Minha graça te basta?
“A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”
A vontade de crescer, de ter algo, de possuir alguma coisa, de ser melhor pode, em muitos casos, prejudicar bastante a nossa vida. Todo Ser Humano parece ter uma sede natural por vida, por poder, por realização. Este é, com certeza, o grande motivo do progresso, do crescimento, das vitórias e da satisfação humana, quer individual quer coletiva. Por outro lado, esta mesma sede, é causadora de mortes, de problemas diversos, de destruição e mesmo de suicídio. Nos últimos dias estamos vivendo, por exemplo, o grande problema causado pela enchente que parou nossa cidade. Esta enchente só aconteceu porque São Paulo cresceu mais do que podia suportar e, obviamente, cresceu de forma desordenada, sem planejamento. Estamos, infelizmente, pagando o preço. A vontade de crescer acaba se misturando com sentimentos egoístas e gananciosos. Vemos esta mistura multiplicar-se, tornando-se ódio, violência e guerra. Brigas por poder, tão presentes na política de Brasília, para reforçar a afirmação, geram disputas, partidarismos, corrupção, atitudes de máximo irracionalismo – uma podridão vergonhosa!
Hoje ouvimos como pergunta o que Paulo ouviu de Deus como afirmação. Eu vejo muito mais glória em ouvir de Deus uma afirmação desta do que estar vivendo o mesmo de fato. Sabe por que? Explico. Deus olha para Paulo naquele momento e sabe que a única alegria e motivação de vida daquele homem é agradá-lo. Então, com muita tranqüilidade, se vira para aquele homem e diz: “Você já tem tudo que precisa, não me peça mais nada, porque nada que eu acrescente a sua vida poderá ajudá-lo ou fazê-lo mais feliz. Não, não, não (três vezes!) não me peça nada! Eu Sou o teu tesouro, tua bênção, tua porção”. Satisfação em Deus, eis a chave.
A gente se engana achando que pode ser um pouco mais feliz tendo e podendo muitas coisas – bela ilusão! Ouvi um psicólogo muito respeitado, já com idade avançada falando sobre o motivo de nunca ter tido um carro e nem mesmo ter aprendido a dirigir. Ele disse que para ele era impossível de se ver sendo babá de um monte de ferro. Na situação dele parece ter razão. Leva para o banho, troca os “sapatos”, troca o óleo, paga o seguro, paga o pedágio, paga o IPVA, paga o Seguro Obrigatório (este é outro, não é o mesmo de antes), e mais um monte de coisas. É óbvio que o carro e útil e para muitas pessoas é necessário. É para mim, por exemplo, porque dependo dele como trabalho. O que quero então enfatizar é realmente isto, que nossa insatisfação quando saciada gera ainda mais insatisfação gerando um círculo vicioso.
Para cada um de nós deve ficar cada dia mais claro o fato de que só há uma única fonte de prazer e alegrias inesgotáveis e ela se encontra em Jesus Cristo. Paulo em I Coríntios 7 quando fala da brevidade da vida e da importância de amar e obedecer a Deus hoje afirma no v. 30b, 31: “os que compram, como se nada possuíssem, o que usam deste mundo, com se dele não abusassem. Pois a aparência deste mundo passa”. O mesmo afirma em Filipenses 4: 13 o prazer que tinha em ser e não ser, poder e não poder e ter e não ter de modo que tudo para ele estava no fato de que Deus o fortalecia.
Quero deixar aqui um recado bem claro para cada um de nós afim de que nos aperfeiçoemos na vida cristã. Devemos purificar nossos corações da ganância, dos números, do amor ao dinheiro e procurar amar cada vez mais a Deus e aos outros. A graça de Deus deve começar a ser nosso pão e nossa água. Deve nos alegrar mais uma vida de santidade do que uma vida de realizações e posses. Até realizações espirituais devem ser consideradas nada quando temos Jesus Cristo em nossas vidas. Lembra do que Ele disse em Lucas 10: 20-21 aos discípulos quando voltaram maravilhados de poder tantas coisas? Se você não se lembra eu transcrevo aqui para você: “mas não vos alegreis porque os espíritos se vos submetem, alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus”. Não estou pregando a preguiça, antes a satisfação única em Deus.
Vamos, então, avaliar em nossas vidas nossa relação com o dinheiro, nossa relação com o desejo de poder, nossa relação com as imposições sociais como forma de se vestir, onde estar ou não. Avaliemos nossa vida sob a ótica de Jesus que menosprezou o mundo, ainda que fosse dono dele; que não desejou poder, ainda que fosse Deus; que não desejou outra glória senão aquela que se recebe como recompensa pela obediência; que não quis primeiramente ser amado, mas amar.
Deus nos abençoe e que possamos ter a graça de Deus como nossa fonte de vida e alegria.
Pastor José Martins Júnior
Junho de 2005