NAMORO RADICAL

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Gênesis 2.24-25; Marcos 10.8-10; 1 aos Coríntios 7.9, Efésios 5.22-23

 Já estou lidando com jovens e pessoas na igreja há alguns anos e uma questão que sempre traz alguma dúvida, sofrimento, e até dor é aquele que diz respeito ao coração, sobre quem será nossa companheira ou companheiro para sempre. Nos tempos que vivemos, onde as pessoas se mostram autossuficientes, este assunto não perdeu sua importância, pelo contrário, é o preferido e mais inquietante em todas as classes sociais e idades.

Deus foi muito bom comigo, encontrei minha parceira e companheira muito cedo e logo me casei. Fui pai bem cedo também, uma experiência maravilhosa, que só não se repetiu por questões de saúde. Esta precocidade, ainda que conheça casos ainda mais precoces que o meu, contrariou minha família e minha igreja, mas longe de me considerar alguém especial ou com algum chamado especial, vejo hoje claramente a mão de Deus me dando muito cedo coisas tão grandiosas e me ajudando a muito cedo poder servir e não ter mais estas preocupações.

As preocupações dos meus familiares e até da minha igreja era bem claras: que eu estudasse, ajudasse materialmente minha família, adquirisse muitas posses, me estruturasse antes de constituir uma família. Talvez pensassem em como eu seria promissor se o meu futuro andasse segundo o entendimento deles. Nos projetos estava ser físico ou engenheiro mecânico, e tanto quanto sucesso que isto me traria. Mas os planos de Deus para minha ¨carreira¨ eram outros e, no que diz respeito ao coração, também. Mesmo assim, em virtude do próprio casamento, ainda gozei de muitas coisas na área profissional e cresci bastante.

Do mesmo modo que me incomodam as piadas a respeito de sogras, me incomodam também as piadas relacionadas ao casamento e ao relacionamento conjugal. Sabemos que muitas brincadeiras têm um tom ou um quê de verdade. Mas, como disseram, além de verdades, elas também mascaram e escondem alguns medos, preconceitos, mentiras e até laços do Diabo para desviar as pessoas dos planos de Deus.

O primeiro eles é o de que o casamento é o fim da vida, o fim das possibilidades, o fim do aprendizado, o fim das conquistas de natureza intelectual e material. Isto mesmo! Por trás dos comentários e supostos cuidados, jaz esta verdade: Casou? Acabou! Segundo esta tese, aquele que casa não pode mais estudar, não pode mais praticar esportes, não pode mais ter amigos, é de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Fico pensando o que as pessoas se tornam segundo esta visão: mortos vivos? Uma nova existência? Existência morta? E porque adiar o casamento pensando nisto? Para experimentar a vida? Como falo a cristãos fico apavorado em pensar assim, mas é o que insinua. Eu mesmo ouvi este conselho que doeu no meu ouvido: experimente mais! E vejo namoros iniciando e começando a uma velocidade que não consigo mais acompanhar. Mas, adiar para aproveitar o que? Para ir para baladas, viagens sem muito propósito, passeios, restaurantes, consumir, consumir, consumir? Para ter amigos e mais amigos, com se amigos também não nos dessem muitos desgostos e trabalho, e ainda complicassem nossas vidas um pouco mais? Nenhum inimigo nos leva para o mau caminho porque não confiamos neles, quem nos desvia do caminho são nossos amigos e seus conselhos.

O segundo é a idade para se casar. Civilmente, antes dos 16 anos não é permitido. Entre os 16 e 18 com procuração e emancipação dos pais. Na minha época era com 21 anos e esperei para que pudesse casar porque meus pais não permitiram, e não quis me indispor com eles porque o processo de emancipação seria um processo litigioso, Não valia a pena começar assim. Hoje se casa cada vez mais tarde e cada vez menos. Lado a lado com este triste fato, outro grande problema: o aumento no número de divórcios. A própria lei começa a se adaptar para facilitar os processos de divórcio, cada vez mais fáceis, menos custosos e mais rápidos. Existe idade certa para se casar? Não quero nem me arriscar com um número, mas algo me diz que mais cedo seja melhor. Obviamente, estou pensando em um relacionamento abençoado por Deus.  Ninguém está nunca de fato preparado para uma vida a dois. Nem julgo que seja possível este preparo. Vida a dois é construída passo a passo e a dois. Talvez haja algum mérito em relacionamentos mais juvenis, porque podem usar a força que tem para juntos construir suas vidas. Obviamente se não forem atrapalhados por ciúmes, disputas, desconfianças, e toda sorte de sentimento e acontecimentos que podem permear um relacionamento não muito verdadeiro, não muito abençoado e não muito sólido. Descobrir a vida ao lado de alguém com quem se tem compromisso é de fato uma experiência impagável.

