UMA LIÇÃO MUÇULMANA

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Dia após dia tomamos exemplos de fora da igreja para ver o que seria comum em nós. Assim como parece que o mundo anda tendo mais do que a si mesmo para se espelhar. Você viu o que anda acontecendo no lado oriental do mundo por conta de uma caricatura de Maomé feita por um dinamarquês? Eles são capazes de começar uma guerra por conta disto.

Não bastou a demissão do jornalista que fez aquilo. Não bastaram as prontas desculpas do ministro dinamarquês. Não bastaram as “jogadas” tão próprias dos diplomatas para aplacar a ira dos “fiéis”. Muita lenha vai queimar, muitas armas vão disparar, muitos protestos vão soar por lá. Os protestos são para arrancar desculpas de todos os primeiros-chefes de estado europeus. Será que eles se curvaram diante disto? Sinceramente não sei, nem mesmo faço meus prognósticos. Mas posso extrair várias lições daí como cristão.

Primeiramente, Maomé não é o deus deles, é seu profeta. Fico imaginando se a afronta fosse direta a Alá. Não haveria pedido de desculpas que os segurassem. O mundo seria rachado ao meio sem que houvesse diplomacia que resolvesse.

Segundo que o protesto nunca é solitário. É curioso que sempre falamos nos muçulmanos como “um povo”. É lógico que eles têm seus líderes. Líderes exaltadíssimos, diga-se de passagem. Mas normalmente os citamos como um grande grupo, sem necessariamente uma cara particular, a não ser a cara de “povo”.

Terceiro lugar é o quanto este povo crê no que prega. Chega a dar inveja na gente. E olha que na nossa visão é uma causa “sem eira nem beira”, “sem pé e sem cabeça”. Uma luta cega onde a derrota parece mais provável.

Quarto é que eles não têm medo de encarar seus inimigos e fazer exigências. Parece que ninguém põe medo nesta gente, que mata e morre por sua fé. Até mesmo à distância ficamos temerosos pelo poder que eles ostentam com certa razão.

Façamos um contraste como nosso tempo cristão brasileiro.

Jesus é afrontado diante dos nossos olhos todos os dias. Mas o pior de tudo é afrontado pelos seus seguidores, porque os não-crentes sabem o que é honrar e desonrar a Deus. Negamos a eficácia do seu poder em nós para salvar, curar e perdoar. Negamos-lhe, com o pretexto de que tudo é dele, de tempo, serviço e dinheiro. Associamos o nome dele as coisas mais impróprias daqui debaixo – quem nunca viu ninguém se escondendo atrás do nome de cristão. É um absurdo desprezarmos a fé de outros como falsa quando nossa “verdadeira” fé não nos move do lugar, não move nosso próprio coração, não move nosso bolso de modo algum…

As estrelas no nosso meio se multiplicam. Como já diria a música: “é muita estrela para pouca constelação”, ou ainda o ditado: “muito cacique para pouco índio”. Anonimato, integração, engajamento não nos parecem lá características altruístas. Se pudéssemos, brilharíamos mais do que Jesus. Dá uma olhada na Bíblia o que aconteceu com quem tentou! A simples ideia de pertencer nos apavora. O que é bom de verdade é “possuir” – aí mora o prestígio e a vitória do Cristão.

O Cristianismo por mais que insistam em provar o contrário, tem lógica, tem base, tem fundamento, faz sentido, é real. Vai ver é isso: Uma vez convencidos não temos o que provar, e o próprio ânimo de ser fiel de verdade vai embora. Pode ser!

Quanto se trata de relacionamento com o inimigo a situação é crítica. Na verdade muitos creem que ele sequer existe. Outros vivem como se não existissem. Outros creem que existe, mas não pode fazer nada contra nós. Aquela força para vencê-lo pela fé, derrotá-lo pela oração, expulsá-lo pelo nome de Jesus, fazê-lo afastar-se e fugir de nós – cadê?

Falando deste jeito parece até que estou tentando um proselitismo avesso: fazer cristão bandear para o islamismo. Não me entenda errado. Longe de mim uma coisa como esta. Acontece que lições boas vêm de todos os lados e sempre.

Quero apenas deixar mais esta para você.

Pastor José Martins Júnior

Fevereiro de 2006

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