ASSASSINOS DE NÓS MESMOS

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Uma verdade difícil de assumir: o quanto nos matamos a cada dia, atentando contra nós mesmos. A morte é um fato inevitável, das únicas que não podemos negar, a única certeza que temos na vida. De um modo geral, a humanidade ainda sonha com a fórmula de perpetuar a juventude e, também, de como vencer a morte ou adiá-la pelo maior tempo possível. Já temos vivendo entre nós crianças que facilmente viverão além dos cem anos de idade, e obviamente, muitas pessoas já tem chegado lá, com qualidade de vida questionável, é verdade, mas tem chegado. Tenho por certo de que a vida do homem se prolongará cada vez mais. O avanço da ciência, a descoberta de cura de várias doenças, a melhoria na qualidade de vida, a conscientização a respeito da saúde, enfim, contribuirão para o prolongamento da vida. Veja, por exemplo, que o mundo “está envelhecendo”. A Bíblia, em Isaías, narra a respeito de um tempo futuro quando “morrer ao cem anos” será morrer ainda bem jovem e como que uma grande desgraça e maldição (Isaías 65: 20).

A morte é algo que vai um pouco além, ou aquém, do cessar o fôlego nesta terra. A Bíblia também admite certo tipo de morte aos que “parecem vivos”. Jesus disse, por exemplo, ao homem que supostamente o seguiria: “deixe que os mortos sepultem seus próprios seus mortos” (Lucas 9: 60). Em Efésios 2: 1, podemos ler assim: “estáveis mortos em vossos delitos e pecados”.  Falando à Igreja de Sardes em Apocalipse 3: 1 Ele disse: “… você tem fama de estar vivo, mas está morto.” Há ainda outros casos, mas estes já são suficientes para ilustrar o que afirmei, ou seja, ainda vivos aqui podemos parecer mortos ou mesmo mortos de fato, de verdade. De alguma forma, este estado de morte tem muito mais haver com a maneira como vivemos e com as coisas que pacatamente, enganosamente, preguiçosamente, aceitamos para nossas vidas.

Cruzamos, a todo tempo, com mortos. Não se assuste com a ideia porque não falo de espíritos e fantasmas. Falo de pessoas que você vê e pode tocar, pessoas com que você conversa e mesmo com quem vive. Esta morte é das piores. Alguns que nem sequer reputamos como doentes quanto mais como mortos. Pessoas bem aparentadas, idealistas e aparentemente engajadas, bastante seguras de si, cheias de boas histórias e experiências, enfim, aparentemente vivas. Pessoas que, no entanto, ocultam a morte em seus pensamentos e corações. Pensamentos e corações que, uma vez que se expressassem verbalmente, revelariam todo o cheiro de morte que os permeia. Quem nunca reparou em alguém no pleno exercício de seus verdadeiros sentimentos e não se assustou. Todos temos um lado sombrio, um lado de morte.

Não quero parecer fatalista, nem mesmo incrédulo quanto ao ser humano, apenas expor um fato. O mais intrigante é que a vida, como disse Jesus, brota do interior do homem (João 7: 38). Ou seja, apesar de todo o nosso esforço pela aparência e pela representação, acabamos percebendo que a vida verdadeira está guardada no nosso coração, que será uma fonte a transbordá-la. De lá também procederá, por sua vez, toda sorte de males e mortes. Mas como é que posso saber que estou atentando contra mim mesmo? Como posso saber que estou mais inclinado para a morte do que para a vida? Como posso saber se sou um vivo ou um morto?

Basicamente, simplesmente, redutivamente, religiosamente, fanaticamente, credulamente, insistentemente, rapidamente, diretamente, corajosamente, cegamente, fielmente falando, a vida começa com a fé em Jesus Cristo como Salvador pessoal, como Filho de Deus, como Ressurreto, como Crucificado pelos pecados pessoais, como a solução única e verdadeira para nós. Por si só esta fé é capaz de produzir vida pelo poder que tem. É óbvio que falo de uma experiência pessoal interior e profunda do homem com Cristo e não, é claro, de uma aceitação religiosa porque, enfim, é “melhor estar na igreja do que no mundo” (a igreja não é simplesmente uma opção melhor…). Esta experiência pessoal é o que te vai dar certa independência do que é externo a você, e “segurar” a pressão interior natural que temos para nos deixar levar pelo próprio coração. Esta vida se manifesta suplantando a morte natural a que todos nós estamos inclinados. Isto ocorre por meio de uma transformação interior, difícil de ser explicada, mas que pode ser sentida e vivida. Falamos de conversão (mudança de direção), falamos de santidade (viver cada vez mais com Deus e para Deus), falamos de tantos outros sentimentos e atitudes próprias.

