EU E O PECADO – 1 CORÍNTIOS 5.1-13

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Não leia esta pastoral antes de ler o texto de referência acima. É um texto sobre um momento difícil na vida da Igreja de Corinto e na vida do Apóstolo Paulo. Ainda não conheci ninguém que desejasse passar por uma situação destas, seja pelo lado do Apóstolo, seja pelo lado da igreja, seja pelo lado do pecador.

A verdade é que esta passagem nos ensina sobre as terríveis consequências do pecado na v ida da igreja e dos crentes individualmente. É certo que toda esta história acaba muito bem como podemos ver em II Coríntios. Mas o processo de tratamento foi duríssimo. Paulo pede à igreja que lance o pecador nas mãos de Satanás com o propósito de ser destruído, algo terrível mesmo quando entendemos que o propósito final foi o de preservar a salvação da alma.

Quero pensar nesta passagem de um ponto de mais pessoal a respeito da forma como pensamos sobre o pecado. Lembremos sempre que ele é quem faz separação entre nós e Deus. É ele que destrói nossas vidas e nos põe nas mais variadas adversidades. Não podemos brincar com ele porque ele não vai brincar conosco. Pense comigo.

Pergunte e qualquer pessoa se existe pecadinho ou pecadão, ou seja, se existem pecados que sejam mais ou menos sujos que outros. Todos responderão que não. A verdade é que no fundo no fundo classificamos pecados como piores ou menos piores. Por exemplo, pecados de natureza sexual sempre escandalizam mais, isto, não porque sejam piores que outros, mas porque vivemos uma sociedade lasciva e sensual. Ele é considerado no nosso meio pior do que a fofoca, por exemplo. Menos pessoas se escandalizam ou se afligem por causa de uma fofoca do que por um pecado de adultério, por exemplo. O nosso discurso de que pecado é sempre pecado não se confirma na prática. Portanto, uma primeira coisa que podemos aprender com a passagem é que não importa o pecado, ele deve ser tratado com urgência: ¨um pouco de fermento leveda toda massa¨. Devemos aprender a não por tamanho nos pecados agirmos energicamente contra todos. 

Quando lemos no texto o versículo 6 vemos que há uma porta aberta para o pecado em nossa vida, ou seja, a porta aberta pelo orgulho. O orgulho cria no mínimo duas ilusões bem comuns. A primeira é a de que somos superiores e que o mal que aflige os outros não nos afligirá. O segundo é o de que estamos protegidos a volta de sermos atacados por qualquer mal, como se houvesse um muro nos protegendo. São ilusões, nada mais que ilusões. Quanto antes percebermos que não podemos ser fortes, quanto ao que quer que seja, será melhor. Jesus deixou claro que devíamos vigiar sempre porque o espírito está preparado, mas a carne é fraca.   

Aprendemos que, ainda que o pecado não seja um ser com vontade própria no sentido de operar sua vontade de modo premeditado, a carne, o mundo e Satanás, se valendo do uso dele, querem fazer os crentes iguais ou piores que os do mundo. Leia o versículo 1 quando diz: ¨nem mesmo entre os gentios¨. Quando Jesus afirmou sobre a condição pior das pessoas após conhecer o Evangelho e o abandonar estava falando disto. Simplesmente nos afastar do Caminho de Deus parece pouco para o Inimigo, ele quer nos por em situação de sequer ter coragem de recomeçar. O propósito é o de destruição total.

Outra coisa que podemos perceber em toda situação descrita pelo texto é que o pecado nunca se configura de imediato, ou seja, ele vai tomando forma e ganha seu espaço depois de um tempo. Deus alertou a Caim a respeito disto dizendo que o pecado jazia a sua porta e caberia a ele dominá-lo. A pouca experiência cristã que tenho me provou que ninguém cai da noite para o dia, mas, a queda de alguém se dá por um processo muito lento, mas decisivo. A inquietação do Apóstolo Paulo se deu também porque ¨os de fora¨ também já sabiam do que acontecia com os de dentro, ou seja, uma situação que já se prolongava e piorava com o tempo. Parece até que o rapaz em questão já estava tão envolvido com o seu pecado que estava com o coração cauterizado.

Fica claro também que nunca podemos fazer acordos de natureza alguma com o mundo. A Bíblia é radical neste sentido. Manter aquele rapaz na igreja com seu pecado seria se fazer igual ao mundo. Ainda que o próprio texto fale da impossibilidade de vivermos totalmente isentos do contato com o pecado do mundo, também nos coloca de modo a contrastarmos de modo contundente com ele. Não podemos nos associar com pecadores. Faça coro conosco o Salmo 1 tão conhecido de todos nós.

¨Tirai do vosso meio este iníquo¨, é assim que vai terminando o comentário do Apóstolo Paulo. Assim mostrando que com pecado a tratamento mais indicado é sempre o cirúrgico, ou seja, se não corta não resolve. Muitas vezes tratamos o pecado como um simples mal indesejado quando, na verdade, é um mal destruidor e arrasador de vidas. A Psicologia muitas vezes vê o pecado como um desajuste interno, algo fora do lugar apenas. Na verdade é corpo estranho e alheio. Vejo até em aconselhamentos uns tentando ajudar os outros com o pretexto de que devemos nos aceitar. Como uma doença indesejada assim é o pecado.    

Vemos também que quando Deus nos deu Seu Espírito, colocou dentro de nós um Juiz que condena nossos pecados, ainda que estejam somente na mente e no coração. Quando lemos a respeito da Ceia do Senhor, por exemplo, na mesma carta no capítulo 11, vemos a questão do autoexame até como forma de nos isentarmos da culpa pelo corpo e sangue do Senhor Jesus. Somos pecadores sim, cometemos pecado sim, mas não temos nenhuma liberdade dada por Deus ou qualquer desculpa para pecarmos com ou sem justificativas. Há um tribunal na nossa mente e coração.

É importante também perceber que a igreja deve ser uma rede de ação contra o pecado de seus membros. Sempre alerta para tomar providências de modo rápido e eficiente. Os crentes dão muitos sinais de que as coisas não vão bem. Seja pelo modo como oram, seja por um descontentamento patente aos olhos, ou por meio das palavras como são pronunciadas, seja pela ausência na igreja, seja por um esfriamento ou mesmo por um desânimo aparentemente repentino. Não podemos esquecer também que há muito pecado cometido por ignorância, ou seja, erros cometidos pelos crentes que sequer sabem ser pecado o que fazem, falam ou pensam e precisam ser informados a respeito. Ao perceber coisas como estas devemos nos aproximar e informar sem medo algum.

Precisamos sempre falar do pecado como um mal destruidor e de todas as consequências dele na nossa vida. Não podemos também nos esquecer nunca que a solução para o pecado é só uma: e fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador de nossas vidas. É crer que a morte de Jesus na cruz do calvário é suficiente para me perdoar e purificar. Nosso tempo tem buscado um distanciamento deste tema e não podemos abandoná-lo de forma alguma, pois este tema é essencial para nossa salvação.

Pastor José Martins Júnior

Maio de 2008

 
 
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