CPF NA NOTA?

0 Ações
0
0
0

Algumas coisas são muito estranhas. Mais de uma vez me vi nos corredores da igreja, nas casas dos crentes, na porta da igreja, conversando sobre o famoso ¨CPF na nota¨. Aí vem a teoria da conspiração. Mais de um já me disse: ¨O Governo quer vigiar sua vida¨. Vindo de ¨cristãos¨ isso soa muito estranho.

O que a gente tem para esconder? Ora, em tese, e somente em tese, alguém da justiça, da Receita, do Governo, só vai bater na sua porta cobrando alguma coisa se você estiver devendo e não tiver justificado legalmente. Não chegará uma cartinha de cobranças para você se você anda na linha. Vai acontecer algo apenas se você possuir ganhos que não possa justificar de modo legal e honesto, mesmo assim depois de muita comunicação, idas e vindas, papel para lá e para cá. Este já seria um lado que acho bom da burocracia, não pela condição de postergar dívidas, mas de dar chance para defesa, de não punir inocentes e de dar tempo ao devedor de se ajeitar, porque nem todo muito que deve é mau caráter ou bandido.  Caso contrário, deixamos tudo às claras. Certo? Para muitos não. A nota fiscal paulista e a nota fiscal paulistana foram criadas pelo Governo do Estado e da Prefeitura para aumentar a contribuição tributária, diminuir a sonegação de impostos, otimizar o sistema de captação de impostos. Foram criadas se valendo dos meios eletrônicos, que são uma grande vantagem da nossa geração. Fora isto, vale prêmio (já ganhei sorteio de R$ 10,00), ajuda no nosso controle de gastos porque ficam afixados nos portais do Estado e da Prefeitura e podemos ver nossos gastos, de alguma maneira diminui a informalidade e, por consequência, criminalidade e outros males dos quais reclamamos tanto. Contudo não agimos, mesmo quando somos motivados e até pagos.

Outra coisa bem engraçada é a constante reclamação pelo pagamento de impostos. Concordo com todo mundo com as máximas: pagamos impostos muito altos, nossos impostos são mal aplicados, são usados para pagar uma estrutura pública inchada e pouco produtiva, somos saqueados e fraudados via impostos pagos, são usados na corrupção, etc., etc., etc. não foi à toa que criaram o IMPOSTÔMETRO – chega a dar arrepios pelo corpo vendo aqueles números enormes subindo tão rapidamente.  Mas não podemos nos esquecer que eles são parte de nossa contribuição social, parte do controle da corrupção e da fraude, um meio de regular os ganhos, uma forma de equalizar diferenças sociais, uma forma de regular os preços e manter as coisas mais ou menos equilibradas e a competição no mercado o mais justa possível, é parte de nosso trabalho individual pelo interesse coletivo, um forma de bancar os órgãos legisladores, reguladores, executivos, judiciários que trabalham para nós, etc, etc, etc. Impostos são justos.

Primeiro argumento sem a necessidade de muita explicação: Jesus pagou impostos. Dar a César o que é de César e dar a Deus o que é de Deus é conhecido até dos maiores bandidos que conhecemos.

Pagar impostos é uma benção. Aprendi com meu contador que pagar impostos é sinônimo de que as coisas vão bem. Pagamos porque compramos, porque faturamos, porque lucramos. Quanto mais altos os impostos mais ganhos tivemos. Imposto é sempre proporcional ao ganho.

Um argumento que ouvimos desde crianças e nunca aprendemos: ¨se o seu amiguinho pular no precipício você vai pular junto? ¨ Acho que ninguém nunca respondeu esta pergunta, porque a resposta é não. Mas vai ver só vale para o se jogar em precipício porque o resto das coisas errados que os outros fazem, fazemos também. Deixar de pagar pelo mau uso ou pela sonegação de outros não é desculpa que se aceite.

Também sabemos que a Lei serve para quem anda fora dela. Quem anda na lei não precisa se preocupar com ela. Como já sabemos, serve para punir quem anda fora da linha e não para punir quem anda nela.

Todos os argumentos são fracos, e vai um mais ainda, mas que faz sentido: pagar imposto é um mal menor. Imagine se não tivéssemos qualquer tipo de regulação ou se cada um decidisse como fazer sem qualquer controle ou fiscalização? Se as coisas já estão ruins, ficariam ainda piores. Terra de ninguém de verdade.

Para fechar, porque dizemos que nossas vidas são um livro aberto quando não são? Ou tem mais de um livro, o da vida e o fiscal? O da vida eu mostro e o fiscal não?

Eu pago impostos. ¨Senhor, CPF na Nota?¨, ¨Sim, …¨

Pastor José Martins Júnior

Com CPF na nota, por favor!

17 de maio de 2013

0 Ações
1 comentário
  1. Muito interessante. Pagar impostos também é dever cívico.
    Se são justos ou não, se é desperdiçado nos ralos da corrupção ou mal aplicado é tema para outro assunto.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você Também Pode Gostar