PRÉ-MILENISMO CLÁSSICO OU HISTÓRICO

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Em Faculdades e Seminários Teológicos Tradicionais, o curso de Teologia Sistemática possui 4 módulos. Sendo que no quarto módulo se estuda Escatologia (O Fim dos Tempos – para quem tem esta leitura de que haverá um fim). Lecionei esta matéria na Faculdade Teológica Batista Paulistana no segundo semestre de 2005. Abaixo o esboço de uma aula sobre Pré-milenismo que pode ajudar estudantes de Teologia.
 

Pré-milenismo Clássico ou Histórico
  1. Talvez seja a posição mais antiga defendida desde o início do Cristianismo, principalmente por uma metodologia mais literal de interpretação da Bíblia, por mais ou menos 250 anos. Pentecost e Grudem defendem esta posição. 
  2. Entende-se aos próprios Apóstolos e seus sucessores como sendo pré-milenaristas, sobretudo por serem judeus
  3. A obra Patrística o assevera (Clemente de Roma, Justino Mártir, Irineu, Tertuliano, etc.). Os mesmos chegavam a chamar de “hereges” os que negassem o pré-milenismo
  4. A posição perde força no século III com Gaio, Clemente de Alexandria, Orígenes e Dionísio. Orígenes na verdade desencadeou a interpretação alegórica das Escrituras, sobretudo no que diz respeito à corrupção inerente da matéria (Cristo não poderia ter sido “carne”, nem o será)
  5. Normalmente os que defendem esta ideia são pós-tribulacionistas, ou seja, após a Grande Tribulação Cristo vem e estabelece o Reino Milenar (ver Mateus 24: 29-30). (Veremos as Teorias do Arrebatamento Pré-Tribulacional, Meso-Tribulacional e Pós-Tribulacional mais a frente).
 
A Posição
  1. A era da igreja é sucedida da tribulação
  2. Após este período se estabelece o Milênio, neste momento há a ressurreição dos justos que reinarão sobre toda a terra com Cristo fisicamente presente
  3. A expressão Milênio pode ser literal ou não, ou seja, realmente mil anos ou não
  4. Alguns incrédulos poderão se converter no período
  5. Tal será o domínio de justiça de Cristo, que poderá ser o “Novo Céu e a Nova Terra”
  6. Satanás é preso literalmente neste período
  7. No final do período milenar Satanás é solto e une-se aos incrédulos para uma batalha da qual sairá derrotado
  8. Cumprem-se as Alianças com Israel
 
Argumentos Pró Pré-Milenismo
  1. O Pré-Milenismo é mais coerente em seu método de interpretação do que o Pós-milenismo, por exemplo, que é alegórico em relação às profecias. O Pré-milenismo encara tudo sob a ótica literal;
  2. O Pré-Milenismo dá o Status necessário a interpretação profética, evidenciada, sobretudo nos dizeres de Jesus Cristo sobre sua vitória final, cabal, literal (ver pg. 404-405 item C do Pentecost);
  3. A retomada do sistema literal de interpretação bíblica pós-reforma trouxe de volta a força do pré-milenismo;
  4. Há diversas passagens bíblicas indicando um período especial que não se encaixa na era atual nem mesmo no estado final da criação (veja Isaías 11: 6-9 e cap. 65, ou Zacarias 14: 5-17), a passagem indica longevidade e justiça presentes sem, contudo estarmos livres do pecado, dos necessitados e aflitos e da morte (o último inimigo a ser derrotado), ou seja, tais descrições exigem o Milênio literal nos moldes pré-milenistas;
  5. Veja o Salmo 72 indicando um Reino Mundial e envolvente, com certeza não foi o reinado de Davi ou Salomão, será certamente o de Cristo (veja Atos 1: 11 e todo o contexto imediato);
  6. Apocalipse 2.26,27 fala do domínio da igreja sobre as nações;
  7. Coríntios 15.23-25 indica um período entre a ressurreição de Cristo e sua vinda e outro entre sua vinda e o fim, que período seria este? O Milênio;
  8. A atividade restringida de Satanás indica um período diferente do presente;
  9. A expressão “primeira ressurreição” indica pelo menos mais uma;
  10. Não há expressões na Bíblia que indiquem um reinado de Crentes com Cristo sobre a Terra antes das ressurreições, inclusive os crentes são distintos pela “não adoração a Besta” e suportaram a perseguição imposta certamente em um período futuro; 
  11. A Bíblia nos incita ao desejo pela Segunda-Vinda literal como “start-up” de um Reino Milenar (Lucas 17.22),
  12. Responde muito bem ao panorama histórico geral, distinguindo o período da Igreja, todos os eventos do fim, a condição geral da Humanidade, dando sentido também a todas as exortações ao modo de vida da Igreja (“Cristo vem já, mas não agora – Cuidado!”).
  
