PÓS-MILENISMO

Em Faculdades e Seminários Teológicos Tradicionais, o curso de Teologia Sistemática possui 4 módulos. Sendo que no quarto módulo se estuda Escatologia (O Fim dos Tempos – para quem tem esta leitura de que haverá um fim). Lecionei esta matéria na Faculdade Teológica Batista Paulistana no segundo semestre de 2005. Abaixo o esboço de uma aula sobre Pós-milenismo que pode ajudar estudantes de Teologia.

PÓS-MILENISNO

1. O Pós-milenismo ganha força nos séculos XVI e XVII
2. Dos nossos teólogos conhecidos podermos destacar Strong
3. É a ideia de que o retorno de Cristo se dará logo após o fim do milênio
4. O Milênio é entendido como sendo o estabelecimento da influência da igreja cristã em todo o mundo
5. O Evangelho ganhará cada vez mais o coração das pessoas, incluindo os judeus, levando o mundo a uma melhoria crescente de qualidade. Tal melhoria jamais vista e vivida, na visão de alguns pós-milenistas, dar-se-á por questões meramente evolucionistas
6. Nega a visão dispensacionalista que faz distinção entre Israel e a Igreja
7. Logo ao final do Milênio veremos a batalha do bem contra o mal e a Grande Tribulação que na verdade, segundo a promessa, será aliviada
8. No fim deste período temos as ressurreições simultâneas
9. O Milênio, logo, é não-literal, ou seja, um período longo apenas sem a presença física de Jesus na Terra
10. Os Pós-Milenistas entendem textos como Mateus 24: 29-31 como simbolismo da vinda de Cristo para o julgamento que será terrível para os incrédulos
11. A volta de Cristo não é Iminente e podemos já estar iniciando o Milênio

Argumentos Pró Pós-Milenismo

1. A pregação do Evangelho tem crescido muito no mundo nos últimos anos, ou seja, o cumprimento da Grande Comissão deverá redundar em maior glória para Cristo aqui na Terra (Mateus 24: 14, 18-20; Marcos 13: 10)
2. A Bíblia nos diz que o Evangelho tomará a Terra trazendo mudanças benéficas radicais (Mateus 13: 31-33)
3. Vemos o mundo convergindo para uma unidade cada vez maior por causa da globalização, por exemplo. Alguns comentaristas mais modernos dizem que a conjuntura mundial atual aponta os mesmos indícios do Primeiro Advento como: moeda unificada, comércio centralizado, língua mundial, governo mundial, etc. Veja hoje a Internet, o Dólar ou o Euro, o Inglês e o Espanhol, quem sabe o Chinês, etc. Obviamente deve-se entender aqui tal afirmação sob um prisma positivo
4. Dá aos crentes a chance e a possibilidade de lutar aguardando o resultado de uma mudança geral no mundo, ou seja, a esperança deixa de se limitar apenas à pós-morte
5. Vemos a ciência se multiplicar e o mundo crescendo economicamente para favorecer o homem
6. A expectativa de vida do homem em todo o mundo tem crescido, mostrando melhoria na qualidade de vida
7. O Pós-Milenismo, portanto, é otimista em relação ao poder do Evangelho
8. A Grande Tribulação haverá, no entanto em menor intensidade do que o merecido, exatamente por causa da Igreja (Mateus 24: 22)

Argumentos Contra o Pós-Milenismo

1. Basear-se na conjuntura Mundial para analisar o Milênio
2. O Milênio indica ser uma obra sobrenatural de Deus na natureza e não o poder natural e humano culminando em benefício mundial de seus próprios esforços, ou seja, não há autorização para crermos em qualquer mudança benéfica substancial na existência humana a despeito da intervenção de Deus
3. A Bíblia parece dar-nos a entender que o Milênio será uma era denotada claramente, como foi o primeiro Advento ou a instituição da Igreja e, não apenas algo que vai se solidificando na era da Igreja, sendo assim apenas algo parte da mesma dispensação
4. Ignorar a Apostasia do final dos tempos, a perseguição dos crentes, de esfriamento da fé, por exemplo, Mateus 24: 6-14; I Tessalonicenses 2: 3-12
5. A Bíblia indica uma mudança cataclísmica antes do fim como demonstração do desagrado de Deus, mostrando uma intensa mudança do mundo para que se solidifique a ocorrência do fim (Mateus 24: 29-31, Hebreus 12: 26-29)
6. Os Pós-Milenistas não explicam como Cristo reinará com seus Santos na Terra, uma vez que a posição fala de Milênio com poder da Igreja
7. As parábolas do fermento e do grão de mostarda não afirmam que o reino cobrirá 100% da terra
8. O progresso Mundial não parece tão evidente nos últimos séculos, na verdade o mundo parece mesmo piorar. A moralidade hoje está relativizada, o pecado ganha a cada dia novas dimensões e a igreja é acuada diante de questões cada vez mais difíceis (homossexualismo, divórcio, etc.)
9. O crescimento dos números de cristãos professos não é necessariamente sinal de avanço do Evangelho porque podemos admitir a existência de “Cristãos Nominais” (Veja Mateus 7: 13-14, Lucas 18: 8)
10. A Bíblia nos diz que tempos antes do fim sobrevirão dias difíceis (2 Timóteo 3: 1-5; Mateus 24: 21-30)
11. O abreviamento dos dias maus não indica que serão dias fáceis, excedendo em muito quaisquer dias passados
12. Não conseguem justificar que passagens que falam do terrível dia do fim seja apenas simbólico tendo eles paralelos claro com o retorno visível de Cristo a Terra, ou seja, há simbolismo e literalismo no mesmo texto (ver também Apocalipse 1: 7, I Tessalonicenses 4: 17)
13. Ignora passagens que dizem que sinais precederão a Segunda Vinda de modo evidente
14. Não explica passagens que fazem distinção entre Israel e a Igreja (Romanos 11, principalmente o v. 25, Veja também Efésios 3: 4-9; Colocasses 1: 27). Paulo parece nos dizer que o mistério oculto de tempos em Cristo é a grande conversão dos gentios, a qual denominamos Igreja. O Pós-milenista, portanto, deve ver na igreja as promessas a Israel.

Pastor José Martins Junior

Agosto de 2005