O CORAÇÃO DO ARTISTA: CONSTRUINDO O CARÁTER DO ARTISTA CRISTÃO

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NOLAND, Rory. O coração do artista: Construindo o caráter do artista cristão. São Paulo: W4 Editora, 2009. Traduzido por Jorge Camargo. Do original The Heart of the Artist – A Character-building Guide for you & your Ministry Team. Michigan: Zondervan, 2002.

Eis aí uma dificuldade que toda igreja pode ter: como lidar com os artistas e as artes na igreja. Aliás, a própria terminologia aqui já é suficiente para criar algumas polêmicas. Artes? Artistas? Na Igreja?

Rory Noland pertence à Willow Creek Community Church, uma mega igreja Americana e que serve de referência para muitas outras igrejas, pastores e ministérios pelo mundo todo. Cuidando deste ministério há mais de 20 anos, ele sequer reserva um capítulo para justificar o uso das palavras artes e artistas, simplesmente as usa. O livro tem caráter devocional e busca trabalhar, sobretudo, a espiritualidade e a vida moral dos artistas da igreja, problema que nos parece fundamental atacar.

Nenhum artista da igreja deve ser colocado em seu posto sem que haja o mínimo de cuidado. Apresentar provas de sua conversão, de seu amor por Cristo e pela igreja e um tempo mínimo de vivência cristã. que inclui a convivência sadia numa comunidade em particular, são apenas alguns dos pontos essenciais. Mesmo em denominações iguais, igrejas em bairros diferentes têm características diferentes. Tanto quanto os outros ministros da igreja, um artista deve saber como a igreja funciona e como pode melhor servi-la. Nenhum líder ou pessoa de destaque pode ter pairando sobre si suspeições ou mesmo fatos comprovadamente comprometedores, sob o risco de prejuízo da comunhão e da seriedade do ministério.

Ministros, artistas e pastores não são estrelas. A música é pródiga na produção de falsas estrelas. Lidar com os sentimentos, com os corações e a alma das pessoas pode ser muito perigoso. Além disto, é claro, de tirar o foco e a atenção de quem realmente importa: o próprio Deus.

Todo artista é membro da comunidade e é comum perceber que muitos vivem à parte do restante da igreja, furtando-se inclusive à obrigação de participar das atividades regulares da igreja e, quando não, prejudicando o bom andamento das atividades, promovendo atividades simultâneas. Antes de tudo, os artistas da igreja são crentes e membros da igreja. Com seu ministério, devem promover o bom andamento, crescimento e desenvolvimento da igreja e de todos os outros ministérios. A exigência de ensaios e de muito estudo não podem ocupar outros espaços.

Mais do que perfeccionismo, que é a perfeição pela perfeição, deve se buscar a excelência, ou seja, fazer bem feito e com fundamento e propósito. É comum que haja disputas na igreja e quebra da comunhão diante da facilidade e desenvoltura de alguns e as limitações e inexperiências de outros. Antes de tudo, precisamos sempre lembrar-nos que somos igreja, e antes de tudo, os relacionamentos humanos e o crescimento mutuo são mais importantes.

Quem não recebe críticas? Quem não vive alguma oposição? Quem não lida com a antipatia de certas pessoas? Por lidar com sentimentos, possuir caraterísticas mais melancólicas, é comum ver artistas que lidam com alguma dificuldade com as oposições, mas não podem enganar-se, elas existem e em algum momento acabarão se manifestando.

Entre os artistas, e demais membros da igreja, é comum surgir inveja e ciúmes, e são sentimentos e pecados difíceis de reconhecer e difíceis de trabalhar. Geralmente, estes sentimentos se manifestam em disputas, brigas, críticas e rompimentos dentro do grupo. Talvez seja este um trabalho importante para pastores e líderes de ministérios artísticos – lidar com o coração dos artistas.

Por este motivo também, lidar com as emoções é fundamental. Há muitas coisas à flor da pele. Esta matéria é tão ampla que mereceria um livro à parte. Conhecer-se, lidar com os próprios defeitos e limitações, saber o momento de aproximar e afastar exigem sabedoria e, também, muita experiência. É um desafio para qualquer um.

Artistas pecam e devem estar sujeitos à mesma disciplina que os outros. Mesmo sofrendo perdas litúrgicas com a possível punição de algum artista ou líder de ministério da igreja, a correção deve vir.

Do mesmo modo, como crentes, deve ter vida devocional, vida de oração, de meditação e de participação ativa na vida da igreja.

O livro é uma clara tentativa de ser exaustivo no que diz respeito à relação e comportamento dos artistas da igreja, ainda que falte um capítulo especifico da relação com os pastores e demais líderes da igreja mais especificamente e a necessidade dos ministérios artísticos estarem em sintonia com a visão da igreja.

Falta também especificar e clarificar a relação dos artistas interativamente com os demais participantes do culto, como o público nos bancos da igreja (coisa que o ministério Vineyad faz com muita ênfase, para isto aconselho DINÂMICA PARA MINISTÉRIOS DE LOUVOR – https://www.youtube.com/watch?v=r7UZ9LVn5c0), ainda que possamos questionar muitas coisas, como por exemplo, os riscos de um destaque muito grande para ações particulares e individuais no culto.

O autor não cita, também, o treinamento para a preparação de novos músicos e artistas da igreja em um programa que incluía ensino, participação com músicos e artistas mais experientes e a inclusão final dos novos artistas na igreja. Falta também uma discussão sobre o dilema do contraste entre o sagrado e profano que rodeia sempre. Ou seja, artistas lidam o tempo todo com o que é santo e profano. Dependendo da postura que assumem e do ambiente onde se encontram, podem edificar ou escandalizar, podem aproximar pessoas ou afastá-las.

É uma leitura muito positiva e o livro tem um viés didático muito claro. Todo início de capítulo apresenta um história que, se não for real, bem poderia ser e muito se assemelha com o que vivemos no dia a dia da igreja. No final do capítulo há questões relevantes a serem respondidas.

Pastor Júnior Martins

Maio de 2016

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