas e pergunte aos outros como andam em sua vida devocional também.
Vamos voltar neste assunto em outra Pastoral ou em mensagens na igreja.
Deus nos abençoe para vivermos cada vez mais parecidos com aquilo que realmente somos: filhos D’Ele.
PASTOR JOSÉ MARTINS JUNIOR
AGOSTO DE 2006