BEM SUCEDIDO MAS MAL RESOLVIDO

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Como estão muitos jovens na igreja?

Um fenômeno cada vez mais comum na nossa sociedade, sobretudo nas metrópoles e entre os jovens: serem bem sucedidos em seus empregos, carreira, profissão e afins, mas com um vazio enorme no coração, além de crises existenciais, dificuldades de assumir seus valores e identidade. Muitos tem seus carros, motos, dinheiro, podem viajar e tantas outras coisas impensáveis a pessoas de menos de 30 anos de idade há até bem pouco tempo atrás. Temos ainda a pressão cada vez maior pela aparência, pelo status, pelo dinheiro, pelo parecer feliz e, ao mesmo tempo em que muitas coisas são conquistadas do ponto de vista material, cada vez mais cedo as crises existenciais surgem.

Não era tão comum, até bem pouco tempo atrás, tantos jovens com crises e transtornos de humor e de ansiedade, mas mesmo assim gozando de razoável boa aparência. Mas, de onde vem tudo isto?

Sinceramente, cada vez mais somos obrigados a enxergar as coisas de modo multidisciplinar. Não sou especialista em nada e posso dar meus chutes para fora, mas vamos lá.

Primeiramente acho que há uma crise de religiosidade. Ela é absolutamente legítima. A igreja, e entenda aqui por líderes de igreja, respondem perguntas que não são mais feitas, ou seja, há um atraso no comando, um ¨delay¨ na comunicação. Como os jovens são bombardeados por informações, o que nem sempre é bom, possuem suas opiniões e independência. As perguntas feitas hoje em dia têm muito do dia a dia, muito a ver com o que cada um está passando. Se alguém questiona a necessidade que jovens e adolescentes tem de alguém que conheça seu mundo só posso lamentar. Já olhamos para o retrovisor da história das religiões e sabemos que tanto uma postura muito liberal, quanto uma postura fundamentalista, são males da igreja, sobretudo a falta de uma interlocução da religiosidade com a contemporaneidade que a tem transformado cada vez mais em de ¨artigo¨ desnecessário. Tanto que cada vez mais se fala da múltipla pertença, ou seja, pessoas que ¨pertencem¨ a várias comunidades e igrejas porque acham elementos interessantes em cada uma delas sem a necessidade de ter compromisso com nenhuma. Jovens de coração cindido acabam dividindo suas preferências também.

Outra questão importante, que sempre reduzimos ao conceito de pós-modernidade, modernidade avançada, é a relativização dos conceitos e, consequentemente, dos relacionamentos. Claro, já amargamos vários dissabores, vários erros no passado. Conquistamos a individualização, a individuação, a exclusividade, a pessoalidade, a personalidade… O conceito de coletivo ainda é forte e se auto fomenta, mas cada vez mais as pessoas têm seu espaço individual. Celulares, redes sociais, as ONG´s, os guetos sociais, os Flash-Mobs, são manifestações desta individualidade e deste novo formato de coletividade. Há muito mais de positivo do que de negativo nisto tudo. Isto também lança, e aí vai um aspecto negativo, jovens e adolescentes em um redemoinho de possibilidades, onde há opções que são muito mais temporárias, vazias, efêmeras, pouco duradoras e temerárias, do que reais e consistentes. O conceito de ¨ficar¨ é uma manifestação disto, ou seja, com tantas ¨opções no mercado¨ parece loucura nos prendermos a uma só pessoa.  ¨o que faço com meu corpo, meu dia e meu dinheiro, são do foro da minha consciência!¨ – é o que dizem.

A questão é que no fundo, bem no fundo, sabemos que nossos jovens têm consciência, eles sabem que suas decisões podem ser frustradas e mal sucedidas. Sabem que se semearem apenas no que é aparente e não no seu interior, a bomba vai explodir mais dia e menos dia. A pressão que todos sofremos é muito grande. É vergonhoso ser de bom caráter, é vergonhoso deixar oportunidades de se dar bem mesmo que não seja de modo muito honesto, é vergonhoso não esperar grandes coisas da vida, é vergonhoso não se super atarefar com um monte de coisas vazias e inúteis, é vergonhoso gastar seu tempo com a família. Pena não ser vergonhoso ter tanto sucesso, mas estar tão vazio.

PASTOR JOSÉ MARTINS JÚNIOR

06 DE MAIO DE 2013

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3 comentários
  1. O momento que vivemos é um momento de transição, um momento de indefinições, as crises são muitas em todos os sentidos. Afetam grupos e pessoas. Se a gente não aprender a fazer um leitura da nossa realidade de modo mais isento seremos absorvidos como muitos já estão sendo.

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