Argumentos Contra o Pré-Milenismo
  1. Não foi defendido pelos reformadores;
  2. O cumprimento das Alianças cabe muito bem em uma nova ordem das coisas e não necessariamente em um Milênio literal;
  3. Várias profecias supostamente feitas a Israel podem ser interpretadas como “Espirituais”, e expressões como Sião e Jerusalém podem ser empregados noutro sentido não-literal. Veja Isaías 54: 13, Jeremias 3; 16; Mateus 21: 43. Atos 2: 29-36 p. exemplo;
  4. O pré-milenismo é de consideração Sionista, ou seja, exclusivista, um contraponto a universalidade da disposição amorosa de Deus;
  5. O pré-milenismo perdeu sua força no período de Constantino, quando o Império Romano “cristianizou-se”, provando ser uma mera tendência teológica tendendo a se tornar mais forte quando a Igreja de modo geral se torna perseguida ou Relevante;
  6. O Amilenarismo de Agostinho provou-se mais forte no período;
  7. O Apocalipse é figurativo, portanto, alegórico e não podemos supor o Milênio tal qual apresentado pelo Pré-Milenismo;
  8. As promessas feitas aos judeus não são extensivas aos gentios;
  9. Os profetas do Antigo Testamento não enxergavam o futuro como em separado, futuro é apenas futuro, logo as descrições não podem ser facilmente remetidas a um período diferente do nosso, ou seja, o Milênio. Cumprem-se as profecias veterotestamentárias na igreja seja literalmente seja alegoricamente – “Cristo é pastor de um só rebanho”, “os gentios foram enxertados na mesma videira dos judeus” (João 10: 16, Romanos 11: 17) – não há distinção! ;
  10. Tal posição nos força a entender a Igreja como um mistério oculto de séculos ou como um parêntese histórico, que uma vez fechado, Deus retomará a história com Israel conforme fora anteriormente (templo, sacrifício, peregrinação a Jerusalém), seria, portanto um retrocesso, desqualificando a excelência da Revelação Divina em Cristo;
  11. Não podemos supor também que haja alguma distinção qualitativa entre judeus e gentios ainda que possamos admitir uma “ordem de trabalho não priorizante” no método de Cristo, algo que forçosamente temos que admitir para defender o pré-milenismo, corrompendo inclusive a aliança Abraâmica que assegura uma Unidade Universalista em Abraão;
  12. Há afirmações de que o Reino estabelecido posteriormente por Cristo não será visível, mas no interior Ver Lucas 17: 20,21, e que o Reinado final dele trará ordem final a tudo e não periodicamente propondo um reencontro com o mal para a Batalha final;
  13. Parece contradizer o “método” divino de agir admitir um reinado como mão de ferro sobre os impios no período milenar;
  14. É difícil comprovar a necessidade de duas ressurreições.
 
Pastor José Martins Júnior
Novembro de 2005

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7 comentários
  1. Parabéns pelo blog.
    Os dispensacionalistas explicam que será Israel e os gentios, que sobreviverão ás perseguições do anticristo. A igreja estará em estado de glória na nova Jerusalém que via descer.

    Qual é a explicação do pré milenarismo históricos, por favor?

  2. Não é muito diferente porque eles também entendem ser um período onde se cumprem as promessas que, na interpretação deste ponto de vista, seriam exclusivas para Israel. A contraposição seria por um lado uma visão dispensiacionalista (fases distintas) e aliancistas ( gentia e judaica).

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