A outra questão é o namoro em si. O que seria o namoro? Para que serve? Sempre me incomodei com isto também. A luz da leitura da Bíblia e dos exemplos que tenho, vejo na fase do namoro uma falácia perigosa. ¨Se por acaso não podemos nos segurar, casemos. Melhor que ficar pegando fogo por ai¨. Já sabemos que nosso corpo clama pelo sexo, o que é natural. Obviamente, as pessoas tem fogo em graus diferentes, se assim podemos dizer, mas é um fogo com o qual não podemos brincar. Namoro com beijos, carícias, insinuações? Odores, feromônios, tato, pele? Perdoem-me os que se dizem mais puros, mas não acredito muito em vocês. Relacionamentos que se prologam muito são os mais perigosos. E o contrário também é verdade, já vi pessoas que não mostravam interesse sexual pelo seu namorado, e isto é também muito esquisito. Bom, não dá certo nem de um jeito nem de outro, nem uma coisa nem outra. Como casei cedo escapei destas tentações e problemas. O namoro põe em risco nossa tranquilidade, nos sujeita a sentimentos e coisas da nossa natureza que não podemos e nem temos como controlar. Os impulsos sexuais não são pecaminosos em si, mas podem nos levar a isto. De fato, ainda em tenra idade já sofremos estas pressões e, os que querem se manter puros, acabam sofrendo demais nesta área. Há ainda aqueles casos daqueles que tinham uma vida mais solta no mundo e que quando se convertem, tem ainda mais problemas nesta área.  Não dá para brincar mesmo. Na verdade, acho até injusto usarmos a Bíblia para falar de namoro, porque ela não trata deste invento social novo, mas apenas de noivado e casamento. Pense nisto!

Por outro lado, e acho esta a maior loucura de todas, já me vi sendo obrigado a aconselhar ¨crianças¨ que já passam por situações que nem adultos tem como administrar direito. Crianças com 14, 15, 16 anos de idade, falando de ciúmes, abandono, infidelidade, de dificuldades com sogro e sogra. Espera aí? Parem tudo! Como eu nunca sofri de amor, talvez não seja capaz de avaliar isto, mas não tenho receio de dizer que está errado. Já mandei muita gente brincar de carrinho e de boneca ao invés de ficar preocupado com coisas tão pesadas e difíceis. Sempre tive adolescentes do meu lado, e eu era literal: estudar, brincar, ir para a igreja, aprender música. Estas coisas: apenas muito mais tarde.

Devemos pensar com muito zelo, carinho e calma nesta decisão que é para toda a vida, ou seja, casar, decidir-se cedo com quem ficar para sempre. Vivemos uma crescente distorção da relação a dois. Guardadas as questões culturais e temporais, passamos por um tempo em que os casamentos eram realizados por decisão das famílias, depois pela escolha dos parceiros pelos próprios candidatos, passamos para a existência do namoro como forma do casal se conhecer, vivemos a época do ficar e sabe-se lá o que mais vem por aí. Ou seja, um crescente descomprometimento na relação amorosa e conjugal. Já citei, em outro momento, que no final do século XIX para o início do XX se discutia aqui no Brasil a possibilidade ou não de ceder o divórcio legalmente, hoje já o fazemos sem qualquer vergonha ou pudor. Até entre aqueles que têm o casamento com algo santo, sagrado e eterno (os cristãos) já se torna algo comum – aquele tempo em que um ¨arroz queimado¨ era motivo de divórcio. Aí vemos uma incoerência em nossos conselheiros, porque aquilo a que querem que nos entreguemos, são também decisões para a vida inteira. Como a profissão, por exemplo. Resumindo se não ficou claro.

  1. A gente não pode ficar esperando muito para casar porque nos sujeitamos a coisas perigosas.
  2. Casamento não é fim de linha. Casamento de verdade leva ambos a crescer, viver, construir, aprender, estudar, crescer intelectualmente, materialmente, emocionalmente e espiritualmente.
  3. Namorar, não tendo perspectivas muito claras de casar, é um risco desnecessário e uma desonestidade para a pessoa com quem se namora. Prolongar muito um namoro, nem pensar! As pessoas não falam, mas é sofrimento na certa. Obviamente, falo a cristãos e pessoas sérias com Deus e com os outros.
  4. Acredito que tenhamos condições de tomar decisões para a vida inteira ainda com pouca idade. Decidimo-nos por Cristo para sempre e podemos escolher com quem ficar.

Quero fechar falando de algo que sempre falo em encontros de casais e palestras para família. O relacionamento mais importante, mais profundo sobre a terra é do casamento. Ele envolve tudo: amizade, companheirismo, cumplicidade, sexo, compromisso, alegria, etc. E isto é tão verdade, que Deus usou o casamento para comparar seu relacionamento com a Igreja, escolheu a festa de recepção dos crentes no Céu como uma festa de casamento. Além disto, a Bíblia diz que o amor de Cristo por sua igreja é tal qual o do marido pela esposa e que ambos relacionamentos são espelho um do outro.

Sem julgamentos, sem pressões, mas pensamentos para sua reflexão. Fique claro que para mim casamento é coisa muito séria. E feliz também!

Pastor Junior Martins

Outubro de 2013

Revisado em 07 de junho de 2017

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Dias dos Namorados de 2017.

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