BENDOR-SAMUEL, Paul. A missão invertida: a igreja local e as idas e vindas dos missionários. Voçosa, MG: Editora Ultimato, 2014. 175 p.
O que segue não é uma resenha, mas apenas alguns comentários que parecem pertinentes.
O autor parte da experiência como missionário e com membro de um das mais antigas agencias missionarias do mundo ainda em atividade que é a Interserve. Está se levando em consideração que as mudanças dos paradigmas do mundo oriental e ocidental devem levar as agências missionárias e os missionários a uma mudança de postura também. O foco inicial de missões desde Carey era o ¨ide¨. Nem mesmo a interpretação do texto de Mateus 28 é mais levada em consideração, sendo agora o foco o discipulado e o ensino. Não é uma exegese nova, mas o livro é construído a partir dela. Este paradigma muda o foco do ide para o vinde, segundo o autor, fazendo com que os nativos assumam de alguma forma o processo em seus próprios países, mas parece ignorar que isto é improvável em lugares onde há resistência legal e religiosa ao Evangelho ou em lugares onde o pioneirismo ainda é necessário. Todo primeiro contato é sempre transcultural, chega-se assim, por meio deste argumento, ao lugar correto pelo caminho errado.
O conceito de Missio Dei ainda é muito primário em suas considerações práticas, ou seja, mesmo sendo Missio Dei, ainda se afirma e reafirma o papel do homem e da igreja, incluindo as agências missionárias, de produzir pelo seu bom trabalho, os frutos na vida das comunidades alcançadas. Paulo afirma que o crescimento é dado por Deus, o papel do homem é plantar e regar (1 Co 3.6). Talvez careçamos de mais fé, uma fé ainda mais firme no Deus que está em missão constante.
O capítulo 6 leva em consideração que o maior problema do mundo é a globalização, talvez isto esteja bem encaixado em mente anglo-americanas, mas a realidade do Terceiro Mundo, o Islã, as resistentes cortinas comunistas e socialistas, ainda deve ser levadas em consideração no processo missionário.
A página 84 exibe um conceito a ser avaliado. Há uma ideia de escatologia realizada por meio das ações da igreja e não por uma intervenção meramente divina. Chega a chamar de Nova Ordem Mundial. Seria um problema de tradução? O que esperamos são novos céus e nova terra. Tal ideia está muito alinhada como o perigoso progressismo.
Bons projetos missionários devem levar em consideração a realidade do local e do homem. A página 104 fala da necessidade de deixar de lado o orgulho étnico e o exclusivismo¨, mas deve se supor que isto não vai acontecer. O homem é um problema sempre.
Pr Júnior Martins
Julho de 2017