“…sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no maligno…”
Gastaremos palavras aos milhões para falar de todo o mal que nos rodeia. Todo este mal é o que a Bíblia chama de mundo, ou seja, contra quem lutamos e de quem tentamos nos defender. Uma das facetas deste tempo é a generalização da mentira e do engano. Tudo parece falso, tudo soa estranho, nada parece se encaixar muito bem. Até mesmo instituições e bens dantes confiáveis hoje se mostram vulneráveis as falhas e ao uso. Veja o caso da aviação, por exemplo.
A verdade é que nunca sabemos de onde vem o mal, nem mesmo como ele se apresentará. Um e-mail, uma carta, um telefonema, uma pessoa nova que encontramos na rua ou na igreja, um anúncio de jornal… ninguém sabe. Estar totalmente atento e desconfiar de tudo, seja oferta grande ou pequena, nos parece a ordem do momento. Que momento triste…
Até pouco tempo atrás ser evangélico, por exemplo, era ser odiado e indesejado de muitos, mas ainda sim, ser uma pessoa confiável. Hoje nem isto nos sobrou. Estou com vergonha de me apresentar com cristão ultimamente e como Pastor ainda mais. Sempre que tenho a oportunidade de apresentar minha fé tenho que gastar um pouco do tempo da conversa ouvindo sobre: “certo crente que conheci e, que se apresentou como evangélico, me fez isto… e isto… e isto… coisas talvez menores como faltar ou se atrasar a um compromisso até mesmo roubar e matar.
A forma como o Evangelho tem sido apresentada favorece isto, ou seja, ser evangélico e prosperar e ter poder e não mais ter caráter e comprometimento.
Poucos meses atrás me ofereceram, numa fila de banco, a oportunidade de transformar a igrejinha do Iporã em uma Mega Instituição Social de Abrangência Mundial (já pensou ser Presidente da MISAM!). Outro dia me enviaram um livro de R$ 25,00 que eu não pedi e que não me interessa, pelo correio para ajudar na gravação de um CD de um grupo que não conheço (já mandei o livro de volta pelo Correio também…) Irmãozinhos bem intencionados me oferecem cartão de crédito pelo Celular constantemente. Vejo, como vocês, promessas constantes na TV a respeito do quanto posso ter e ser, se me ligar a igreja A ou B. Ganhei a pouco tempo atrás um carro zero. Só que eu não estava com boa vontade no dia e não quis ir buscar. Até convidei a Polícia para fazer minha escolta, mas eles estavam de má vontade naquele dia também e acabei ficando sem o carro. A Vera recebeu uma carta de uma causa ganha na Justiça (que não existe e que ela não abriu, em um lugar que nunca fomos e sequer conhecemos), mas também resolvemos não ir atrás. Descobri, por um e-mail que recebi que tenho débitos astronômicos com a operadora de Celular, que pago fielmente em débito automático todo mês.
Querem nosso tempo, querem nossos bens, querem nossa fidelidade, querem nossas almas… Dá para entender direitinho o que quer dizer: “o mundo jaz no maligno…”
A gente se livrar deste tipo de coisa ainda é fácil, basta não dar crédito e deixar para lá. É bom também salientar que todo cristão deve aprender a confiar em Deus e na força do trabalho para ter o que quer e não em soluções milagrosas da noite para o dia. É bom também se contentar com o que tem e aprender a viver de modo mais simples.
Mas, parece cada vez mais difícil tentar convencer os cristãos a não se tornarem daqueles que enganam os outros, mesmo que não haja intenção declarada. Promessas que não se pode cumprir, forçar os outros a pensar como nós, esconder da verdade, manipular situações em nosso favor, ter ideais que coloquem as pessoas do nosso convívio abaixo destes mesmos ideais, desejar o que é do outro, negar o que é do outro por direito, fugir das nossas responsabilidades e de pagar pelos nossos erros. Enfim, uma lista que pode ainda se alongar muito mais, são coisas que não podemos admitir em nós e no nosso meio.
Ser honesto, confiável, correto, pontual, são ainda virtudes cristãs que não podemos abandonar.
Está cada vez mais difícil confiar em quem quer que seja, mas devemos ser pessoas em quem se possa confiar.
Espero que o Senhor te ajude a se livrar destas duas coisas: enganar e ser enganado.
Pastor José Martins Júnior
Agosto de 2007