Se a vida procede “das entranhas” do homem precisamos, por sua vez, conhecer a raiz do coração de cada um. Em outras palavras, quais princípios que de fato nos regem (veja bem, não digo os princípios que, segundo o meio que vivo, são, supostamente, os “bons princípios que devo seguir porque creio”). Você pode, por exemplo, me dizer: “meus valores são construídos nos alicerces firmes do conceito cristão de família” mas, de repente, quando analisada profundamente, sua casa pode ser mais parecida com uma filial do inferno. Portanto, é muito mais o que sou do que pareço ser ou do que quero parecer ser. Muito mais do que faço e transmito do que aquilo que falo e digo que penso. As palavras na boca do homem são pequena parte daquilo que ele é, e por vezes pode ser manipulada e contradizer a verdade do que cada um carrega dentro de si.

Vemos ainda a vida, ou a morte, se manifestando quando estamos acuados, ou seja, no momento em que sofremos uma pressão externa. Muitas vezes as coisas saem do nosso controle, e há como sabemos, muitas coisas que não estão, definitivamente, sob o nosso controle. Não controlamos, por exemplo, (isto se você não for um “bruxo”, ou mesmo senão for Jesus, que conhecia os homens) os pensamentos dos outros. Jesus, como sabemos, perdoou e abençoou seus inimigos na cruz. Naquela hora, ele poderia ter “rogado pragas” terríveis do céu sobre seus algozes, podia te-los matado ( e olha que mereciam!), se tudo isto fosse o desejo do coração dele. Mas não foi assim. Não havia o menor resquício de mágoa ou ódio no coração dele. Naquele momento, se fosse outro o caso, romper-se-iam as barreiras do ódio represado destruindo tudo a sua frente.

Está bem vivo também quem vive como morto. É isto mesmo: “quem vive como morto”. Auto intitular-se vivo cheira a arrogância e presunção. Quem considera com carinho sua condição de “reles mortal”, parece estar bem perto da vida. Este sentimento de que “estou mais vivo que os outros” vai gerando em nós certo sentimento de raça especial, de ser celestial. Já vi muita gente que se esconde atrás de frases como: “sou um filho de Deus”, “sou um cristão”, “sou evangélico” como desculpas para as coisas mais terríveis, ou seja, coisas de mortos. Se, somos quase que ordenados, a entregar a Deus o futuro, reputar, a Ele somente, a glória e a honra pela Salvação, reputemos a Ele e, somente a Ele, o fato de “estarmos vivos”.  A pergunta bem simples para esta observação é a seguinte: Onde estaria e quem seria sem a intervenção de Cristo? Apesar de não acreditar na existência do “se”, porque de fato o “se” não existe mesmo, eu diria: poderia ser rico, poderia ter uma formação diferente e quem sabe melhor, outra família ou ainda, já morto, por conta das drogas ou qualquer outra coisa parecida. No entanto, sei que, se na primeira ou na segunda condição, seria um morto. Seria um sem esperança, um homem sem Salvação. Não conheceria a Jesus e mesmo rico e saudável teria um coração vazio e desesperado. Graças a Deus que o “se” existe apenas por uma condição linguística.

Podemos começar nossos questionamentos existenciais por aí: Creio em Cristo? Tenho vida interior fortalecida? Não sou condicionado facilmente pela morte que vem de fora? Devo minha vida a Deus conscientemente? Espero que você tenha um sim para estas quatro pequenas perguntas porque estarei lidando com um vivo e não com um morto, com um novo-nascido e não com um suicida. Não se permita morrer, não se permita matar.

Pastor José Martins Júnior

Outubro de 2007

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